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E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 4. Recursos Pesqueiros Marinhos
CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA AQUÁTICA DE UMA LAGOA TEMPORÁRIA DO ESTUÁRIO DO RIO ACARAÚ (CE)
Flávio José Ferreira da Silva 1 (flaviopesca@gmail.com), Frederico Moreira Osório 2, Tarcísio Barbosa Lima Júnior 1 e Tito Monteiro da Cruz Lotufo 3
(1. Graduando do Depto. de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Graduando do Depto. de Biologia, Universidade Federal do Ceará - UFC; 3. Prof. Dr. do Depto. de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
Lagoas temporárias são corpos d’água naturalmente formados na planície de inundação dos rios, após o retorno
da água ao final de um período de cheia. Nos rios tropicais, um grande número de peixes e crustáceos invadem
esses ambientes em busca de abrigo e alimentação, mas devido a sua periodicidade acabam ficando presas e são
eliminadas quando as lagoas secam. Essas lagoas funcionam então como “sumidouros” para as populações
naturais. Com o intuito de se conhecer alguns aspectos fundamentais destes sistemas temporários, se procurou
determinar a composição e distribuição da abundância da macrofauna aquática de uma lagoa temporária no
estuário do Rio Acaraú, Ceará, a 245 km de Fortaleza. A lagoa possuía no momento da coleta uma área total de
29.000m2, profundidade média de 50cm e salinidade de 10. A lagoa é margeada principalmente por
coqueiros e vegetação de apicum, distando cerca de 300m da calha do rio.
METODOLOGIA:
Para a realização do trabalho foram efetuadas quatro coletas entre os dias 09 e 20 de julho de 2004, divididas
igualmente em dois períodos, manhã e tarde. As coletas foram feitas por meio de uma tarrafa com área de 14,5
m2, malha de 2,4cm e um peso de 2,5 kg. Os lances eram contados, tendo alcançado uma média de
23 lances/amostragem. O tempo médio gasto em cada coleta foi de cerca de 1 hora. A tarrafa era arremessada
sempre a sotavento, pois do contrário os lances eram prejudicados. Após a captura os animais foram embalados
em sacos plásticos, etiquetados e congelados. Por fim, os indivíduos foram levados ao laboratório, identificados e
tiveram sua biomassa determinada.
RESULTADOS:
Como resultados, foram identificadas 9 espécies de peixes, correspondendo a 81% da biomassa total e 5
espécies de crustáceos com 19% de biomassa total. As espécies de peixes coletadas e suas respectivas
porcentagens de biomassas foram: Oreochromis niloticus (56%), Megalops atlanticus (10%),
Eugerres brasilianus (7%), Mugil curema (3%), Eucinostomus argenteus (2%),
Centropomus parallelus (1%), Cichlasoma bimaculatum (1%), Domitator maculatus (1%)
Centropomus undecimalis (<1%). No que se refere à carcinofauna, os organismos capturados foram:
camarões carídeos, com 12% da biomassa total, braquiúros , com 5% e camarões peneídeos, com 2%. A tilápia
(O. niloticus), uma espécie exótica de água doce, representou sozinha mais da metade da biomassa
capturada, indicando a influência da sua introdução na estrutura da comunidade estuarina. A maior parte das
demais espécies capturadas é considerada habitante transitória dos estuários, à exceção de
Eucinostomus argenteus e Dormitator maculatus que são residentes.
CONCLUSÕES:
Os organismos que mais se destacaram nesse estudo, em termos de biomassa, tem como habitat ambientes de
água doce(Oreochromis niloticus e camarões carídeos). A maior abundância dos organismos dulcícolas
pode estar relacionada à maior influência da água doce nos estuários durante o período chuvoso.
Além disso, os organismos de água doce não estariam adaptados ao ritmo das marés, de maneira que os mesmos
podem ter assim uma probabilidade maior de ficarem aprisionados nas lagoas quando das baixamares.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  estuário; lagoas temporárias; macrofauna.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005