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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
INFLUÊNCIA DA LUZ E TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MASTRUZ
Ana Clara Moura Neves Rebouças 1 (anaclareco@yahoo.com.br), Sylvana Naomi Matsumoto 1, Shirley de Oliveira Silva 1 e Débora Leonardo dos Santos 1
(1. Departamento de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB)
INTRODUÇÃO:
A germinação é um processo biológico que se estabelece em diferentes situações ambientais atingindo um estágio de otimização para a evolução da semente. Este se realiza como resultado de uma série de reações bioquímicas em resposta a fatores como luz e temperatura, desenvolvendo-se mais rápida e eficientemente a depender das diferentes espécies (SILVA, 1998).
Ultimamente tem sido intenso o interesse na propagação de espécies nativas, devido à ênfase atual aos problemas ambientais. Entretanto, não há conhecimento disponível para análise das sementes da maioria dessas espécies, de modo a fornecer dados que possam caracterizar seus atributos físicos e fisiológicos (ARAUJO, 2003).
O mastruz, Chenopodium ambrosoides é amplamente disseminado no Brasil. Esta planta é ainda conhecida como erva-de-santa-maria, mastruço, o qual possui várias propriedades química que têm sido utilizadas na agricultura brasileira e medicina popular (TAVARES, 2002). O principal componente ativo do óleo de mastruz é o ascaridol, além de outros componentes como ácidos butírico e salicílico, eficientes no tratamento contra ancilóstomo (LORENZI, 1986).
Devido à utilização indiscriminada desta erva, e a carência de estudos relacionados à preservação da espécie, o atual trabalho almeja o entendimento dos processos fisiológicos de germinação, buscando técnicas apropriadas para possíveis cultivos do mastruz, considerando-se suas propriedades benéficas à agricultura e saúde humana.
METODOLOGIA:
As atividades experimentais foram conduzidas no Laboratório de Fisiologia Vegetal, pertencente à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Campus de Vitória da Conquista – Ba, utilizando-se de sementes de Chenopodium ambrosoides L.. Antes de serem utilizadas nos experimentos, as sementes foram selecionadas manualmente para a eliminação de sementes chochas e atacadas por insetos. Não foi realizado qualquer tipo de tratamento de assepsia das sementes.
Os testes realizaram-se em condições de luz e escuro às temperaturas constantes de 20, 25, 30 e 35ºC e um controle à temperatura e luz ambiente. Utilizou-se placas transparentes para os testes em luz contínua e placas totalmente cobertas com papel alumínio para os testes em escuro, ambos contendo quatro repetições de 100 sementes. Para a contagem das sementes nos testes de escuro foram utilizadas câmara escura, e fonte de luz branca fluorescente coberta por sete folhas de papel celofane na cor verde, com intuito de não desencadear o processo germinativo.
Os resultados obtidos foram expressos em porcentagem de germinação por tratamento, freqüência relativa diária, e velocidade de germinação. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas, tendo como fator principal a temperatura, e o fator secundário a exposição à luz. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey.
RESULTADOS:
No regime de temperatura constante observou-se que houve um efeito significativo da luz e da temperatura na porcentagem e velocidade de germinação das sementes de C. ambrosoides, sendo ainda significativa a interação entre os dois fatores em destaque. As sementes germinaram em maior número nos tratamentos mantidos a luz constante (com exceção do controle), podendo ser considerado um caráter fotoblástico positivo quantitativo.
Verificou-se que sob a temperatura de 35°C ocorreu redução da germinação das sementes de mastruz; nesta temperatura a germinação foi praticamente nula, indicando que a temperatura máxima para a germinação das sementes dessa espécie se situa entre 35 e 40ºC. A 30ºC a porcentagem de germinação também se manteve muito baixa em todas as repetições, sem variações na presença ou ausência de luz.
Foi observado alto índice de germinação às temperaturas constantes de 20 e 25ºC, tendo também uma maior velocidade de germinação em comparação aos demais tratamentos mantidos à luz e temperatura constante. Nestas temperaturas foram evidentes a influência fotoblástica no processo germinativo.
A maior porcentagem de germinação obtida observou-se no tratamento controle, podendo, dessa forma indicar uma possível preferência da espécie em questão por variações entre luz e escuro, alternância de temperaturas ou ambas.
CONCLUSÕES:
· Foi observado o fotoblastismo positivo quantitativo em sementes de Chenopodium ambrosoides.
· Determinou-se a temperatura máxima para a germinação das sementes, estando esta entre 35 e 40ºC, quando condicionadas ao regime de luz e temperatura constante;
· Nos tratamentos com temperaturas constantes, a faixa ótima para germinação de sementes de C. ambrosoides foi entre 20 e 25ºC.
· Maior porcentagem e velocidade de germinação foi verificada em sementes submetidas às condições de temperatura e exposição à luz ambiente.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Chenopodium ambrosoides; Fotoblastismo; Plantas medicinais.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005