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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
O ESNINO NA PERSPECTIVA DO GRADUANDO DE EDUCAÇÃO FÍSICA: CONFLITOS, MEDOS E DESAFIOS
Cristina Novikoff 2 (mithi.koff@quick.com.br) e Míriam Paúra Zippin Grinspun 1
(1. Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ; 2. Prog. de Psic. da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP)
INTRODUÇÃO:
As reflexões acerca das relações estabelecidas pelos alunos dos cursos de educação física com foco na licenciatura emergem, justamente, da prática docente da autora junto aos graduandos - futuros professores. Percebe-se que na construção dos seus conhecimentos, os graduandos já desenham a identidade do professor e da própria educação ancorados em normas, valores e imagens do contexto social, configurando representações sociais. Tais configurações revelam os conflitos, medos e desafios que os graduandos se põem no decorrer de sua trajetória acadêmica desaguando na vida profissional. Neste ponto surge a interrogação sobre o instituído como função da profissão de professor e do entendimento de como o próprio professor concebe esta. Se, como tarefa, missão, função, ou como outra coisa. Buscou-se, então, compreender a estreita relação entre conceituação e o posicionamento perante a ação de ensinar. Daí a pertinência e relevância social desta pesquisa que apresenta o valor do ensino superior como processo de ação e reflexão na tentativa de possibilitar a aprendizagem promovedora da autonomia, enquanto mobilização de forças internas e externas para o enfrentamento da vida profissional e social solidária.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi pautada na sua abrangência na qualitativa e, no que se refere a perspectiva teórica foi embasada pela representação social (Moscovici, 2003), ou seja, preocupou-se em compreender a construção dos conhecimentos, analisando seu impacto nas práticas profissionais e sociais Assim sendo, a pesquisa foi dividida em dois momentos distintos. O primeiro consistiu em aplicar um desenho da situação de ensino-aprendizagem em um grupo de 14 (catorze) alunos de uma turma com dificuldades de desenvolvimento teórico do curso de educação física com foco na licenciatura. A consigna foi para a realização de um desenho que representasse a sala de aula; elegesse um titulo para o desenho; e se escolhesse três palavras associadas o termo ensino. A segunda etapa aplicada ao mesmo grupo consistiu em uma dinâmica de validação do desenho pelos pares onde, o outro, além de verificar o desenho, descreveu oralmente, a impressão que teve frente ao desenho do colega. Os desenhos e as falas foram categorizados a posterior, gerando categorias sociais do pensamento.
RESULTADOS:
Na leitura dos dados coletados encontrou-se 57% dos alunos do sexo masculino e 43% do sexo feminino. Ambos os grupos em idade entre 20 a 24 anos de idade, representando 82%. Os desenhos foram tratados nas categorias por quantidade e qualidade da iconografia, focando diversidade de elementos, estética e traço gráfico. Tratou-se a associação de palavras por meio da aproximação da freqüência com a ordem de evocação das palavras pelo método EVOC (Abric, 1996). As palavras das dinâmicas sofreram análise de discurso pautada em Bardin (1997). Enfim, descreveu-se as palavras evocadas descrevendo a forma de organização das representações sociais para o termo “ensinar” e, os atributos que delinearam quatro categorias de imagens abrangendo tanto aspectos gnosiológicos quanto afetivos, sociais e materiais mas, todos de natureza sociais. Em todas emergem as categorias de conhecimento científico e a de senso comum. A categoria de valores de senso comum são as mais identificadas como sendo de maior valia tanto no teste de associação livre de palavras quanto na dinâmica de grupo com procedimento de entrevista de grupo focal.
CONCLUSÕES:
O conhecimento expresso nessas categorizações assinala o valor denominado objetivo ou tangível, ou seja, dizem dos valores a serem aplicados na prática do dia-a-dia de sala de aula, onde os valores sociais referente as relações sociais pesam mais na escolha de definições, conceitos e práticas do graduando. Noutras palavras, refletem as imagens e as ações materiais ligadas ao fazer imediato, submetendo a racionalidade cognitivo-instrumental dada no e pelo coletivo/ grupo. Essa categoria expressa os conhecimentos subjetivos ou inteligíveis, que tratam dos valores pessoais/singular, e incluem as questões éticas, apontando a racionalidade moral-prática. Talvez, a necessidade de pertença seja um dos maiores entraves em relação à postura científica que o ensino superior exige e que em instituições privadas pouco é dado valor. Outra possível análise é de que há uma forte tendência dos graduandos a reproduzirem o conhecimento de forma mimética sem reflexão, negando a sua própria autonomia frente à instituição e ao grupo. Fica mais uma vez explícita a presença da heteronímia nos graduandos que delegam os seus saberes ao outro, aqui, ao professor. Em síntese, a cultura institucional e seu imaginário social instituído gera representações sociais sustentadas na própria cultura pedagógica e institucional de ensino superior, onde quem tem conhecimento é o professor e ao aluno cabe ou é mais importante a relação social – amizade.
Instituição de fomento: Centro Universitário de Volta Redonda / UNIFOA
Palavras-chave:  Representações Sociais; Ensino - Valores; Imaginário Social Instituinte.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005