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F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Documentação e Informação Científica - 1. Documentação e Informação Científica | ||
INFORMAÇÕES E MEMÓRIAS DE PRISIONEIROS POLÍTICOS PÓS - 1964. | ||
Maria Fernanda Magalhães Scelza 1 (mf_scelza@terra.com.br) e Icléia Thiesen 2 | ||
(1. Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO; 2. Profa. Dra. do Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO) | ||
INTRODUÇÃO:
A História do Tempo Presente tem muitos de seus fatos e informações omitidos no intuito de salvaguardar os interesses do próprio Estado e/ ou interesses de particulares. Com o regime militar não seria diferente. Uma das características dos regimes totalitários é a utilização da prática da censura com o objetivo de encobrir abusos e métodos discutíveis para a obtenção de informações. Como resultado, criou-se uma espécie de memória subversiva, que se restringe aos que vivenciaram episódios relacionados ao período. Os atores desta história foram silenciados por uma História Oficial, que bloqueia informações, memórias e imagens sobre as prisões, torturas e o espaço que reproduz tais práticas, gerando o seu esquecimento, num evidente processo seletivo. O tema abordado trata do imaginário dos presos políticos do regime ditatorial brasileiro. É ponto de partida para o estudo das impressões sobre a época, procurando reconstruir pontos obscuros na historiografia do período. O interesse no tema se justifica pela constatação de que, em entrevistas anteriormente feitas com participantes do movimento de resistência à ditadura, aspectos informacionais sobre o acontecimento passavam ao largo ou eram rapidamente tratados pelos entrevistados. Além disso, existe uma oferta de material disponível tratando do regime de forma genérica, mas poucos são os que se aprofundam em acontecimentos específicos, trabalhando diretamente com o olhar dos agentes do movimento. |
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METODOLOGIA:
A utilização da História Oral fez-se imprescindível dentro do processo de reconstrução do imaginário prisional dos anos do regime militar. Entrevistamos alguns atores sociais do período, focando a reconstituição do Espaço Prisional com o qual os mesmos tiveram contato e foram marcados pela experiência prisional e a memória carceral. Os depoimentos foram gravados em fita cassete, prevalecendo o local de escolha dos entrevistados. Constam nas entrevistas relatos sobre a infância dos entrevistados, a relação com as respectivas famílias, o momento em que aderem aos movimentos de resistência à ditadura militar, o convívio na prisão e a ida/ volta do exílio. Além disso, utilizamos fontes primárias de arquivos e artigos jornalísticos sobre o momento retratado, no sentido de contextualizar o período e o próprio episódio. |
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RESULTADOS:
A pesquisa reconstruiu fragmentos de uma memória subterrânea, mas ainda viva, bem como os fatos que a cercam e, com isso, foi possível reconstituir e analisar as imagens da clausura a partir dos relatos dos atores sociais deste período, levando em consideração o local onde eram alojados esses prisioneiros, suas condições, as ações sofridas por eles e suas relações com o sistema carcerário e os outros detentos. Informações fixadas na memória desses personagens trazem ainda as marcas de clausura e a dor da tortura sofrida que, ao que parece, nunca se apagam. |
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CONCLUSÕES:
Foi possível, através da pesquisa desenvolvida, abrir caminhos para estudos futuros, no sentido de propiciar auxílio na reconstrução das memórias dos atores sociais e divulgá-las para a sociedade, impedindo o esquecimento de tais fatos. Analisando as imagens da clausura foi possível ampliar os enfoques dados aos estudos sobre o regime militar brasileiro, preenchendo lacunas existentes quanto às prisões e os procedimentos utilizados no sistema prisional. A grande quantidade de detalhes obtidos reafirma a utilização de tortura física e psicológica em larga escala, aumentando o sofrimento dos agentes sociais envolvidos no acontecimento. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Memória; Espaço Prisional; Golpe 1964. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |