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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 5. Odontologia Social e Preventiva | ||
NÍVEIS DE pH ORAL AO LONGO DO DIA EM MULHERES JOVENS E IDOSAS: UM ESTUDO PILOTO | ||
JÚLIO CÉSAR MATIAS DE SOUZA 1 (juliocmatias@hotmail.com), ROBERTO TIAGO ALVES PINHEIRO 1, CANDICE DE FREITAS REGO BEZERRA 1, JOSÉ FERREIRA LIMA JUNIOR 1, LIZA BARRETO VIEIRA 1 e CAROLINA VIRGÍNIA MACEDO DE AZEVEDO 1 | ||
(1. Depto. de Odontologia Preventiva e Social, Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
Durante a evolução os organismos mais adaptados foram aqueles que conseguiram acompanhar e expressar suas mudanças periódicas e regulares, caracterizadas, por exemplo, pelo ciclo dia/noite, marés, fases da lua e estações do ano. A organização temporal da matéria viva, expressa através de ritmos biológicos, é objeto de estudo da Cronobiologia. Tais ritmos são oscilações regulares de variáveis biológicas que se caracterizam pelo reaparecimento periódico, em intervalos regulares, dos eventos bioquímicos, fisiológicos e comportamentais. Na cavidade bucal, o estudo das variações rítmicas contribui como fonte de informação para a Odontologia. A existência de ritmos significa que em certos momentos do dia os indivíduos estão mais predispostos às doenças orais, fator importante na profilaxia. Conhecer esse comportamento em relação ao tempo das variáveis na boca ajuda na escolha de métodos e horários para procedimentos odontológicos, conferindo resultados mais satisfatórios. Oscilações dos níveis de pH podem causar cárie ou cálculo dentário. Para evitar variações bruscas de pH no meio interno oral, o homem possui substâncias reguladoras chamadas tampões. Face ao exposto, desenvolveu-se um estudo piloto para avaliar a variação do pH salivar sob o ponto de vista cronobiológico, objetivando verificar suas variações nos diversos momentos do dia, em pessoas jovens e idosas, utilizando o ritmo da temperatura como referência. |
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METODOLOGIA:
A amostra foi de oito indivíduos do sexo feminino divididos em dois grupos. Um com quatro voluntárias com idade de 21 anos e outro com faixa etária entre 65 e 82 anos. A sincronização dos indivíduos foi avaliada através do ciclo sono/vigília e do ritmo da temperatura. Para avaliação do ciclo sono-vigília foram entregues às participantes três tipos de fichas. Uma com o diário de sono, onde foram anotados a qualidade e a hora de início e término da fase de sono de cada dia do experimento. Outra que serviu para obtenção de informações a respeito da saúde e hábitos das participantes e um terceiro para determinação do cronotipo. A coleta foi realizada durante os dias úteis da semana. Sobre a temperatura, foram realizadas quatro coletas diárias, nos horários das 8, 11, 14 e 17 horas, compreendendo um total de 12 medidas. A medição do pH foi realizada logo após a medida da temperatura, obedecendo os mesmos horários. Para tanto, os indivíduos receberam fitas indicadoras de pH com variação possível entre 0 e 14 em números inteiros. No caso da temperatura, os valores horários foram comparados através da ANOVA e do teste de Tukey (p<0,05). Com relação aos valores horários de pH, foram comparados entre as duas faixas etárias através da ANOVA (p<0,05). Os horários de acordar, dormir e a duração do sono foram comparados entre as duas faixas etárias através da ANOVA (p<0,05). Para avaliação dos resultados utilizou-se índice de significância de 5%. |
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RESULTADOS:
O grupo da terceira idade apresentou o hábito de acordar mais cedo que o outro grupo, tendo diferença estatisticamente significativa entre eles (p=0,0028). As jovens demonstraram o hábito de dormir mais tarde que o grupo de terceira idade, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,1247). Os dois grupos apresentaram médias de duração da fase de sono semelhantes, tendo sido encontrada a média de 7h 23min ± 2h 9min no período de duração do sono para todas as participantes. Para ambos os grupos, a qualidade de sono semelhante (p=0,3751) durante o experimento. O sono foi considerado com a qualidade de “Muito Bom” em 53,1% das respostas e como “Bom” em 21,8%. Quanto ao cronotipo, todo o grupo da terceira idade teve seu cronotipo classificado como matutino, ao passo que no outro grupo, duas foram classificadas como indiferente, uma como moderadamente matutina e uma moderadamente vespertina. Na primeira medição feita às 8h, a temperatura apresentou a menor média, aumentando com o avançar do tempo, obtendo valor médio máximo na última medição, às 17h. A média dos níveis de pH foi de 7,8±0,4 para o grupo de faixa etária jovem e de 7,1±0,5 para o outro; obtendo-se como média geral 7,4±0,6. Observou-se que os valores do pH foram menores no grupo de terceira idade do que no outro (ANOVA p<0,05). Quanto às médias diárias, os níveis de pH são bastante irregulares no grupo das idosas, com médias bem distintas, o que não ocorre com o outro grupo (Tukey, p<0,05). |
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CONCLUSÕES:
Neste experimento, não foi encontrada variação dos níveis do pH oral em relação às horas do dia, mas existiu uma diferença desses níveis entre os indivíduos jovens e idosos. Pode ser observada também uma variação significativa de indivíduo para indivíduo dos níveis de pH, particularmente dentro do grupo de mulheres idosas. Estas apresentaram uma média mais baixa e irregular dos níveis de pH e temperatura, possivelmente relacionadas a alterações nas funções fisiológicas e na expressão da ritimicidade biológica que é observada em tal faixa etária. A menor média do pH poderia afetar o ritmo circadiano do fluxo salivar, influenciando a capacidade tampão e, conseqüentemente, os níveis de pH oral, apontando para a necessidade de avaliar a função de tamponamento salivar nestes indivíduos ao longo do dia. |
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Palavras-chave: Cronobiologia; pH; ritmos biológicos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |