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G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil | ||
MARANHÃO E SUAS TENTATIVAS DE DEFINIÇÃO | ||
Paulo Roberto Pereira Câmara 1 (paulcamara@zipmail.com.br), José dos Santos Ramlho Júnior 1, Renato Kerly Marques Silva 2 e Ariel Tavares Pereira 1 | ||
(1. Depto. de História, Universidade Federal do Maranhão - UFMA; 2. Depto. de Letras, Universidade Federal do Maranhão - UFMA) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem por objetivo, analisar as formas pelas quais tentou-se ao longo da história definir o Maranhão. Levando em consideração as peculiaridades do povo e de sua cultura. Portanto, lançaremos luz sobre representações semióticas, literárias, históricas, sociológicas do Estado, buscando compreender de que forma foram engendradas essas representações e se as mesmas encontram respaldo no imaginário popular. O ato de definir é algo imanente ao processo de construção de identidade cultural de determinado povo, sua Literatura, História e símbolos são elementos que denotam essa prática. O Maranhão registrou algumas tentativas de ser definido, dentre as quais escolheu-se trabalhar o ‘Sermão da Quinta Dominga da Quaresma’ do Padre Antônio Vieira, onde acima de todos os traços dessa terra a característica que se eleva dentre as outras é a mentira, segundo Vieira, “No Maranhão até o sol e os céus mentem”; a ‘Antologia poética’ de Nauro Machado , que dentre outras intuições que o mesmo faz do Maranhão encontramos o verso lapidar “o Maranhão, nem sim nem não, quase de quases” e por último a obra ‘A Fundação Francesa de São Luís e seus mitos’ da historiadora Maria de Lourdes Lacroix que define o Maranhão como a “terra do já foi”. |
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METODOLOGIA:
Pesquisa bibliográfica e análise semiótica de símbolos oficiais do Estado do Maranhão, tais como a bandeira e o mapa, buscando explicitar os seus significados relacionando-os a sua formação cultural. Com base em uma literatura comparada, utilizando o Sermão da Quinta Dominga da Quaresma do Padre Antonio Viera (1998), a Antologia poética de Nauro Machado (2000) e a obra historiográfica A Fundação Francesa de São Luís e seus mitos (2001). |
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RESULTADOS:
A análise do material pesquisado possibilitou algumas considerações, tais como: as referidas definições apresentadas na introdução deste trabalho não são de conhecimento da maioria da população, posto que as definições de MACHADO (2000) e LACROIX (2001) devido à própria contemporaneidade encontram resistência da população e dos estudiosos. Por outro lado, a definição de VIEIRA (1998) embora presente no imaginário popular, não é tida como legítima, pelo contrário, é negada. Estas definições do Maranhão/Mentira opõe-se à idéia de exaltação do povo que são reforçadas pelos símbolos do Estado, em especial no Hino que descreve o Maranhão como um “berço de heróis”; valoriza “as glórias do passado” e profetiza um futuro de glórias, já a bandeira do Estado ( idealizada pelo poeta maranhense Sousândrade) sugere uma harmonia entre as raças que aqui vivem, entretanto essa ‘harmonia’ é incapaz de integrá-las, já que cada uma delas tem seu espaço delimitado na configuração da bandeira, o que possivelmente representaria também uma delimitação do espaço social dessas raças. |
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CONCLUSÕES:
A investigação dos materiais levantados permite concluir que as tentativas de dar uma definição ao Maranhão, de encerrar em um único período, verso ou epígrafe toda a diversidade humana e a complexidade cultural do Estado, foi uma constante ao longo de sua história. Tais definições foram produzidas tanto por filhos do Maranhão como o poeta Nauro Machado, quanto por pessoas que vieram de longe, de outros países, como o padre Vieira. São tanto de origem colonial, como a definição de Vieira, quanto contemporâneas, a exemplo de Machado e Lacroix. As definições ou representações do Maranhão independentemente de serem de domínio popular, existem, ou melhor, coexistem. Outrossim, possibilitam um olhar próprio, interno e também externo do processo de construção identitária maranhense. |
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Palavras-chave: História do Maranhão; Identidade Cultural; Símbolos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |