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G. Ciências Humanas - 2. Arqueologia - 2. Arqueologia Pré-Histórica | ||
ARQUEOMETRIA E HISTÓRIA: SUBSÍDIOS PARA UMA ABORDAGEM HISTÓRICA CULTURAL SOBRE OS ÍNDIOS TREMEMBÉ | ||
Jóina Freitas Borges 1, 3 (joinaborges@uol.com.br), Maria Conceição Soares Meneses Lage 2, 3 e Maria Auxiliadora Brito Liberal 2, 3 | ||
(1. Departamento de Histórica, Centro de Ciências Humanas e Letras - UFPI; 2. Departamento de Química, Centro de Ciências da Natureza - UFPI; 3. Núcleo de Antropologia Pré-Histórica - PRPPG - UFPI) | ||
INTRODUÇÃO:
A arqueometria pode ser descrita como a utilização de técnicas das ciências exatas no estudo de vestígios arqueológicos, ela permite informar sobre os constituintes de uma amostra em escala microanalítica, ou seja, da ordem do miligrama. A história, por sua vez, vem progressivamente privilegiando abordagens culturais que aproximam suas interpretações da antropologia, e que acolhem sob o signo da historiografia temas antes relegados a outras disciplinas. Nesse sentido, o estudo de grupos humanos ágrafos, sobre os quais só se possuem documentos escritos provenientes de cronistas e da administração do Brasil colonial, pode ser auxiliado pelas análises de vestígios materiais que devem funcionar como verdadeiros documentos históricos do passado. O presente estudo aproximará estas duas áreas da ciência com o objetivo de conhecer melhor os grupos culturais que habitaram o litoral do Piauí antes da chegada do colonizador. |
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METODOLOGIA:
Após a documentação e cadastro dos sítios do litoral junto ao IPHAN foram realizados trabalhos de campo a fim de coletar material que permitisse identificar a que grupos culturais pertenciam. O material cerâmico, malacológico e lítico foi estudado através de exames microscópicos, análises microquímicas elementares e datações associando aos relatos de cronistas do século XVI (D’Evreux, Moreno e Bettendorff). Tudo isso permitiu relacionar os achados cerâmicos do Sítio Arqueológico Seu Bode, localizado no município de Luís Correia – PI, aos índios Tremembé que ocupavam grande parte do litoral setentrional do Brasil na época da chegada dos europeus. |
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RESULTADOS:
Com as datações obtidas no Laboratório de Física da USP, as análises químicas realizadas pelo NAP (Núcleo de Antropologia Pré-Histórica) da UFPI, foi possível concluir que os Tremembé ocupavam o Sítio Seu Bode desde pelo menos o século XIII. O estudo químico dos fragmentos cerâmicos, realizado através de testes microanalíticos e exames em microscópio óptico, corroborou a hipótese inicial que atribuía uma continuidade cultural entre as amostras cerâmicas datadas entre 816 anos e 420 anos. Os Tremembé eram descritos pelos cronistas como povos “[...] mais vagabundos do que estáveis em suas moradias [...]” e que não tinham o hábito de “[...] fazer hortas [...]” (D’EVREUX, 2002, p. 179), ou seja, não executavam atividades agrícolas nem eram sedentários, exímios nadadores e mergulhadores viviam principalmente da pesca e da caça. |
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CONCLUSÕES:
A farta presença de material cerâmico nas áreas territoriais deste grupo indígena invalida inferências apressadas que, a partir da presença de cerâmica em sítios arqueológicos, atribuem aos grupos ceramistas a prática da agricultura e a fixação habitacional. O dilatado período de tempo da presença Tremembé no sítio, no mínimo quatrocentos anos, também contribui para que sejam reavaliados os conceitos de nomadismo e sedentarismo entre os grupos indígenas, visto que o aproveitamento dos recursos disponíveis em variadas épocas do ano pressupunha uma constante transumância, mas em um território mais ou menos delimitado, não sendo, portanto, adequado nenhum dos dois conceitos ao grupo em questão. |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Palavras-chave: Arqueometria; Indios Tremembé; Cerâmica Pré-Histórica. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |