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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação | ||
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ACERCA DE SAÚDE: CORPOREIDADE PARA UM NOVO ENSINO-APRENDIZAGEM | ||
Cristina Novikoff 1, 2 (mithi.koff@quick.com.br) e Gabriela Neiva 2 | ||
(1. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP; 2. Centro Universitário de Volta Redonda - UNIFOA) | ||
INTRODUÇÃO:
As imagens e sentido de corporeidade vêm configurando as representações sociais de saúde do homem moderno e, em especial, dos adolescentes que se encontram em plena transformação psicossocial e biofisiológica. A densa trama de elementos simbólicos e conceituais vividos nas aulas de educação física contribuem para essa configuração acerca de saúde. Tais elementos dados pelo e no imaginário social instituinte nem sempre é perceptível, mas se expressão ao reproduzir estereótipos e preconceitos na relação corporeidade e saúde, resultando em uma ação problemática na atitude frente à saúde. Uma conseqüência da distorção da representação de saúde desvinculada do sentido de corporeidade se revela no significativo número de pesquisas e levantamentos estatísticos que apontam para um aumento progressivo do número de jovens sedentários. Assim sendo, o risco de desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas como doença coronariana, hipertensão arterial sistêmica, obesidade, diabetes melito tipo II, entre outras vêm comprometendo a saúde pública, a sociedade e a nação. Daí investigar e divulgar a natureza e a origem do entendimento de saúde para os adolescentes a partir do olhar das aulas de educação física e sua relação com o sentido de corporeidade. O objetivo desta investigação foi identificar as representações sociais acerca de saúde como contribuição para as discussões sobre a corporeidade e as práticas discursivas nas aulas de Educação Física desde o ensino fundamental. |
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METODOLOGIA:
A pesquisa em tela foi desenvolvida no município de Volta Redonda em 2004. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva de campo focando a teoria das Representações Sociais de Moscovici (2003). Os sujeitos desta investigação foram alunos da 8ª série de 3 (três) escolas da rede Municipal. Aplicou-se 83 (oitenta e três) questionários semi-estruturados e testes de associação livre de palavras pautado nos estudos de ABRIC (1998). O primeiro teste consistiu em apresentar, aos alunos, uma palavra indutora “Saúde”, solicitando que produzissem 5 palavras ou expressões ou adjetivos que lhes viessem à cabeça a partir dela, e, indicassem a mais significativa. O questionário foi elaborado com questões etnográficas e de identificação de palavras que pudessem remeter a palavra saúde. Tais instrumentos deram uma quantidade significativa de palavras que geraram categorias molares passíveis de análise de conteúdo, segundo Bardin (1977). Também, foram observadas algumas aulas de educação física, seus aspectos técnicos e pedagógicos em relação à corporeidade, linguagem utilizada por alunos e professores. Na reunião de todo o material simbólico a respeito do tema, as autoras, geraram categorias de valores que configuraram as representações sociais sobre saúde para alunos do ensino fundamental e de seu contexto, considerando a implicação que o pensamento individual e social se remetem e se modificam mutuamente. |
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RESULTADOS:
A coleta de dados revelou que 53,6% dos alunos representam o sexo feminino e 46,4% o masculino; ambos em idade entre 14 a 16 anos, representando 64% da população. Tais dados não apresentaram uma diferença significativa das representações sociais acerca de saúde entre os sexos. O teste EVOC foi tratado por meio da aproximação da freqüência com a ordem de evocação das palavras (415 termos). Tal procedimento permitiu descrever sinteticamente, a forma de organização das representações sociais dos adolescentes sobre saúde. Os termos evocados nos testes possibilitaram delinear duas categorias de representações sociais para o termo “saúde”. Assim sendo, as categorias sociais de pensamento dadas pelos termos ou palavras encerraram os aspectos da saúde em dois níveis de evocação de palavras. O primeiro foi norteado pelo maior número de freqüência e de evocação de palavras, indicando o núcleo central destacando o termo “medicina”. Já o segundo termo que apareceu nos quadrantes mais periféricos do teste EVOC foi o termo “esporte”. Os conhecimentos expressos nessas categorias assinalaram primeiramente, que o valor mais indicado para o termo saúde corresponde ao âmbito médico e, os valores mais discretos para o termo saúde correspondem ao âmbito esportivo. |
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CONCLUSÕES:
Os valores dados pelos alunos ao termo “saúde” expressaram os discursos midiáticos, onde a saúde é percebida como sendo objeto somente da medicina. Noutras palavras, os valores encontrados refletem os objetos materiais ligados ao consumo / utilidade, como medicina, alimentação e cuidado dentro do núcleo central. Já as palavras que remetem aos objetos de relação como alegria, exercício e importante, se encontram na segunda ordem de categorias mais periféricas, se submetendo a racionalidade afetiva. As análises dos dados permitiram a compreensão da imagem de corporeidade desatrelada da idéia de saúde e de esporte, pois não aparecem termos relativos ao corpo. Os possíveis entraves em relação ao sentido de corporeidade desde seu conceito a sua aplicação podem ser deduzidos dos testes e análises que indicaram a forte tendência dos alunos a reproduzirem o conhecimento da mídia do que seja saúde e pouco valor é dado ao esporte e as atividades das aulas de educação física como fonte de saúde. É nítida a presença dos significados e sentidos de corporeidade como elemento subordinado a medicina e não a educação física. O conteúdo e o papel das representações sociais identificadas nesta investigação reacende a discussão do lugar e do espaço da educação física. Enfim, pode-se assinalar que sem uma definição do campo da educação física ficará difícil estabelecer uma imagem desta profissão e de seus objetos e fenômenos. O caminho a percorrer na busca de uma identidade da saúde como forma de corporeidade e como objeto da educação física desde o ensino fundamental é nosso maior desafio. |
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Instituição de fomento: Centro Universitário de Volta Redonda / UNIFOA | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Representações Sociais; Corporeidade; Saúde. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |