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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
UTILIZAÇÃO DO EXTRATO DE RABANETE COMO MOTIVADOR PARA O INTERESSE PELA CIÊNCIA
Edemar Benedetti Filho 1 (edemarfilho@yahoo.com.br), Antonio Rogério Fiorucci 1, Márcia Silva de Oliveira 1, Tiago Andrade Chimenez 1, Keurison Figueredo Magalhães 1 e Allana dos Santos 1
(1. Depto. de Química, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS)
INTRODUÇÃO:
Compreender e utilizar os conceitos químicos é uma das competências e habilidades sugeridas nos PCN´s para o nível médio, para ser desenvolvida no Ensino de Química. A elaboração do conhecimento científico apresenta-se dependente de uma abordagem experimental, não tanto pelos temas de seu objeto de estudo, os fenômenos naturais, mas fundamentalmente porque a organização desse conhecimento ocorre preferencialmente nos entremeios de investigação.
Existem diversos exemplos de trabalhos que descrevem propostas de utilização de corantes contidos em flores e frutos, o exemplo clássico, é a utilização do extrato de repolho roxo, e este vem sendo constantemente divulgado em livros para o ensino de Química. As mudanças de coloração destes vegetais foram atribuídas à presença de antocianinas, os responsáveis principais à coloração azul, vermelha e roxa destes tecidos vegetais. Essas substâncias apresentam-se freqüentemente associadas a açúcares, ligados aos grupos -OH.
Neste trabalho apresenta-se a aplicação do rabanete como corante em titulações ácido-base na utilização em um experimento alternativo para cursos de Química Geral e principalmente ao nível médio. Esta proposta está ligada com os novos caminhos da Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB), trabalhando com o cotidiano do aluno e também com a interdisciplinaridade. O objetivo principal de nosso trabalho é explorar e despertar seu interesse pela Ciência, partindo de recursos acessíveis.
METODOLOGIA:
Na obtenção do extrato do rabanete foram utilizados cerca de 40g da casca recém adquirida do material, macerados e imersos em 200mL de etanol comercial, durante um período de 24 horas, à temperatura ambiente. Utilizou-se a evaporação natural para concentrar o extrato obtido, sendo evaporado ao sol por dois dias e depois acondicionados em frascos conta-gotas.
Titulou-se, em triplicata, uma solução de NaOH padronizada com HCl utilizando-se o concentrado e outra com fenolftaleína. Adicionou-se o extrato concentrado em papel de filtro comercial e deixou secar ao sol. O papel indicador preparado foi utilizado para verificar a faixa de pH de diversas substâncias.
RESULTADOS:
Os alunos da disciplina de Química Geral Experimental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) realizaram dois experimentos para verificação da aplicabilidade do indicador natural, em uma de suas atividades práticas. Primeiramente foi realizado titulações colorimétricas empregando NaOH com HCl, ambos padronizados, através da utilização do indicador natural e de fenolftaleína, para comparação do volume de viragem entre eles. Houve um desvio no valor do resultado em comparação com a fenolftaleína em média de 3% para as triplicatas realizadas, e os resultados assim alcançados condizem com o apresentado pelo indicador sintético. Em seguida foram executadas determinações das porcentagens de ácido acético em vinagres comerciais empregando o indicador obtido através do extrato da casca de rabanete. Os acadêmicos elaboraram a confecção de papel indicador para pH através do extrato concentrado e papel de filtro comercial, e este material foi empregado para verificação da acidez ou basicidade de clara de ovo, sabão, leite, leite de magnésia, limão, refrigerante tipo soda, água tônica, etc. Após os experimentos, foi elaborado um questionário aos alunos, que avaliaram a metodologia apresentada. Os resultados demonstraram um enorme interesse pela parte experimental e a verificação da química no dia-a-dia das pessoas.
CONCLUSÕES:
Através deste experimento, ao ser aplicado junto ao Ensino Médio, espera-se uma melhoria na relação aluno-professor, um maior interesse pela disciplina de Química e um aumento da satisfação dos alunos em poder relacionar atividades práticas com materiais de seu próprio interesse. Um ponto importante é a realização de atividades laboratoriais, desmistificando que a disciplina Química é teórica, muito pelo contrário, sua evolução é experimental. A atividade é possível de ser aplicada, ao Ensino Médio, para verificação da acidez nos materiais devido ao tempo de execução, somente o extrato deve ser obtido fora do horário da aula. Foi possível trabalhar no Ensino Superior com conceitos de média, desvio padrão, limites de confiabilidade, titulações ácido-base, etc. Estes experimentos demonstraram um forte apelo didático para ser trabalhado em um Curso de Licenciatura em Química, o qual apresenta uma visão realista de nossas escolas públicas e da situação econômica que elas enfrentam.
Palavras-chave:  Indicador natural; Rabanete; Ensino de ciências.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005