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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
IDENTIDADES TERRITORIAIS: A PRODUÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES REGIONAIS NO ESPAÇO JUCURUTUENSE/RN
Marcos Antônio Alves de Araújo 1 (marcoserido@yahoo.com.br) e Ione Rodrigues Diniz Morais 2
(1. Departamento de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN; 2. Departamento de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN)
INTRODUÇÃO:
As identidades territoriais, como produtos sócio-discursivos, perpassam em todos os âmbitos das ciências sociais, sendo uma das categorias de perscrutação da Ciência Geográfica. Partindo da perspectiva de que as identidades territoriais surgem no momento em que os atores sociais incorporam um sentimento de pertença a determinados recônditos espaciais e reafirmam os discursos identitários que se consubstanciam em um dado recorte cartográfico - região -, procuramos compreender e concomitantemente analisar os processos de construção histórica das identidades regionais dos moradores do Município de Jucurutu/RN. Este município, até 1989, quando houve a reorganização regional oficializada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estava enxertado na Microrregião do Seridó norte-rio-grandense e ulterior a esta reconfiguração regional, passou a ocupar as circunscrições espaciais da Microrregião do Vale do Açu.
METODOLOGIA:
A compreensão das identidades territoriais implica, mormente, em um mergulho num campo simbólico e imagético, extraindo deste “cosmo” os códigos culturais responsáveis pela “fecundação” dos signos, imagens e conseqüentemente das representações identitárias. Neste sentido, lançamos nossos olhares para o espaço jucurutuense a fim de desvendarmos, por meio dos discursos ecoados, dos saberes e fazeres e das ações e/ou práticas desenvolvidas, as identidades dos protagonistas sociais que cotidianamente contracenam um espetáculo regional de construção, reconstrução e ressignificação dos sistemas identitários. Assim, percorrendo as veredas desse espaço e auferindo os relatos dos habitantes, problematizamos a trama territorial a partir das urdiduras teórico-metodológicas, tecidas no âmbito desta pesquisa e inspirada nas leituras, reflexões e diálogos com os diversos catedráticos das ciências sociais, especificamente: Paul Claval, Rogério Haesbaert, Stuart Hall, Ione Morais, Peter Berger e Thomas Luckmann.
RESULTADOS:
A partir das pesquisas etnográficas realizadas com os diversos segmentos da sociedade jucurutuense – atores sociais com faixa etária acima dos quinze anos de idade – constatamos através dos discursos proferidos, um percentual de 6% dos agentes sociais que se identificam e tecem laços de afetividade com o Vale do Açu. Entretanto, 94% dos jucurutuenses veiculam através de ações e dizeres sentimentos de pertença com a região seridoense. Destarte, apesar de descortinarmos no espaço jucurutuense um grupo social, embora ínfimo, erigindo identidades com o Vale do Açu, pode-se destacar que, indubitavelmente, os protagonistas da peça no cenário jucurutuense vem reafirmando uma identidade sócio-discursiva com a Região do Seridó, valorizando os códigos culturais e entrelaçando uma tessitura composta de tradições, símbolos, imagens, saberes e fazeres oriundos do espaço seridoense e laçado por uma urdidura imagética/identitária.
CONCLUSÕES:
Analisadas como sistemas complexos e passíveis de mudanças às identidades são, no decorrer do tempo, construídas, reconstruídas, ressignificadas e metamorfizadas em um âmbito social. Nesta perspectiva, os processos identitários que se configuram no território jucurutuense, foram historicamente construídos por meio das reafirmações dos discursos polifônicos ecoados pelos próprios agentes sociais. Assim, o cotidiano dessa comunidade fora “tatuado” de práticas culturais, refletidas e condicionados pelo imaginário seridoense. Posterior a reconfiguração regional estabelecida pelo IBGE, a população aperfeiçoou seus mecanismos e/ou ferramentas discursivas de confecção da identidade seridoense. Quanto aos sentimentos identitários com o Vale do Açu, embora pouco representativo, decorre do fato de as sociedades estarem sempre em mutação, permitindo o surgimento de “novas” identidades, que ora mitigam-se, ora reinterpretam-se.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Identidade; Cultura; Território.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005