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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada | ||
O TRATAMENTO DADO À COESÃO E À COERÊNCIA NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL – DE 5ª À 8ª SÉRIES. | ||
Irandé Antunes 1 (isad@br.inter.net) e Alexsandra de Lima 1 | ||
(1. Depto de Letras, Universidade Estadual do Ceará, UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
O estudo da coesão e da coerência textuais vem sendo desenvolvido dentro da lingüística do texto. Este estudo começou a ter ênfase na década de 60, principalmente na Alemanha, e perdura até hoje em todo o mundo. Isso porque o texto constitui o objeto original da Lingüística, uma vez que toda atuação verbal somente ocorre sob a forma de textos. E, em sendo a coesão e a coerência elementos essenciais para que um texto atinja sua função comunicativa, muitos foram os desdobramentos conceituais elaborados pelos estudiosos do assunto. No que se refere à coesão, por exemplo, Halliday e Hasan (1976) a definem como sendo uma relação semântica entre os diferentes segmentos do texto; Beaugrand e Dressler (1981) dizem ser a ligação entre os elementos superficiais do texto; mais recentemente, ntunes (1996; 2001) define essa propriedade textual como sendo o conjunto dos dispositivos utilizados pelas pessoas para ligar e relacionar os diversos segmentos com que pretendem construir a unidade textual. Também para a coerência não faltaram conceituações. Travaglia, por exemplo, afirma que a coerência esta ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto. Dada a relevância do texto para os estudos da linguagem, decidimos verificar se o ensino da língua Portuguesa, atualmente, está formando alunos preparados para a produção e a recepção de textos, de forma clara, adequada e relevante.. Acreditamos que, observando como os livros didáticos para o ensino fundamental de 5ª a 8ª séries, têm tratado essas propriedades textuais, poderemos chegar a conclusões pertinentes. |
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METODOLOGIA:
O presente trabalho configura-se como um estudo exploratório, de caráter eminentemente qualitativo, sobre como os livros didáticos têm abordado as propriedades textuais da coesão e da coerência. Selecionamos, para alcançar tal fim, três coleções de ensino fundamental (5ª a 8ª séries), destinados ao ensino da Língua Portuguesa. Os livros em análise são: CORREA, Maria Helena.A Palavra é Sua; Língua Portuguesa.São Paulo: Scipione, 2002. FERREIRA, Mauro. Entre Palavras. São Paulo: FTD, 2002. HORTA, Maria Regina Figueiredo e SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença dos. Ler, Entender e Criar: Língua Portuguesa. São Paulo: Ática, 2002. O objetivo pretendido para a presente investigação será alcançado mediante os seguintes procedimentos: Análise da orientação conceitual dada pelos manuais à coesão e à coerência do texto; Observação de como é elaborado o estudo exploratório dessas propriedades; Levantamento dos pontos comuns e dos pontos discordantes presentes nos livros em análise; Elaboração das conclusões sobre como está sendo contemplado, atualmente, o ensino da coesão e da coerência, bem como a importância dessa aprendizagem para o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos. |
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RESULTADOS:
A coleção “A palavra é Sua” aborda a adequação da fala às diversas situações sociais e explora, no início de cada unidade, a compreensão do texto principal, com foco na apreensão da idéia central. Mas, ainda assim, a relevância maior é dada ao estudo gramática, da nomenclatura. Ou seja, mesmo quando utiliza textos concede uma certa prioridade à gramática tradicional. Além disso, nas séries iniciais, não faz referência à coesão e à coerência, devendo-se fazer alguma ressalva, para o momento indicado à produção de textos, à coerência, dizendo que a produção deve ser clara, objetiva, destinada a um leitor. Já a coleção “Entre Palavras” aborda, com mais desdobramentos, a coesão e a coerência textual. Pede que o aluno identifique o referente de determinados textos, informe a importância da repetição, utilize-se da substituição de termos. Isso é abordado na parte dedicada ao estudo da linguagem. A coleção destina ainda um momento para a intertextualidade, outro para o estudo do texto, em seguida um espaço dedicado à escritura, e por fim, a gramática tradicional. A terceira coleção, “Ler, entender e criar: Língua Portuguesa” traz muitos textos voltados para a faixa etária dos alunos a que se destinam, o que ganha importância para desenvolver o interesse do jovem pela leitura. Mas, apesar de haver um estudo de compreensão do texto, da análise de gêneros textuais, bem como da existência de diversas formas de falar, a referência à coesão e à coerência textual é ainda muito tímida, só aparecendo, algumas vezes, na parte dedicada a ao estudo do texto. |
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CONCLUSÕES:
Nas três coleções estudadas, felizmente, dedica-se momentos para o estudo do texto: compreensão, intertextualidade, escrita. Além disso, todos citam a existência de diversas formas de linguagem e a adequação desta às situações sociais em que se encontra o falante. Outra característica louvável é o fato de ser disponibilizado aos alunos do ensino médio o acesso a diferentes gêneros textuais. Entretanto, observamos que a gramática tradicional ainda é o ponto de maior ênfase, quando na verdade deveriam ser as normas que presidem a boa formação e compreensão de textos, ou seja, aos meios pelos quais se realiza a atuação verbal adequada e relevante. Ressalta-se, que a interação verbal é alcançada por meio de textos, não importa de são longos ou curtos, orais ou escritos. Daí a relevância de seu estudo. |
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Instituição de fomento: CNPQ | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Texto; Compreensão; Falante. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |