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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial | ||
CONSTRUÇÃO DE UMA ESCALA DE MENSURAÇÃO DE ATITUDES SOCIAIS EM RELAÇÃO À INCLUSÃO | ||
Sadao Omote 1 (somote@uol.com.br), Eliane Maria Carrit Delgado-Pinheiro 2, Eliana Maria Gradim Fabron 2, Ana Cláudia Pereira Fernandes Moraes 3, Anna Augusta Sampaio de Oliveira 1, Luciana Ramos Baleotti 3, Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins 1 e Lia Raquel Pereira de Souza de Carvalho 4 | ||
(1. Departamento de Educação Especial, FFC/UNESP, campus de Marília; 2. Departamento de Fonoaudiologia, FFC/UNESP, campus de Marília; 3. Centro de Estudos da Educação e da Saúde, FFC/UNESP, campus de Marília; 4. Faculdades Integradas Rui Barbosa, Andradina) | ||
INTRODUÇÃO:
A educação inclusiva implica a construção de uma escola capaz de prover ensino de qualidade para todas as crianças e jovens em idade escolar, independentemente das suas diferenças e necessidades educacionais especiais. Assim, o foco de atenção, que outrora recaía predominante ou exclusivamente sobre a pessoa identificada como deficiente, foi redirecionado para o seu meio, destacando que as necessidades educacionais de todos os alunos devem ser atendidas. O meio social representado pela comunidade escolar certamente se constitui em uma das dimensões cruciais para a construção da educação inclusiva. Nas discussões sobre a inclusão escolar, tem sido dado destaque especial às atitudes sociais dos professores e demais membros da comunidade escolar em relação à inclusão, pois elas podem constituir-se em um quadro de referência dentro do qual ocorrem os mais variados comportamentos em relação à presença de alunos diferentes em classes de ensino comum. Visando contribuir para o desenvolvimento de pesquisas sobre a inclusão escolar, foi objetivo deste estudo a construção de uma escala de mensuração de atitudes sociais em relação à inclusão, devidamente validada e padronizada. A disponibilidade de um instrumento de mensuração confiável certamente contribuirá para a realização de pesquisas empíricas na descrição e determinação de condições necessárias ou favoráveis para a construção de um ambiente educacional inclusivo. |
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METODOLOGIA:
A partir de temas identificados em um corpus de literatura especializada, foi construída uma versão preliminar da Escala Lickert de Atitudes Sociais em relação à Inclusão (ELASI), constituída por 100 itens, com cinco alternativas que indicam diferentes graus de concordância ou discordância em relação ao conteúdo do enunciado. A versão preliminar foi aplicada a uma amostra heterogênea de 266 adultos de ambos os sexos. Após a análise de itens, em vista da grande quantidade de itens com alta capacidade discriminativa, foram construídas duas formas equivalentes da escala: A e B. Cada forma contém 35 itens, sendo que cinco deles fazem parte da escala de mentira. As duas formas da ELASI foram aplicadas a várias amostras para estudar a sua fidedignidade e validade. No estudo da fidedignidade, foram empregados três métodos: teste-reteste, formas equivalentes e split half. Para o estudo da validade, foram ministrados um curso de 14 horas a duas turmas de estudantes do CEFAM e um outro de 32 horas a duas turmas de professores do Ensino Fundamental, mensurando as atitudes em relação à inclusão com a utilização das duas formas da ELASI. Os cursos versavam sobre os temas relacionados à inclusão. No primeiro curso, as atividades foram organizadas com base em técnicas de modificação de atitudes sociais. No segundo curso, com conteúdo mais extenso, ministrado a professores, as atividades desenvolvidas basearam-se mais em estratégias de ensino que de modificação de atitudes sociais. |
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RESULTADOS:
Nos três métodos empregados, os resultados evidenciaram a fidedignidade das duas formas da ELASI. No método de teste-reteste, com um intervalo de uma semana entre a primeira e a segunda aplicação, realizadas em amostras de 57 e 58 participantes, foram obtidos os coeficientes de correlação de 0,67 para a forma A e 0,77 para a forma B, ambos estatisticamente significantes (p<0,0001). No método de formas equivalentes, com as duas formas da ELASI aplicadas a uma mesma amostra de 70 participantes, foi encontrado o coeficiente de correlação de 0,78, estatisticamente significante (p<0,0001), entre as duas formas. No método de split half, com duas amostras de 56 e 80 participantes, cada forma da ELASI foi aplicada a uma amostra diferente e os resultados da primeira metade da escala foram comparados com os da segunda metade. Assim, foram obtidos os coeficientes de correlação de 0,61 para a forma A e 0,63 para a forma B, ambos estatisticamente significantes (p<0,0001). Para o estudo da validade, a ELASI foi aplicada antes e depois de um curso de 14 horas, ministrado a 56 alunos do CEFAM, e um outro curso de 32 horas, ministrado a 53 professores do Ensino Fundamental, ambos tratando de assuntos relacionados à inclusão. Os resultados do pós-teste indicaram atitudes significantemente mais favoráveis que aquelas apuradas no pré-teste em todas as turmas. As duas formas da escala foram capazes de aferir a mudança nas atitudes sociais em relação à inclusão ocorrida em decorrência dos cursos. |
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CONCLUSÕES:
A ELASI foi construída com uma série de cuidados para que atenda aos requisitos necessários para um instrumento de mensuração confiável. A utilização de três métodos diferentes de estudo da fidedignidade e a convergência de resultados conferem à escala maior confiabilidade quanto a esse requisito. Para o estudo da validade também foram criadas duas situações com pequenas variações metodológicas, obtendo-se resultados consistentes que atestam ser a escala capaz de detectar mudanças ocorridas no fenômeno sob mensuração. A disponibilidade de uma escala de mensuração de atitudes sociais em relação à inclusão pode contribuir para a realização de pesquisas com dados confiáveis sobre o contexto psicossocial de práticas inclusivas. A existência de duas formas equivalentes da escala representa uma vantagem adicional para o delineamento de experimentos que requeiram avaliação antes e depois da intervenção. Os procedimentos adotados no estudo da validade evidenciaram a possibilidade de, por meio de cursos breves, modificar as atitudes sociais tanto de futuros professores quanto de professores que já estão atuando no Ensino Fundamental, tornando-as mais favoráveis à inclusão. As atividades como as que foram desenvolvidas nesses cursos podem ser integradas ao currículo dos cursos de formação de professores, uma vez que, com pouca carga horária, parecem ter levado os participantes à revisão de suas crenças e sentimentos em relação a deficientes e à sua inclusão. |
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Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq | ||
Palavras-chave: Educação inclusiva; Atitudes sociais em relação à inclusão; Escala de atitudes sociais. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |