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C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 3. Biologia Geral | ||
VALORIZAÇÃO DA PELÍCULA DE ARROZ Oryza sativa COMO SUBSTRATO PARA ANIMAIS DE LABORATÓRIO | ||
Davi Felipe Farias 1 (daviffarias@yahoo.com.br), Ana Fontenele Urano Carvalho 1, 4, André Saraiva Leão Marcelo Antunes 1, Paulo Michel Pinheiro Ferreira 2 e Isabel Cristiane Façanha Brasil 3, 4 | ||
(1. Departamento de Biologia, Universidade Federal do Ceará-UFC; 2. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal do Ceará-UFC; 3. Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará-UFC; 4. Biotério Central, Universidade Federal do Ceará-UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
O substrato para o animal de laboratório é constituído pela cama e o ninho, que não devem necessariamente ser formados pelo mesmo material. A cama é o componente mais importante, pois dela depende o bem-estar dos animais, devendo ser absorvente, livre de componentes tóxicos, não ser fonte de nutrientes, não favorecer o surgimento de afecções que possam prejudicar a saúde dos animais e ser de fácil aquisição (National Institutes of Health, 1985). O material mais utilizado como cama é a raspa de pinho (Pinus heliotis). Contudo, há relatos de que o pinho contém fenóis, que podem ser tóxicos aos animais (TeSelle & Nashvile, 1993; Cunliffe-Beamer et al., 1981). Aliado a isto está seu alto custo. O arroz pertence à família das gramíneas, tendo sido por milênios o prato principal de todos os povos do Sudeste Asiático (Carvalho, 2002). Em 2004, o Brasil produziu cerca de 12 milhões de toneladas de arroz em casca, sendo o Rio Grande do Sul o grande responsável pela maior parte da produção total do país (IBGE, 2005). Entretanto, o grão é produzido em todos os estados brasileiros para o consumo e utilização de seus subprodutos. A película ou casca de arroz é um subproduto utilizado como abrasivo, na composição de fertilizantes, na fabricação de sabões ou como combustível nas fornalhas dos secadores e das máquinas a vapor (Anselmi, 1988). Este trabalho objetiva valorizar a película de arroz quanto aos seus aspectos favoráveis a sua utilização como substrato para animais de laboratório. |
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METODOLOGIA:
Foram avaliados a capacidade de retenção de água (CRA) como descrito por Rupèrez & Saura-Calixto (2001), a composição química centesimal (proteínas, lipídios e cinzas) segundo AOAC (1990), sendo os carboidratos totais determinados por diferença do percentual total, o teor de taninos em difusão radial em gel de agarose (Hagerman, 1986) e o teor de fibra bruta, determinada através de hidrólise ácida, segundo Van de Kamer e Van Ginkel (1952) da película de arroz pulverizada e desidratada. A raspa de pinho (Pinus sp.) foi usada como controle, sendo realizadas as mesmas análises anteriormente descritas. |
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RESULTADOS:
As análises de ambas as amostras da película de arroz e da raspa de pinho mostraram conter apenas traços de proteínas (<1%) e de lipídios (<1%) em sua composição, o que não chega a interferir na dieta balanceada dos animais caso ocorra ingestão desses materiais. Já o teor de cinzas da película de arroz (17,63 ± 0,16 %) foi estatisticamente superior (p<0,05) ao da raspa de pinho (0,46 ± 0,06 %). Os carboidratos totais (determinados por diferença do percentual total) perfizeram 90 % da constituição da raspa de pinho e cerca de 80% da película de arroz, sendo de menor preocupação, uma vez que é basicamente constituído de material não digerível (Montanari et al., 1992). O teor de fibra bruta (celulose e lignina) da raspa de pinho (58,85 ± 1,62 %) foi estatisticamente superior (p<0,05) ao da película de arroz (39,00 ± 0,14). Quanto a CRA, a raspa de pinho (6,22 ± 0,04 g água/ g amostra) foi estatisticamente superior (p< 0,05) àquela da película de arroz (2.34 0.19 g água/ g amostra). Esta propriedade é de grande importância para reduzir o número de trocas das camas das gaiolas, minimizar os odores da urina dos animais e a proliferação de microrganismos. Quanto ao teor de taninos, não foi verificada a formação de halos de difusão em ambas as amostras. Esta característica é importante, pois os taninos constituem-se como fatores antinutricionais que podem interferir no aproveitamento das proteínas da dieta dos animais. |
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CONCLUSÕES:
A película de arroz pode ser uma alternativa promissora para utilização como material de substrato para animais de laboratório, apresentando apenas traços de proteína e lipídios, moderado teor de cinzas e de fibra bruta (celulose e lignina) e baixa concentração de compostos antinutricionais. A baixa CRA pode ser revertida pelo aumento do número de trocas de substrato. Estudos de parâmetros fisiológicos e análises de comportamento animal necessitam ser concluídos para garantir a funcionalidade deste material e a segurança de seu uso. |
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Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) | ||
Palavras-chave: animais de laboratório; substrato; película ou casca de arroz. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |