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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
ANÁLISE TOXICOLÓGICA PARCIAL DE UMA FRAÇÃO PROTÉICA DO LÁTEX DE Calotropis procera
Valéria Cavalcanti de Aguiar 1, Ana Alice da Silva Xavier 1, Michael Will de Lima 2, Rodney Oliveira Mesquita 2, Jéssica Maria Silva Sousa 1, Nylane Maria Nunes Alencar 2 e Márcio Viana Ramos 1
(1. Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará – UFC; 2. Depto. de Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal do Ceará – UFC)
INTRODUÇÃO:
Muitas plantas têm sido usadas pela medicina popular como possíveis fontes de benefícios mesmo sem o pleno conhecimento de seus princípios ativos e efeitos adversos. Exemplo disso são as plantas lactíferas, cujas partes vegetativas e extratos têm sido usados empiricamente no combate de muitas enfermidades. Há relatos da população do uso do látex da planta Calotropis procera devido a sua atividade analgésica e potencial antiinflamatório. Entretanto há relatos científicos sobre severos efeitos toxicológicos relacionados ao uso do látex de Calotropis procera. Neste trabalho, uma fração do látex, onde foi verificado a ocorrência das atividades antiinflamatória e analgésica, foi avaliada quanto a alguns aspectos toxicológicos.
METODOLOGIA:
O látex foi diluído em água destilada (1:2 v/v), centrifugado e o sobrenadante foi dialisado. O material retido na diálise foi novamente centrifugado e o novo sobrenadante foi diluído (1:2 v/v) e usado no experimento com ratos Wistar fêmeas divididos em grupo não-tratado e grupo tratado. O grupo tratado foi desafiado a beber as proteínas retidas na diálise do látex de Calotropis procera. As amostras de látex foram preparadas e renovadas duas vezes ao dia. Todos os ratos foram submetidos a jejum aproximadamente 16 h antes de cada coleta de sangue realizada a cada sete dias até o trigésimo quinto dia quando os animais foram sacrificados. Os soros dos animais (por grupo/por dia) foram submetidos à Cromatografia de Exclusão Molecular em coluna PD-10 para recuperar frações livres de sal. Este material liofilizado foi submetido à análise em SDS-PAGE. Os ratos também foram pesados individualmente nas mesmas ocasiões. Quando sacrificados os animais tiveram seus órgãos internos (fígado, rins, baço, intestino delgado, intestino grosso, pâncreas e estômago) pesados individualmente para a obtenção do peso fresco relativo de cada órgão e comparados com os do grupo controle. Os resultados foram expressos como médias + e.p.m., foram analisados pelo Teste-t de Student não-pareado através do GraphPad Prism Software versão 2.0.
RESULTADOS:
O padrão protéico eletroforético dos soros dos animais não-tratados e tratados exibiu um perfil bastante similar. Os animais que receberam proteínas do látex não apresentaram qualquer alteração visível em comportamento. Não houve morte e em ambos os grupos de ratos houve aumento de peso ao longo do período experimental, mas não houve diferença estatística no ganho de peso entre os grupos, demonstrando que a ingestão das proteínas do látex não foi deletéria para os animais. Não houve diferença estatística significante entre os pesos frescos relativos dos órgãos analisados no experimento ao final do período experimental e nenhuma patologia foi observada pela análise macroscópica dos órgãos.
CONCLUSÕES:
Como conclusão, verificou-se que a fração rica em proteínas e desprovida de borracha do látex de Calotropis procera não mostrou efeitos toxicológicos detectáveis em animais experimentais, os quais receberam 2mg.ml-1 desta fração por 35 dias, continuamente. Neste contexto, é possível que diversos dos efeitos tóxicos observados no látex de Calotropis procera estejam associados à sua fração rica em borracha ou moléculas de baixo peso molecular que foram excluídas da amostra avaliada neste experimento. Estes dados suportam a potencialidade do látex como fonte de atividades biológicas relevantes que podem ser extraídas e separadas de outras moléculas potencialmente tóxicas, como descrito na literatura.
Instituição de fomento: CNPq/PADCT, FUNCAP e IFS.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Calotropis procera; Fração protéica; Toxicologia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005