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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
INFLUÊNCIA DA TESTOSTERONA NA HISTOFISIOLOGIA DA GLÂNDULA DE CHEIRO DO (Tayassu tajacu)
Adariliany de França Silva 1 (adarilinayfs@yahoo.com.br), Tiago da Silva Teófilo 1, Eraldo Barbosa Calado 2 e José Domingues Fontenele-Neto 2
(1. Aluno de graduação do Departamento de Ciência Animal- ESAM; 2. Prof. Dr. do Departamento de Ciência Animal- ESAM)
INTRODUÇÃO:
A família Tayassuidae é formada por três membros o Tayassu tajacu, o Tayassu peccari e o Catonous wagneri. Os membros dessa família possuem uma glândula de cheiro dorsal (GD) cuja secreção esbranquiçada tem odor forte. A secreção da GD pode ser utilizada como sinalização para manutenção da proximidade do grupo. Além disso, pode auxiliar a demarcação de território, repelindo predadores, e ainda atuar como feromônio. Os feromônios são substâncias voláteis que os animais utilizam para transmitir informações entre membros de uma mesma espécie. A comunicação através de feromônios está relacionada a padrões comportamentais ou a reprodução. Os feromônios são secretados na urina, fezes ou através de glândulas na pele. Uma vez que os feromônios estão envolvidos com padrões comportamentais na esfera reprodutiva e ainda são capazes de influenciar a atividade gonadal através do eixo hipotálamo/hipófise, é possível especular uma regulação de sua atividade secretora por influência de hormônios sexuais. Este trabalho tem como objetivo verificar a influência da testosterona sobre a morfologia da GD do cateto, caracterizando sua histologia em um animal adulto; e analisar as possíveis modificações na organização histológica na glândula em um animal castrado.
METODOLOGIA:
Foram utilizados 14 animais, provenientes do Centro de Multiplicação de Animais Silvestres (CEMAS/ESAM), Mossoró, RN. Os animais foram sacrificados como parte de convênio ESAM/IBAMA/INCRA para distribuição de carcaças de cateto como parte do programa do Governo Federal Fome-Zero. Os animais que foram submetidos a orquiectomia, foram anestesiados utilizando-se 120-150mg de cloridrato de tiletamina e cloridrato zolazepan em partes iguais, e transferidos para o hospital veterinário. Após o procedimento cirúrgico os animais foram reconduzidos ao CEMAS, mantidos vivos por 15, 45 e 60 dias após a cirurgia. As GDs dos demais foram removidas cirurgicamente, utilizando os anestésicos citados acima. Fragmentos (3-5 cm) das GDs de animais castrados e não-castrados foram fixados por imersão em uma solução de formalina 10% em tampão fosfato 0,1 M por 18 h à 4oC. Após a fixação os fragmentos foram desidratados através de banhos em série crescente de etanol (70 a 100 %), diafanizados em xilol, impregnados e incluídos em parafina (56 oC). Os blocos de parafina foram cortados em um micrótomo rotatório (5-8 µm de espessura). Os cortes foram distendidos, colocados em lâminas de vidro cobertas com albumina de Meyer e corados com azul de toluidina e hematoxilina-eosina. As lâminas foram montadas com lamínulas e bálsamo do Canadá. A análise e documentação do material foram realizadas em um microscópio de luz (Olympus CX31) dotado de câmera fotográfica.
RESULTADOS:
A GD possui forma oval, no centro há uma teta pela qual o almíscar é secretado. Há duas regiões anatomicamente distintas, uma porção cranial (cor branca) e uma porção caudal (cor parda). A irrigação é feita por dois vasos que penetram a cápsula pela região caudal. A porção cranial possui a estrutura de uma glândula sebácea túbulo acinosa ramificada composta. Os ductos são revestidos por um epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. A glândula é dividida em lóbulos por tecido conjuntivo, nos septos encontram-se os sistemas de ductos, vasos sanguíneos e nervos. Os ductos apresentam um epitélio simples cúbico, mas à medida que se aproxima do ducto principal, há uma estratificação gradual. As unidades secretoras nessa porção da glândula assumem a forma de alvéolos semelhantes à glândula mamária, o epitélio destes alvéolos se apresenta bastante vacuolado que sugere acúmulo da secreção. Notam-se também projeções apicais das células epiteliais sugerindo um processo de secreção do tipo apócrino. A testosterona influência apenas a porção caudal. Duas semanas após a castração, o citoplasma das células epiteliais dos alvéolos torna-se homogêneo, com um pouco de material acumulado. Esse material vai ficando mais escasso e o citoplasma fica sem vacúolos. Nota-se achatamento do epitélio que deixa de ser cilíndrico e passa a cúbico, atingindo o grau máximo de modificação aos 60 dias após queda dos níveis séricos de testosterona.
CONCLUSÕES:
A glândula dorsal do Tayassu tajacu está sob forte influência da testosterona. A diminuição dos níveis séricos de testosterona como conseqüência da castração, mostrou alterações consideráveis nas unidades secretoras da porção caudal da glândula dorsal. Essas alterações sugerem que a fisiologia da glândula também deve ser alterada. A secreção por parte da glândula ainda é observada, no entanto, como houve reorganização do epitélio secretor acredita-se que também tenha havido modificações no tipo de secreção (qualidade do material secretado).
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  influência hormonal; glândula de cheiro; Tayassu tajacu.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005