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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
A ATIVIDADE PRÓ-INFLAMATÓRIA DA LECTINA DE SEMENTES DE Araucária angustifólia PARECE OCORRER VIA LIBERAÇÃO DE HISTAMINA, IL-1 E TNF-a
Raphaela Cardoso Gomes 1 (raphaela.gomes@ig.com.br), Mário Rogério Lima Mota 1, Ana Vaneska Passos Meireles 1, Alana de Freitas Pires 1, Daniel Magalhães Gomes 1, Benildo Sousa Cavada 2, David Neil Criddle 1 e Ana Maria Sampaio Assreuy 1
(1. 1Instituto Superior de Ciências Biomédicas/Laboratório de Farmacologia dos Canais Iônicos-UECE; 2. Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular-UFC)
INTRODUÇÃO:
Lectinas de sementes de leguminosas apresentam atividade pró-inflamatória e antiinflamatória através da interação com resíduos de açúcares celulares. Essa dualidade de efeito parece depender da via pela qual essas (glico)proteínas são administradas (Int. J. Biochem. Cell. Biol., 35:1674-1681, 2003; Mediators Inflamm., 8:107-113, 1999). Atualmente, a literatura é escassa em estudos sobre efeitos biológicos de lectinas de gimnospermas, e no que diz respeito às lectinas de Araucaria angustifolia, com especificidade de ligação a resíduos de N-acetilglicosamina, apenas duas foram bioquimicamente descritas (DATTA et al., 1991). No entanto, demonstramos por via endovenosa a atividade antiinflamatória de uma lectina de sementes de Araucaria angustifolia em modelo de edema de pata induzido por dextrana (FESBE 2003) e carragenina (SBPC 2003).
Este trabalho tem como objetivo investigar o mecanismo de ação da atividade edematogênica da lectina de Araucaria angustifolia.
METODOLOGIA:
A lectina de Araucaria angustifolia (AaL) foi isolada e purificada no Laboratório de Moléculas Biologicamente Ativas (BioMoLab) do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (UFC) por cromatografia de afinidade em coluna de quitina (polímero de Glic-Nac). Foram utilizados ratos Wistar machos (150-200g) mantidos sob condições adequadas de luz e temperatura, recebendo dieta livre de ração e água e manipulados de acordo com os princípios adotados pelo Comitê de Ética - UECE para uso de animais de experimentação. A modulação da atividade da lectina foi feita utilizando-se o modelo de edema de pata em ratos, induzido através da administração (s.c. intraplantar) de AaL a 1 mg/kg de peso corporal. Os animais foram tratados antes da indução do edema pela lectina com os seguintes bloqueadores farmacológicos: inibidor da atividade da enzima ciclooxigenase, indometacina (5 mg/kg;s.c. 30 min antes da AaL), inibidor da enzima óxido nítrico sintase, L-NAME (300mg/kg; e.v. 1h antes da AaL), glicocorticóide, dexametasona (1mg/kg; s.c. 30 min antes da AaL), agente degranulador de mastócitos, composto 48/80 (durante 3 dias na dose de 0,6 mg/kg; i.p. e no quarto dia na dose de 1,2 mg/kg;i.p. antes da AaL) e inibidor das interleucinas IL-1 e TNF-a, pentoxifilina (90mg/kg; s.c. 1 h antes da AaL). O desenvolvimento do edema foi mensurado ½, 1, 2, 3 e 4h após a administração local dos mediadores (n=6).
RESULTADOS:
A injeção subcutânea intraplantar de AaL (1mg/kg) promoveu um intenso edema que atingiu resposta máxima após a primeira hora de sua administração. A dexametasona, mas não a indometacina e o L-NAME, reduziu significativamente (p<0,05) em 52,7% o edema provocado pela AaL. A pentoxifilina e o composto 48/80 (administrado subcronicamente) também reduziram significativamente (p<0,05) em 41 e 49%, respectivamente, o edema provocado por esta lectina.
CONCLUSÕES:
Esses resultados sugerem que o mecanismo da atividade pró-inflamatória da lectina de Araucaria angustifolia envolve a liberação de histamina, IL-1 e TNF-a por células inflamatórias.
Instituição de fomento: FUNCAP
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Inflamação; lectina; Araucaria angustifolia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005