|
||
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública | ||
VISITA DOMICILIÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE COMPREENSÃO DO SER JOVEM COM DIABETES | ||
Tamara Beltrão Mendes 1 (fadinhatam@yahoo.com.br) e Lúcia de Fátima da Silva 1 | ||
(1. Depto. de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará - UECE.) | ||
INTRODUÇÃO:
A diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que, quando instalada no organismo e não tratada adequadamente, pode gerar complicações e deixar seqüelas para o resto da vida. A adesão ao tratamento é um fator de fundamental importância quando se lida com doenças que têm curso crônico como a DM, pois a situação requer a necessidade de modificações no estilo de vida, longa dependência a medicamentos e envolvimento da pessoa na estratégia do tratamento. As pessoas em condições crônicas de saúde necessitam de apoio que vai além das intervenções tradicionais para o enfrentamento das dificuldades que permeiam o processo saúde-doença. Isso assume relevância ainda maior quando em adolescentes, considerando que eles se encontram numa fase da vida em que as mudanças orgânicas afloram e podem vir acompanhadas de mudanças de comportamento, de modo que a ocorrência de um adoecimento pode gerar o desencadeamento de conflitos emocionais no adolescente e na sua família. Esse estudo tem como propósito conhecer como se processa a convivência do adolescente diabético com a sua família e seu meio social, descrever o seu conhecimento acerca da patologia, o autocuidado e os intervenientes enfrentados por estes indivíduos no enfrentamento do processo saúde-doença. |
||
METODOLOGIA:
O estudo é de natureza descritiva, realizado com 10 adolescentes diabéticos por meio de visita domiciliária. Como recurso metodológico foi utilizada a entrevista semi-estruturada, gravada em fita cassete, mediada pela indagação norteadora: Como é para você ser uma pessoa diabética? Além disso, foi utilizado um formulário para descrever o perfil epidemiológico-social, de conhecimento e de cuidados com o DM, previamente aplicado numa instituição de cuidados secundários de saúde, localizada na cidade de Fortaleza-CE. As informações obtidas no formulário foram analisadas descritivamente, já as provindas das entrevistas foram organizadas em temas, que possibilitaram o alcance da compreensão. A investigação garantiu o respeito ético-legal, conforme recomenda a Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, tendo a busca de dados empíricos somente sido iniciada após a devida aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará. Os participantes e seus responsáveis legais assinaram termo de consentimento pós-informação e tiveram garantia de anonimato da apresentação do relato final. |
||
RESULTADOS:
A faixa etária média dos adolescentes estudados é 16 anos. Quanto ao tempo de diagnóstico, 8 adolescentes encontram-se entre zero e cinco anos. Observou-se que no tocante a escolaridade, 7 ainda são estudantes, 2 concluíram o ensino médio e 1 tem ensino médio incompleto; 8 desses adolescentes estudam ou concluíram seus estudos em escola pública. Deles, 80% têm história familiar de diabetes. Os participantes do estudo residem com os pais e referiram apoio familiar para o controle do DM. A faixa de renda familiar é baixa. A maioria pratica atividade física e todos referiram a adesão a dieta como principal dificuldade encontrada no convívio com a diabetes. Aliada a essa dificuldade está a falta de conhecimento acerca do que é estar bem alimentado e dos alimentos que devem estar presentes para se ter uma dieta saudável. Na busca pela compreensão do ser diabético jovem foi possível apreender que estes adolescentes vivem atrelados a conceitos de normalidade, que criam a partir da comparação de si com os outros, caminhando ora percebendo-se normais, ora não normais, registrando-se assim uma característica própria de ambivalência, comportamento inerente à adolescência. Eles têm medos, dos quais destacam-se os de não aceitação da condição, e do futuro. Desconhecem a diabetes, apesar de terem bem em mente as dificuldades que ela pode gerar, seja porque ouviram dos profissionais de saúde, seja porque viram essas complicações em diabéticos que freqüentam o mesmo centro de tratamento. |
||
CONCLUSÕES:
Nesse estudo, buscou-se compreender o mundo do jovem diabético, visto que isto é primordial para que se possa intervir na terapêutica de forma adequada. A compreensão alcançada nos leva a refletir a necessidade de considerar o ser cuidado como o centro de nossa atenção, como meio para que nosso cuidar não se prenda às questões meramente instrumentais e não se confunda com o cuidar da doença. É preciso que a assistência de enfermagem a esta clientela envolva ainda a família destes adolescentes, numa abordagem contextualizada, em que se busque compartilhamento dos saberes, de medos, de facilidades e de dificuldades como estratégia de enfrentamento da situação e de adesão ao tratamento. Assim, a investigação se apresenta como esteio à compreensão das pessoas adolescentes portando DM, assim também como um indício da necessidade de buscarmos compreendê-los para mais ajudá-los. |
||
Instituição de fomento: FUNCAP | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Educação em Saúde; Adolescentes; Diabetes. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |