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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
O TURISMO COMUNITÁRIO E A (RE) ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DA ZONA COSTEIRA CEARENSE: O CASO DE BATOQUE, AQUIRAZ - CE.
Cícera Inara Oliveira Sousa 1 (inarasousa@hotmail.com), Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano 1, Eluziane Gonzaga Mendes 1, Adriana Marques Rocha 1, Francisca Enyvládia Rodrigues de Lima 1 e Camila Freire Sampaio 1
(1. CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE)
INTRODUÇÃO:
A atividade turística, intensificada no Ceará tem sido apontada como uma das estratégias de combate às desigualdades sociais, como forma de aumentar receitas de Estados e municípios e garantir a participação em programas governamentais que buscam o desenvolvimento, mas também como forma de degradação das culturas e dos lugares. Existem nitidamente duas grandes tendências do turismo: o globalizado (característico de grandes redes hoteleiras, os chamados resorts) e o turismo comunitário (voltado às esferas locais, cultivando a cultura tradicional e priorizando o homem). No Estado do Ceará, assim como na maior parte da zona costeira nordestina, o modelo de turismo adotado pelo Estado privilegia as grandes redes hoteleiras. As comunidades pesqueiras tradicionais através do turismo comunitário, buscam inserir-se na cadeia produtiva do turismo. A comunidade de Batoque localizada a 51Km da capital cearense, no município de Aquiraz pertencente à região metropolitana é um exemplo deste processo de turismo de inclusão. Através da organização social de base e da educação, o turismo nesta comunidade valoriza a cultura, os residentes, os costumes e a tradição. Batoque com pouco mais de meio século destaca-se pela a singularidade e singeleza do lugar e de sua gente.
METODOLOGIA:
A metodologia desta pesquisa é a etnográfica, pois está voltada ao estudo das comunidades marítimas da zona costeira cearense. Realiza uma análise crítica do turismo buscando entender este fenômeno da modernidade. Através de pesquisa institucional e da pesquisa de campo analisa políticas e depoimentos de moradores da comunidade. A aplicação de formulários e entrevistas e a produção da documentação fotográfica serviram de base para a explicação do lugar e das relações sociais ali ocorridas . As pesquisas institucionais e as coletas de dados nos órgãos de turismo do Estado e o estudo de EIA e RIMA do município de Aquiraz subsidiaram o estudo, que buscou através de uma análise do território entender as transformações ocorridas com o advento do turismo na zona costeira cearense.
RESULTADOS:
O turismo comunitário tem se desenvolvido ao longo do litoral cearense por comunidades pesqueiras que ao ver seu lugar ameaçado pela ação de especuladores imobiliários, dos empreendimentos turísticos e das segundas residências, buscam na organização comunitária uma maneira de resistir ao paradoxo criado pelo capital que ao mesmo tempo em que atrai investimentos segrega e repele a presença do nativo. Em Batoque a presença de segundas residências faz parte da paisagem local. Os piqueniques realizados principalmente aos fins de semana são as principais formas de manifestação do lazer naquela comunidade. A associação comunitária levou a um repensar das atividades ali desenvolvidas. Os nativos através dos grupos de trabalho transformaram as principais potencialidades da comunidade como a pesca, a produção de bordados e renda, de souvenirs são vendidas aos turistas. Algumas mudanças podem ser apontadas como melhorias para a comunidade. Os jovens são incentivados a repassar aos freqüentadores das praias a importância da conservação do local para os visitantes, tentando diminuir os impactos ambientais ocasionados pelo lixo. O turismo comunitário busca, a partir dessas iniciativas, garantir que os impactos do turismo sejam mitigados e forneçam benefícios econômicos às comunidades, valorizando a cultura e a diversidade local e a proteção do meio ambiente.
CONCLUSÕES:
A modernização e globalização são inevitáveis. Produzem efeitos facilitadores para a comunicação e, sobretudo para o turismo. Confirma este fato a presença de viajantes e turistas em todo lugar, o surgimento de redes, trocando culturas. O turismo vem modificando intensamente a vida dessa comunidade, pois muitos pescadores e rendeiras deixaram suas profissões e passaram a vender seu trabalho nos bares e restaurantes, provocando uma desarticulação das atividades anteriores a chegada do turismo. O que não é recomendável para a economia local nem para o turismo que deve inserir-se como mais uma atividade de suporte as outras já desenvolvidas pela comunidade, pois se a pesca e a fabricação de renda forem extintas, o turismo será prejudicado. Conclui-se que o turismo em Batoque, ainda é insipiente, mas um grande potencial, tanto no que diz respeito as potencialidades físicas como as humanas, pressupostos básicos para implementação desta atividade.
Instituição de fomento: FUNCAP
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  TURISMO COMUNITÁRIO; ZONA COSTEIRA; COMUNIDADES.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005