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G. Ciências Humanas - 5. História - 4. História e Filosofia da Ciência
ETNOASTRONOMIA DOS ÍNDIOS BRASILEIROS: UMA VISÃO HISTÓRICA
Flávia Pedroza Lima 2 (flaviapedroza@gmail.com) e Ildeu de Castro Moreira 1
(1. Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia - UFRJ; 2. Coordenação de Educação, Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST/MCT)
INTRODUÇÃO:
Existe no Brasil um grande número de livros, crônicas, relatos e outros documentos históricos de viajantes, colonizadores, missionários, naturalistas, antropólogos e militares que estiveram em contato com os povos nativos desde a chegada dos portugueses. Neste trabalho, são analisados alguns dos mais importantes documentos históricos brasileiros que trazem informação sobre etnoastronomia indígena. O objetivo é construir um quadro geral dos conhecimentos astronômicos indígenas como descritos e interpretados pelos europeus e outros pesquisadores no Brasil. No Brasil, temos poucos trabalhos em etnociências, a despeito da enorme diversidade de etnias indígenas que se espalham pelo território brasileiro, cada uma delas provida de um rico corpo de saberes constituídos e transmitidos ao longo de sua história. Assim, torna-se importante mapear, sistematizar e eventualmente divulgar os conhecimentos astronômicos empíricos e descritivos dos povos indígenas brasileiros, cujos saberes têm sido muito pouco reconhecidos historicamente.
METODOLOGIA:
Escolhemos obras do século XVI à primeira metade do século XX, ou por sua importância histórica de uma maneira geral ou por serem particularmente ricas em informações etnoastronômicas. Estas informações históricas são também cotejadas com estudos etnográficos recentes sobre alguns grupos indígenas atuais. No primeiro estágio do trabalho, pesquisamos a literatura etnohistórica brasileira para identificar obras que continham alguma informação etnoastronômica. O passo seguinte foi analisar cada uma das obras selecionadas, onde encontramos descrições de constelações, cosmogonia, mitos estelares, sistemas de calendário e alguns conhecimentos astronômicos empíricos. Os autores selecionados foram: Hans Staden, Fernão Cardim, Jean de Léry, Claude D´Abbeville, João Daniel, Couto de Magalhães, H. W. Bates, Henry Coudreau, Spix e Martius, Koch-Grünberg e os Padres Salesianos. Estas informações históricas são também cotejadas com estudos etnográficos recentes sobre alguns grupos indígenas atuais.
RESULTADOS:
Ao longo do trabalho percebemos uma inclinação dos missionários pelo conhecimento acerca da cosmogonia indígena, enquanto os naturalistas tratados revelam por vezes desprezo pelo comportamento “indolente”, “preguiçoso” e “fleugmático” dos índios, e talvez por causa deste preconceito suas obras não sejam tão ricas em descrições etnoastronômicas.
CONCLUSÕES:
Algumas diferenças importantes entre a astronomia ocidental e a indígena foram também percebidas, como na conceituação das constelações, que para nós são do tipo “estrela-a-estrela”, e para muitas culturas indígenas são do tipo “escuras”, se utilizando de manchas da Via-Láctea.
Palavras-chave:  História da Ciência Indígena; Etnoastronomia; Etnociência.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005