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C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento | ||
INFLUÊNCIA DO PARASITISMO CRÔNICO POR Toxoplasma gondii NO COMPORTAMENTO DE HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS. | ||
Felipe Baggio Vianna 1 (viannafb@yahoo.com.br), Kelly Costa 1, Paulo Vitor da Silva e Souza 1, Leonardo Azevedo da Silva Rosadas 1, Bárbara Cruz Tavares de Macedo Fernandes 1 e Ronald Bastos Freire 1 | ||
(1. Depto. de Biologia Animal, Inst. de Biologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ) | ||
INTRODUÇÃO:
O Toxoplasma gondii é um protozoário parasito intracelular obrigatório que infecta mais de 60% da população brasileira, infecta também grande porcentagem dos mamíferos e potencialmente pode parasitar qualquer cordado. Este protozoário tem uma dependência por purinas, proteínas abundantes em células em mitose. Isso explica sua afinidade por fetos, células lábeis do epitélio intestinal e tem a capacidade de ultrapassar a barreira hemato-cefálica se instalando nas células da neuroglia. Quando a infecção se dá somente nas células da neuroglia temos a chamada infecção crônica, onde uma baixa titulação de anticorpos controla a população parasitária. Esta é a forma mais comum de infecção e é considerada completamente assintomática pelos médicos, mas há muito já se comprovou a hipótese da manipulação parasitária, onde um hospedeiro intermediário infectado de maneira crônica é mais facilmente predado pelo hospedeiro definitivo. As células da neuroglia estão intimamente relacionadas com a fixação e com a manutenção do aprendizado. Por tanto sugerimos que os animais cronicamente infectados tenham uma maior dificuldade no aprendizado que os não infectados, necessitando, desta forma, de maior quantidade de estimulo para aprender. |
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METODOLOGIA:
Quatro camundongos suíços albinos foram infectados: dois machos e duas fêmeas. A infecção foi feita com a cepa ME49 de T. gondii. Esperou-se cerca de três meses para a constatação da infecção crônica. Certificada a cronificação, foi iniciada uma bateria de testes em labirinto de escolha límbica, onde o animal era colocado em uma câmara central e após alguns minutos liberto, podendo escolher entre quatro corredores radiais idênticos que levavam a câmaras com estímulos olfativos diferentes: urinas de gato, camundongo, coelho e ausência de urina. O experimento foi repetido, pela manhã e pela tarde, durante dez dias. Os camundongos tinham cinco minutos para explorar a vontade o labirinto, e o número de escolhas, os tempos de permanência em cada câmara e a ordem das visitas eram anotados. Cada repetição com animais infectados era seguida por outra com camundongos controles de mesmo sexo e idade. Estes dados deram origem a planilhas para cálculo estatístico e elaboração de gráficos. |
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RESULTADOS:
Os animais cronicamente infectados com Toxoplasma gondii apresentaram um comportamento diferente dos controles não infectados. Eles fizeram um número maior de visitas as diferentes câmaras, se mantendo curiosos e investigadores por mais tempo. Estes resultados são demonstrados em cinco gráficos. Um deles relacionando os infectados e os controles com o número médio de visitas totais feitas a todas as câmaras com os estímulos olfativos, e outros quatro gráficos, sendo um relativo a cada uma das quatro câmaras. Em todos os casos o número de visitas feitas pelos animais cronicamente infectados foi significativamente superior. |
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CONCLUSÕES:
O parasitismo é uma relação na qual um organismo parasito toma para si recursos de um hospedeiro, que sempre sai prejudicado uma vez que é desfalcado em seus recursos metabólicos. Como o Toxoplasma gondii na forma crônica de sua infecção parasita células da neuroglia, estas tem seu metabolismo prejudicado e acabam realizando suas atividades com deficiência. Uma vez que as células da neuroglia são responsáveis pelas conexões neurais que fixam as informações acreditamos que os animais cronicamente infectados por Toxoplasma gondii tem uma dificuldade no aprendizado. Por este motivo acreditamos que os camundongos S.W. (suíço albino) infectados se mantiveram mais ativos durante a exploração do labirinto. Eles precisaram de maior quantidade de estímulos para memorizar o labirinto e se desinteressar por ele. Desta forma, a toxoplasmose crônica pode prejudicar no processo de aprendizado de todas as inúmeras espécies em que se formam cistos cerebrais. E mais uma vez, lembramos que cerca de 60% da população. |
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Instituição de fomento: FAPERJ e CNPq | ||
Palavras-chave: Toxoplasma gondii; hipótese da manipulação; aprendizado. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |