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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia | ||
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTICONVULSIVANTE DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO DE Macfadyena ungüis-cati (L.) | ||
André Costa Gargano 1 (acgargano@bol.com.br) e Mirtes Costa 1 | ||
(1. Depto. de Farmacologia, Instituto de Biociências – Unesp/Botucatu) | ||
INTRODUÇÃO:
A epilepsia é uma doença que afeta o Sistema Nervoso Central (SNC) e acomete de 0,5 a 1% da população, atingindo tanto homens quanto mulheres sem distinção e afetando pessoas de todas as idades. Tal doença é caracterizada por descargas anormais dos neurônios cerebrais acarretando vários tipos de convulsões periódicas e não previsíveis. Atualmente existem diversas drogas disponíveis para a terapêutica das desordens epilépticas, porém apenas 60% dos pacientes tratados têm suas crises completamente controladas por esses medicamentos. Além disso, tais drogas apresentam diversos efeitos adversos que atingem de 30 a 50% dos pacientes. Visto os problemas que as atuais drogas disponíveis apresentam, fica clara a necessidade da procura de novos fármacos ativos nos diversos tipos e variações desta patologia e com menor incidência de efeitos colaterais e toxicidade. Entre as diversas fontes de novas drogas, destaca-se a pesquisa com produtos naturais, que possui grande potencial para fornecer compostos ativos sobre o SNC. A Macfadyena ungüis-cati, conhecida como cipó unha-de-gato é uma planta que por seu emprego em práticas caseiras da medicina popular fez parte de uma triagem para avaliação da atividade sobre o SNC em um projeto desenvolvido pelo CYTED, um programa de cooperação internacional entre países ibero-americanos. Deste modo, nosso objetivo foi avaliar experimentalmente a atividade anticonvulsivante do extrato hidroalcoólico de Macfadyena ungüis-cati (EH-M). |
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METODOLOGIA:
Foram utilizados camundongos Swiss machos (35-45g) com 45 dias de idade mantidos em jejum durante 2 horas antes do procedimento experimental. A atividade anticonvulsivante foi avaliada pela indução de convulsões por estímulo elétrico (EMC – eletrochoque máximo convulsivo: 50mA, 0,11s, via corneal) ou químico (PTZ – pentilenotetrazol: 60mg/kg; sc) após 30 ou 60 minutos do tratamento por via oral com 1 g/kg de EH-M. Sob as mesmas condições experimentais foram tratados um grupo controle negativo tratado com o veículo utilizado para solubilizar EH-M (TW: Tween 80â 12% - 10ml/kg; vo), e um grupo controle positivo tratado com droga-padrão ativa no modelo. A convulsão induzida por EMC produz uma convulsão do tipo tônica e o grupo controle-positivo foi tratado com ácido valpróico (400mg/kg; vo); a convulsão induzida por PTZ produz convulsões clônicas caracterizadas por intensos tremores generalizados e o grupo controle-positivo foi tratado com clordiazepóxido (10mg/kg; vo). Após a indução das convulsões os animais foram colocados em gaiolas individuais para o registro da ocorrência de convulsões ou morte (EMC e PTZ) e latência para o primeiro episódio convulsivo (PTZ) ou tempo de recuperação da convulsão (EMC). As latências foram comparadas pelo teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis (ANOVA) seguido de Dunn e as porcentagens de ocorrência foram comparadas pelo teste exato de Fisher, e foram consideradas significantes as diferenças associadas a p£0,05. |
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RESULTADOS:
No modelo do EMC o extrato hidroalcoólico (EH-M) de Macfadyena ungüis-cati não se mostrou eficiente em proteger os camundongos dos episódios convulsivos tanto após 30 minutos, como após 60 minutos do tratamento. A redução na porcentagem de ocorrência dos episódios tônicos observada após tratamento com a droga-padrão confirma a adequação das condições experimentais. O tempo de recuperação dos animais que apresentaram as convulsões também não se mostrou diferente do grupo controle, tanto no grupo tratado 30 minutos quanto no grupo tratado 60 minutos antes da indução do processo convulsivo. No modelo da convulsão induzida por pentilenotetrazol, o grupo controle apresentou convulsões clônicas em cerca de 83% dos casos, sendo que o grupo tratado com a droga-padrão foi completamente protegido. O pré-tratamento com o extrato não foi capaz de proteger os animais das convulsões do tipo clônicas, embora tenha sido observada uma tendência não significante de redução no grupo tratado 30 minutos antes da indução. O tratamento com o extrato não foi capaz de alterar a evolução do episódio convulsivo, representado pela latência para o aparecimento do primeiro episódio convulsivo, tanto após 30 minutos, como após 60 minutos do tratamento. |
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CONCLUSÕES:
Observando os dados obtidos concluímos que o extrato hidroalcoólico da Macfadyena ungüis-cati<,/i> não foi capaz de proteger os animais das convulsões ou alterar o curso dos processos convulsivos, já que o tratamento não modificou nem a porcentagem de ocorrência nem a latência para o aparecimento dos episódios convulsivos induzidos por PTZ ou por EMC. Os poucos trabalhos que relatam a atividade biológica em extratos desta planta não sugerem sua ação sobre o Sistema Nervoso Central. Na medicina popular esta espécie é utilizada em uma variedade de enfermidades, inclusive contra picadas de cobra, que poderia sugerir alguma atividade sobre o SNC, visto que diversos venenos de serpentes são neurotóxicos. A estratégia utilizada na escolha da planta a ser trabalhada foi a quimiotaxonômica, segundo o qual são avaliadas espécies taxonomicamente próximas de uma cuja atividade já foi detectada, ou que avalia espécies que apresentam em sua composição moléculas com grande potencial para apresentar atividades biológicas. Os alcalóides e terpenos são compostos presentes na espécie estudada com grande potencial para atividade sobre o SNC. Os modelos experimentais utilizados para o estudo da atividade anticonvulsivante são classicamente usados na triagem de novas substâncias ativas sobre processos convulsivos, e o EH-M não apresentou qualquer ação sobre os parâmetros indicativos de atividade. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: pentilenotetrazol; eletrochoque máximo convulsivo; extrato hidroalcoólico. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |