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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
UMA PESQUISA COMPARATIVA ENTRE AS ATITUDES DE ESTUDANTES DAS ÁREAS BIOMÉDICA E HUMANA, QUANTO AS TERAPIAS COM CÉLULAS-TRONCO
Tatiana Lopes de Andrade e Silva 1 (tatianalopes2004@ig.com.br), João Paulo Nogueira de Noronha 1, Leonardo de Miranda Ferreira 1, Lígia dos Santos Ferreira 1, Michelly Cunha Oliveira dos Santos 1, Renata Fontinhas Pacheco 1, Lívia Maria Almeida de Melo 1, Marcelo Ferreira Quirino 1, Nilma Figueiredo de Almeida 2 e Cláudio de São Thiago Cavas 2
(1. Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; 2. Departamento de Psicometria, Instituto de Psicologia - UFRJ)
INTRODUÇÃO:
As células-tronco vêm sendo objeto de intensas pesquisas atualmente. Elas podem substituir células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes. Além disso, elas servem como células substitutas em tecidos lesionados ou doentes, como nos casos de Alzheimer e Parkinson. Os estudos recentes mostram resultados que parecem muito promissores. As pesquisas com células-tronco converteram-se em objeto de leis, fonte de promessas terapêuticas e motivo para guerra de patentes. A possibilidade de consegui-las a partir de embriões, lança o problema ético de utilizar vidas humanas como simples instrumentos. Esta polêmica agita a opinião pública. Existe uma autorização para o uso de células-tronco retiradas do sangue, do cordão umbilical e da placenta. Porém, no caso das células-tronco retiradas de embriões (clonagem terapêutica) a questão gira em torno da legitimidade para permissão de pesquisas que implicariam na perda de embrião. O objetivo deste estudo é investigar se há diferença no grau de favorabilidade frente às pesquisas e terapias com células-tronco (especificamente as embrionárias) entre estudantes das áreas Biomédica e Humana. Contudo, este estudo poderá contribuir para o processo de legalização e desenvolvimento das terapias com células-tronco; servindo de componente para se fortalecer uma tomada de decisão com relação ao assunto.
METODOLOGIA:
De modo a avaliar a diferença de atitude entre os estudantes das áreas Biomédica e Humana com relação pesquisas e terapias com células-tronco, foi elaborada uma escala de atitude. A escala foi composta em sua forma piloto por 40 afirmativas, sendo 20 favoráveis ao tratamento com células-tronco e 20 desfavoráveis. Para cada afirmativa, existem cinco opções de resposta: a) concordo plenamente (CP); b) concordo (C); c) não tenho opinião (NTO); d) discordo (D) e e) discordo plenamente (DP). Para as afirmativas que são favoráveis, são atribuídos 5 pontos para cada CP, 4 pontos para C, 3 pontos para NTO, 2 pontos para D e 1 ponto para DP. Para as afirmativas desfavoráveis, a pontuação é feita no sentido inverso. As afirmativas foram selecionadas pelo método de Likert, tendo em sua forma final 24 afirmativas; que foram aplicadas em 30 estudantes universitários dos cursos de Ciências Biológicas e Medicina da UNI-RIO, e 30 estudantes universitários dos cursos de Ciências Sociais e Psicologia da UFRJ – de diferentes períodos, na faixa etária de 17 a 29 anos e de religião católica não praticante. O tratamento estatístico utilizado, para testar a diferença entre as médias dos dois grupos, foi o teste t de STUDENT para duas amostras independentes.
RESULTADOS:
A média das notas globais obtidas pelos 30 alunos da área de humanas é inferior à média aritmética das notas globais dos 30 alunos da área biomédica. A média aritmética dos escores obtidos na escala de atitude (na forma definitiva) pelo grupo de alunos da área biomédica, foi igual a 95. Sendo o desvio padrão encontrado, igual a 9,82. Os alunos da área de humanas obtiveram 79,2 de média aritmética e 14,69 de desvio-padrão. O valor de t encontrado foi igual à 4,88, tanto para o teste unicaudal como para o bicaudal; ao nível de significância de 0,05. O que evidencia a existência de uma diferença significativa entre as médias dos dois grupos; sendo a média do grupo da área Biomédica (X=95) superior à média do grupo da área humana (X=79,2).
CONCLUSÕES:
Os resultados encontrados na presente pesquisa indicaram que a área de conhecimento e o desconhecimento do assunto foram os fatores dentre os examinados, que provocaram diferenças significativas entre o grupo de biomédicas e humanas. A análise dos resultados permite concluir que os estudantes da área Biomédica são mais favoráveis à realização de pesquisas envolvendo células tronco, que os estudantes da área humana. Os estudantes da área Biomédica, por terem maior informação sobre o assunto, voltados mais especificamente para a cura ou prevenção como fim, revelam atitudes mais favoráveis à realização deste tipo de pesquisa; enquanto os da área humana, por terem ligação com a questão comportamental, conseqüências sociais e éticas, mostram-se mais cautelosos quanto às utilizações das células-tronco, conferindo-lhes menor grau de aceitabilidade.
Instituição de fomento: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Palavras-chave:  células-tronco; escala de Likert; atitude.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005