IMPRIMIR VOLTAR
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ARQUITETURA DE NINHO DE Ectatomma brunneum F. Smith, 1858 (FORMICIDAE: PONERINAE).
Alexsandro Santana Vieira 1 (alexsvieira@yahoo.com.br) e William Fernando Antonialli-Junior 1
(1. Laboratorio de Ecologia -GasLab, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul -UEMS)
INTRODUÇÃO:
Ectatomma brunneum F. Smith, 1858 (=Ectatomma quadridens Fabricius, 1793) (a taxonomia segundo BOLTON, 1995), Ponerinae, Ectatommini, é amplamente distribuída pela região Neotropical, ocorrendo desde o Panamá até a Argentina (KEMPF, 1972). Como a maioria das formigas dessa subfamília é uma espécie caçadora, utilizando-se de ferrão bem desenvolvido para dominar suas presas, podendo também visitar nectários extraflorais. Entre os Formicidae, os hábitos de nidificação assim como o grau de elaboração das construções desses ninhos varia muito, desde colônias polidômicas gigantes até o uso de cavidades simples no solo (HÖLLDOBLER & WILSON, 1990). Os representantes Neotropicais de Ponerinae geralmente apresentam ninhos pouco elaborados, com arquitetura simples, às vezes só modificando e aumentando cavidades naturais (HÖLLDOBLER & WILSON, 1990; JAFFÉ, 1993 e PEETERS et al., 1994). BREED & HERRISON (1989) verificaram, ainda que numa população de Paraponera clavata uma espécie que nidifica tipicamente no solo, existe uma variação de 5% a 15% das colônias que constroem seus ninhos sobre árvores.
O presente trabalho teve como objetivo fornecer uma descrição da arquitetura de ninhos de E. brunneum Smith 1858.
METODOLOGIA:
Foram escavados oito ninhos de Ectatomma brunneum referente aos meses de Junho de 2004 a Fevereiro de 2005, em Dourados, MS, no Campus da UEMS, Latitude: 22º 13’ 16’’ S, Longitude:54º 48’ 20’’ W, centro-oeste do Brasil. Os ninhos foram escavados fazendo-se uma “trincheira” circular de 50 cm de profundidade (ou maior conforme a necessidade), a qual contornava o orifício de entrada a uma distância de 30 cm de raio. A escavação resultava em um cilindro de solo contendo o ninho, que por sua vez, com o auxílio de uma espátula foi “fatiado” lateralmente até ser encontrada a câmara. Foram medidas as seguintes características: diâmetro do orifício de entrada, profundidade, comprimento, largura e altura das câmaras.
Com os dados obtidos de cada ninho foi aplicado o teste de correlação de Spearman entre volume (comprimento, largura e altura) das câmaras com profundidade, e entre o número de operárias com volume total de cada ninho.
RESULTADOS:
Os ninhos de Ectatomma brunneum apresentou orifício de entrada com média de 0,45 0,09 cm de diâmetro. Nos ninhos, 4 e 5, foi encontrada uma estrutura saliente neste orifício, a qual é similar a “chaminé” encontradas nas espécies de E. opaciventre (ANTONIALLI & GIANNOTTI, 1997), contudo diferente dos ninhos desta mesma espécie estudados em ambientes alterados por (LAPOLLA et al, 2003). Os túneis são construídos geralmente na posição vertical ou levemente inclinados e conduzem às câmaras, a qual se encontravam na posição horizontal. Os ninhos coletados apresentaram profundidade média da primeira câmara 4,75 ±0,92 cm, da segunda 13,85 ±5,18 cm, da terceira 35,83 ±24,97 cm e da quarta 60,5 ±37,57 cm. As câmaras apresentaram formas variadas: triangular, retangular e hexagonal com dois lóbulos. No ninho três, foi verificada a presença de um apêndice na primeira câmara. O tamanho médio da primeira câmara foi de 6,95 ±2,10 cm de comprimento, de 3,7 ±1,52 cm de largura, por 2,08 ±0,67 cm de altura, a segunda câmara de 7,92 ±0,73 cm x 4,21 ±0,76 cm x 2,02 ±0,52 cm, a terceira de 6,7 ±1,67 cm x 4,08 ±1,31 cm x 2,0 ±0,44 cm, a quarta de 6,16 ±0,28 cm x 4,0 ±1,32 cm x 2,0 ±0,5 cm. Não encontramos correlação positiva em relação o volume da câmara e profundidade (rs = 0,11, P= 0,77), e entre número de operárias com volume total de cada ninho (rs= 0,04, P= 0,91).
CONCLUSÕES:
Ectatomma brunneum constrói ninhos subterrâneos, pouco profundo, e independentemente de raízes de plantas, como ocorrem por exemplo em E. edentatum e E. opaciventre. Quando comparado a ninhos estudados desta mesma espécie em ambientes perturbados, esses apresentaram algumas diferenças perceptíveis, como a presença de uma estrutura em forma de “chaminé” e um menor número de câmaras. Como em outras espécies deste gênero, já estudadas, o interior das câmaras é revestido com solo mais compactado, provavelmente devido a uma secreção das glândulas salivares dessas formigas, e o papel desta compactação seria de impermeabilizar o ninho das águas das chuvas. A correlação feita entre o volume das câmaras e profundidade não demonstrou diferenças significativas, portanto não demonstra que câmaras mais profundas são maiores e abriga a maior parte da população. Também não houve correlação significativa entre o volume dos ninhos e o número de indivíduos adultos, podendo com isso inferir que essas formigas escavam as câmaras com tamanhos pré-estabelecidos. Os ninhos desta espécie, são bastante similares aos de espécies já estudadas desse mesmo gênero , os quais são mais elaborados que o padrão geral citado para os ninhos desta subfamília.
Instituição de fomento: UEMS
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Arquitetura; ninhos; Ectatomma brunneum.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005