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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
AS DIFICULDADES DO ENSINO DE FÍSICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Francisléia Vieira Vidal 1 (francisleia2004@yahoo.com.br), Ciro Lino Bellan 1 e José Roberto Tagliati 1
(1. Departamento de Física, Universidade Federal de Juiz de Fora)
INTRODUÇÃO:
Com a recente mobilização da população e das autoridades para a inclusão social, nos deparamos infelizmente com a falta de preparo e infra-estrutura das escolas no que concerne ao acolhimento de alunos com deficiência visual. Isto se torna mais grave quando nos referimos às matérias de cunho prático, uma vez que os professores não estão preparados e nem dispõe de recursos didáticos e pedagógicos específicos para estas disciplinas, tal como Física, dificultando o processo de ensino-aprendizagem desses alunos em questão. Vemos também que a sociedade ainda tem maior preocupação com a reabilitação física do deficiente visual sem se preocupar com os aspectos emocionais e cognitivos destes indivíduos. O verdadeiro trabalho de integração consiste em criar situações estruturadas, que favoreçam a vivência de experiências significativas, fortalecendo a alto-imagem e ensinando o aluno a lidar com os seus próprios limites e frustrações. Acreditamos que, com a inclusão social dos deficientes visuais, a escola promove trocas enriquecedoras para toda a equipe escolar, a qual inclui os alunos e suas famílias. Para que isso ocorra, o educador deve saber como o educando percebe, age, pensa, fala e sente, para que juntos possam traçar uma diretriz de ação. Objetivamos fazer um levantamento do que está sendo feito nas escolas da rede pública de Juiz de Fora e Petrópolis para promover a efetiva integração social dos deficientes visuais.
METODOLOGIA:
Sabemos que o deficiente visual percebe a realidade que está à sua volta através do tato, paladar, cheiro e audição, ficando de certa forma limitado em sua compreensão do mundo pela falta de visão. Tendo em vista que ele cria uma maneira própria de ter contato com o mundo que o cerca e conseqüentemente de compreendê-lo, maneira esta que devemos procurar entender para nos prepararmos melhor a fim de orientá-lo no processo de ensino-aprendizagem, fomos a campo percorrer os lugares onde eles freqüentam e onde passam para se locomover até as escolas, e fomos até as suas salas de aulas para fazermos um levantamento de toda a problemática do ensino para deficientes visuais. Através de entrevistas feitas com alunos com deficiência visual e com vários professores da rede pública de Juiz de Fora e Petrópolis, pudemos fazer um levantamento das principais necessidades dos deficientes visuais e dos problemas enfrentados pelos professores ao tentar promover sua integração social.
RESULTADOS:
Pudemos perceber que a escola como está estruturada atualmente no que se diz respeito à integração social, deixa muito a desejar. Para adequá-la a essa linha de pensamento integralista, vários problemas deverão ser solucionados. Um dos problemas que nos deparamos inicialmente, é a super lotação das salas de aula, o que gera muito barulho e dificulta a audição do aluno com deficiência visual, dificultando, portanto, o aprendizado do mesmo. Uma solução seria diminuir o número de alunos por turma, mas infelizmente devido à realidade de nossas escolas sabemos que isto na maioria das vezes não será possível. Alem disso, será que o ritmo escolar seria mantido ao fazer a integração?
A falta de recursos didáticos específicos talvez seria o maior dos problemas enfrentados tanto pelos professores quanto pelos alunos com deficiência visual. Este é um problema sério, pois abrange a falta de pesquisas pedagógicas que propiciem o desenvolvimento de material didático para o ensino dos conteúdos físicos. Como ensinar, por exemplo, a um deficiente visual o espectro eletromagnético? Quais os recursos didáticos que o professor deveria lançar mão para promover tal aprendizado? Estes recursos existem? Podemos generalizar este problema da falta de recursos didático-pedagógicos para o ensino de ciências em geral, abrangendo principalmente as ciências exatas tais como matemática e química.
CONCLUSÕES:
Para conhecer o deficiente visual, seus interesses, conhecimentos e suas habilidades, é necessário que o educador acompanhe o trajeto percorrido pelo seu corpo, prestando atenção ao referencial perceptual que ele irá relevar, que não é o da visão. Partindo dos caminhos perceptuais dos deficientes visuais, o educador pode oferecer-lhes oportunidades para entrarem em contato com novos objetos, pessoas, situações, fazendo com que eles adquiram uma visão de mundo mais aguçada, que lhes facilite seu convívio na sociedade.
A falta de preparação dos professores, em vários casos devida apenas à falta de interesse do próprio professor em se preparar para receber em sua sala de aula alunos com deficiência visual, aliada à falta de recursos didático-pedagógicos, nos sugere a seguinte pergunta: Nossas escolas têm condições para promover a inclusão social em questão? A resposta nos parece bem óbvia depois de analisarmos as entrevistas feitas, não. As escolas da rede pública não só não têm condições de absorver alunos com deficiência visual como também não têm recursos para investirem na adequação à nova ordem de inclusão social. Tanto o material necessário, como livros em Braille, por exemplo, quanto à capacitação de todos os professores da rede pública requerem um altíssimo investimento, infelizmente as políticas educacionais do governo vigente não apontam no sentido de se fazer tais investimentos.
Palavras-chave:  Deficiência Visual; Física; Inclusão Social.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005