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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências | ||
AVALIAÇÃO DOS INGRESSOS NO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA: OPÇÃO PELA CARREIRA OU FACILIDADE NO INGRESSO? | ||
Edemar Benedetti Filho 1 (edemarfilho@yahoo.com.br), Antonio Rogério Fiorucci 1, Allana dos Santos 1, Tiago Andrade Chimenez 1, Keurison Figueiredo Magalhães 1 e Márcia Silva de Oliveira 1 | ||
(1. Depto. de Química, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS) | ||
INTRODUÇÃO:
O Ensino de Química é tradicionalmente relatado como uma disciplina que não reflete um entusiasmo aos alunos do Ensino Médio, existindo vários motivos para este panorama, tais como: falta de laboratórios nas escolas, pequeno material bibliográfico adequado à realidade brasileira, texto com pouca contextualização, forma tradicional de ensino, etc. Porém, um ponto a ser relatado é a evasão da sala de aula nestas disciplinas, onde muitas vezes, o aluno passa quase todo o tempo conversando com colegas ao invés de dedicar-se ao ensino em questão. Ocorre, até nas universidades que oferecem a Graduação em Química, um alto índice de evasão escolar. A evasão universitária vem se impondo, ao longo dos anos, com uma realidade cada vez mais ostensiva no âmbito do ensino superior, principalmente nos cursos de Ciências. Porém, sempre ocorrem ingressos nos Cursos de Química, o que reflete o seguinte questionamento: opção pela carreira ou pela facilidade de ingresso? O objetivo deste trabalho é verificar junto aos ingressos no Curso de Licenciatura em Química no período vespertino e noturno da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, seu perfil e os motivos da opção pelo Curso de Química, avaliando as evasões existentes. |
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METODOLOGIA:
Para o presente trabalho foi elaborado um questionário em forma de teste apresentando um perfil dos acadêmicos ingressos no ano de 2005 no Curso de Licenciatura em Química da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, da Unidade de Dourados no período vespertino e noturno. As questões refletem as informações sobre química vivenciada nos anos de Ensino Médio e a relação da disciplina na opção para prestar o vestibular para o Curso de Química. O questionário verifica a idade, a formação pública ou particular, o número de exames vestibulares prestados, a possível continuidade na opção para Pós-Graduação, exercer o magistério ou praticar a pesquisa, possível incentivo à bolsa de Pesquisa ou Extensão, utilização de laboratórios no Ensino Médio, mercado de trabalho, etc. Após a aplicação dos questionários, realizou-se um tratamento estatístico dos resultados obtidos avaliando o perfil dos ingressos. |
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RESULTADOS:
Foram entrevistados 58 acadêmicos ingressos, os quais 33 são do sexo feminino e 25 masculino. A faixa etária está entre 17 e 35 anos, com 37,9% para 17 anos e 22,4% para 18 anos. 96,6% freqüentaram ensino médio público e apenas 3,45% particular. Observou-se que 53,4% dos ingressos já prestaram outro vestibular, de outro curso, em anos anteriores e que 46,6% estão prestando pela primeira vez. Nenhum candidato afirmou ter prestado Química anteriormente. Nas entrevistas, discutindo sobre a carreira de Química, 58,6% pretendem continuar com os estudos e seguir a Pós-Graduação até atingirem o título de Doutor, confirmando os 67,2% sentirem vontade de realizar pesquisas na universidade. Apesar do Curso prestado no vestibular ser na área de Licenciatura, somente 32,8% pretender seguir a carreira e tornar-se professore no Ensino Médio. 43,1% descreveram que as disciplinas mais difíceis no Ensino Médio foram da área de exatas, e que este fator não foi decisivo para a escolha pelo vestibular. 89,7% dos acadêmicos não tiveram aulas de experimentais no Ensino Médio, e descreveram que uma disciplina de experimental poderia ajudar na escola de Cursos de Exatas. Cerca de 53,4% dos acadêmicos não optaram de imediato pela Química, e inclusive 63,8% prestaram o vestibular pela baixa concorrência oferecida pelo Curso. Existem 6 acadêmicos que pretendem prestar novo vestibular no final do ano, demonstrando o desinteresse pelo Curso. |
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CONCLUSÕES:
A escolha por uma carreira profissional é uma tarefa árdua e difícil de concluir, pois muitas vezes ocorrem pressões familiares nesta decisão. Mas uma opção por Cursos justamente pela baixa concorrência do vestibular caminha para sua futura desistência e tem-se um desgaste psicológico muito grande neste processo. Os que finalizam tem um alto preço pago pela obtenção do diploma, muitas vezes sem motivação para o mercado de trabalho. Em Cursos de Ciências Exatas em âmbito geral, evidenciou este processo de escolha, apontando para um alto índice de evasão já nos primeiros anos iniciais. No Curso de Licenciatura em Química da UEMS, não é diferente, os ingressos prestaram pelo baixo número de candidatos e não pela carreira, o que demonstrou que a grande maioria desconhece as funções de Licenciado e Químico no mercado de trabalho, contribuindo assim pela desistência do Curso. Em trabalho futuro deverá iniciar um período de palestras, seminários e mini-cursos para alunos do Ensino Médio, visando desmistificar a Química no mercado de trabalho, tanto para a Licenciatura ou outro cargo. |
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Palavras-chave: Evasão escolar; Vestibular; Mercado de trabalho. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |