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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil | ||
EPIDEMIOLOGIA REPRODUTIVA DAS PUÉRPERAS DE BAIXA RENDA DE JOÃO PESSOA - PB | ||
Eline Elke Freitas Soares Cavalcanti 1 (elinelke@hotmail.com) e Henrique Gil da Silva Nunesmaia 1 | ||
(1. Departamento Materno Infantil, Universidade Federal da Paraíba - UFPB) | ||
INTRODUÇÃO:
A reprodução é influenciada por múltiplos fatores, desde as de natureza biológica até as características sociais e econômicas da população; portanto, faz-se necessário o conhecimento das diversas variáveis reprodutivas visando tomar medidas médico-preventivas para uma atitude mais consciente por parte da população em sua vida reprodutiva. A mobilidade conjugal se apresenta como uma tendência do país, onde 25% das famílias são monoparentais, o que significa em quase sua totalidade dirigida por mulheres, surgindo como possibilidades reprodutivas a poligamia e produção independente. No Brasil, a partir desse período, com o advento dos métodos contraceptivos observou-se a diminuição do número de filhos. Este declínio é notório em todas as faixas etárias de mulheres em idade fértil, com exceção da faixa entre 15 e 19 anos, na qual é alta a incidência de recorrência de uma nova gestação ainda na adolescência. A gestação nessa fase da vida não implica necessariamente em alto risco obstétrico, uma vez que o risco gestacional está relacionado a aspectos clínicos, obstétricos e sócio-econômicos. Em meio a essa realidade, é imprescindível a disponibilidade de dados sobre a epidemiologia reprodutiva das mulheres, tanto em nível regional quanto nacional, para um melhor planejamento familiar, quanto à prole, em número e época adequada. |
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METODOLOGIA:
A amostra foi constituída de 1000 puérperas, sendo 373 adolescentes e 627 adultas, internadas na Maternidade Cândida Vargas, João Pessoa - PB. Os dados foram obtidos prospectivamente; o método de averiguação utilizado foi aplicação de questionário específico realizado por pesquisador único e previamente treinado, utilizando a técnica de entrevista, de modo anônimo e voluntário. As variáveis pesquisadas foram: número de filhos; tipo de produto gestacional (aborto induzido ou espontâneo, neomorto e natimorto) da gestação atual e de gestações anteriores; a ocorrência de poligamia genética; ou seja, ter filhos com diferentes cônjuges ao longo da vida reprodutiva, podendo ou não ser simultaneamente e não é necessário que seja em série, casamento consangüíneo, pai assumido, gravidez não planejada e produção independente; a recorrência de gravidez na adolescência. Os dados foram analisados pela estatística descritiva e inferencial (teste Z para proporções) e tabulados em planilhas no Programa Excel. |
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RESULTADOS:
Predominou entre as puérperas aquelas que tinham apenas um filho (46,8%), sendo 25,4% adolescentes e 21,4% adultas. As adolescentes obtiveram como produto gestacional nativivos em 90,2% dos casos e o aborto espontâneo foi referido por 8,0% destas, entre as adultas 82,4% tiveram nativivos e 15,2% aborto espontâneo. Nas gestações anteriores, as puérperas referiram que durante a adolescência 12,1% tiveram pelo menos um aborto espontâneo, 0,7% aborto induzido, 1,1% neomorto e 1,3% natimorto; durante a vida adulta 16,5% tiveram pelo menos um aborto espontâneo, 1% aborto induzido, 1,4% neomorto e 1,5% natimorto. A recorrência da gravidez na adolescência foi observada em 28,4% das entrevistadas, sendo que 60,6% destas tiveram apenas uma recorrência, 27,8% duas recorrências, 11,6% três ou mais. A poligamia foi constatada em 182 puérperas, sendo 19% destas adolescentes; a produção independente foi relatada por 48 puérperas, 44% eram adolescentes. O pai assumiu a criança em 89,5% das gravidezes, e 644 mulheres não planejaram a gravidez, esse fato ocorreu em 40% das adolescentes. O casamento consangüíneo esteve presente em 3,6% das entrevistadas. |
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CONCLUSÕES:
Os resultados da presente pesquisa demonstraram uma mudança no comportamento reprodutivo tradicional, observado pelo elevado número de poligamia, produção independente e redução do número de filhos. Essas mudanças ainda não produzem alterações significativas nos indicadores de saúde reprodutiva, tais como taxa de aborto, natimortalidade e neomortalidade. A gravidez na adolescência teve alta incidência e recorrência, mas seu aparecimento não provocou o aumento da perda gestacional. A gravidez não planejada também foi muito freqüente (64,4%), assim como o número de casamentos consangüíneos (3,6%) foi superior ao esperado na população em geral. Comparando os resultados obtidos entre adolescentes e adultas demonstraram diferenças significativas, sendo superior nas adultas, em relação à poligamia genética (Z=2,33;p=0,02) e à gravidez não planejada (Z=4,7171;p<0,001). Quanto ao produto gestacional analisando-se entre adolescentes e adultas, mesmo o aborto espontâneo que teve uma proporção maior nas puérperas adultas (15,2%) não houve diferenças estatisticamente importantes (Z=1,1544;p>0,10. O número de filhos que as adolescentes possuíam era inferior ao das adultas e o casamento consangüíneo, presença de pai assumido e produção independente não apresentou discrepância entre as dois grupos etários. |
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Instituição de fomento: CNPq/PIBIC/UFPB | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Saúde Reprodutiva; Gravidez na adolescência; Planejamento Familiar. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |