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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia | ||
CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE ISOLADOS DE Cryptococcus gattii DE ORIGEM CLÍNICA E AMBIENTAL DO BRASIL. | ||
Mioni Thieli Figueiredo Magalhães 1 (mionimagalhaes@yahoo.com.br), Márcia dos Santos Lazéra 2, Gláucia Gonçalves Barbosa 2, Luciana Trilles 2 e Bodo Wanke 2 | ||
(1. Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, UFPA.; 2. Serviço de Micologia, Instituto de Pesquisa Clínica Hospital Evandro Chagas, IPEC, FIOCRUZ.) | ||
INTRODUÇÃO:
Cryptococcus neoformans foi descrito como patógeno humano em 1894 (Casadevall & Perfect, 1998). Desde então, estudos abrangendo aspectos da biologia, taxonomia, ecologia e epidemiologia do fungo vêm se desenvolvendo com significante importância para a medicina e para o meio ambiente. O fungo foi recentemente classificado em duas espécies distintas: Cryptococcus neoformans (sorotipos A, D e AD) e Cryptococcus gattii (sorotipos B e C), cada uma com características morfológicas e genéticas bem definidas, assim como seus aspectos ecológicos e epidemiológicos (Kwon-Chung et al., 2002). A espécie gattii tem se revelado endêmica para algumas regiões do Brasil, como o Norte e o Nordeste (Cavalcanti, 1997; Corrêa, 2001; Martins, 2003) e o interesse no estudo de suas características fenotípicas contribui para o conhecimento específico dos aspectos ecológicos variáveis do fungo em relação com seu ciclo de desenvolvimento e multiplicação (Ohkusu et al., 2002), bem como seu desenvolvimento como patógeno em hospedeiros normais. Trabalhos envolvendo a caracterização do perfil fenotípico de C. neoformans tem apresentado resultados satisfatórios para o conhecimento das características do patógeno, porém há poucos relatos ou mesmo nenhum desses perfis descritos sobre a C. gatti. O objetivo deste trabalho é identificar o perfil fenotípico de isolados clínicos e ambientais do Brasil, através de métodos sorológicos e moleculares. |
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METODOLOGIA:
Amostras:30 isolados de fontes clínicas e ambientais de C.gattii foram utilizadas neste estudo,além de 8 cepas padrão Análise metabólica: semeando-se um pequeno inóculo no centro do tubo de ensaio, contendo o meio de CGB. Procederam-se observações do material inoculado, 48 horas e 5 dias após, respectivamente, a olho nu. Como resultado da primeira leitura, os tubos contendo o meio CGB deviam apresentar a cor azul cobalto resultando da hidrólise da glicina e a conseqüente elevação do pH de 5,8 para 7,0, no caso de C. gattii, enquanto os C. neoformans não deverão sofrer nenhuma alteração na cor do meio. A segunda leitura seguiu os mesmos padrões da primeira, inclusive para padrões de resultado. Sorotipagem: um teste comercial, de aglutinação de partículas de látex sensibilizadas foi utilizado para identificar o sorotipo de todas as cepas. Pequenos isolados foram ressuspendidos em solução salina estéril e, em uma placa de vidro para aglutinação foram depositados 50ul desta suspensão em seis concavidades, onde foi adicionada uma gota de cada fator correspondente (F1, F5, F6, F7 e F8). A placa foi agitada por 2 minutos e após este período a leitura foi procedida por observação direta da formação de pequenos grumos, como segue: sorotipo A, F1 e F7; sorotipo B, F1 e F5; sorotipo C, F1 e F6, sorotipo D, F1 e F8 e sorotipo AD, F1, F7 e F8. Determinação do tipo sexuado (marcador molecular): A identificação do tipo sexuado foi realizada através de amplificação de fragmentos do DNA fúngico por PCR e revelado através de corrida de eletroforese em gel de agarose |
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RESULTADOS:
Análise metabólica: após a inoculação em meio CGB, seguida pelas leituras realizadas após 48 horas e 5dias, vinte e oito (93,3%) das trinta cepas apresentaram resultado positivo com alteração da cor do meio pela hidrólise da glicina e conseqüente elevação do pH de 5,8 para 7,0.e duas (6,7%) apresentaram resultado negativo. Sorotipagem: após realização do teste de aglutinação, vinte e oito cepas (93,3%) apresentaram resultado compatível com sorotipo B e duas cepas (6,7%) apresentaram resultados compatíveis com sorotipo A. Determinação do tipo sexuado (marcador molecular): todas as 30 cepas (100%) apresentaram resultado “mating type” alfa, após extração do material genético, seguida de realização de PCR e revelação do gel de eletroforese. |
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CONCLUSÕES:
Os resultados deste estudo revelaram que dos 30 isolados analisados e suspeitos de Cryptococcus gattii, dois eram Cryptococcus neoformans. O teste de CGB apresentou resultado falso positivo nestes dois isolados, possivelmente relacionados à metodologia utilizada no laboratório de origem das cepas. Houve correspondência dos resultados de CGB e de sorotipagem em todos os isolados testados e não foram observados isolados mistos de Cryptococcus gattii e Cryptococcus neoformans. O perfil fenotípico de C. gattii nas cepas analisadas é de CGB positivo, sorotipo B e“mating type” alfa. A caracterização fenotípica dos isolados é parte necessária e fundamental para o desenvolvimento de estudos mais aprofundados dos aspectos moleculares do patógeno C. gattii, que ocorre em duas regiões climaticamente diferentes como o Estado do Piauí, transição do semi-árido e floresta Amazônica e Pará, já em plena área de floresta tropical úmida. |
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Palavras-chave: Cryptococcus gatti; caracterização fenotípica; ecologia. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |