|
||
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia | ||
RELAÇÕES INTERÉTNICAS EM ESCOLAS DE BARRA DO CORDA | ||
Rodolpho Rodrigues de Sá 1 (betac@elo.com.br) e Elizabeth Maria Beserra Coelho 2 | ||
(1. Curso de Ciências Sociais UFMA; 2. Departamento de Sociologia e Antropologia UFMA) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho é parte integrante do sub-projeto de pesquisa “As Políticas Públicas de Educação Indigenista em Barra do Corda – MA”, que procura compreender a situação dos estudantes indígenas que saem das aldeias e passam a freqüentar escolas na cidade de Barra do Corda – MA. A inserção de estudantes indígenas nestas escolas configura uma situação particular de contato interétnico. Procurei analisar o discurso dos professores “brancos” para perceber como representam a presença de estudantes indígenas em suas escolas. |
||
METODOLOGIA:
A investigação foi feita a partir do novo quadro de políticas de educação indigenistas pautado no respeito à especificidade e diferenciação dos povos indígenas, nos moldes do que Kymlicka (1996) definiu como “cidadania diferenciada”. As relações interétnicas estão sendo consideradas a partir da noção de fricção interétnica desenvolvida por Cardoso de Oliveira (1996). No campo empírico, a pesquisa ocorreu de fevereiro a março de 2005, quando pude conversar com professores da rede estadual e municipal de ensino na cidade de Barra do Corda – MA. Foi dada ênfase aos professores que lecionam no ensino fundamental maior e ensino médio, onde se concentra um número maior de estudantes indígenas, pois o ensino fundamental menor é oferecido nas aldeias. |
||
RESULTADOS:
O discurso dos professores aponta para a classificação de dois momentos distintos no que se refere a presença de indígena nas escolas públicas de Barra do Corda. O primeiro corresponde ao período em que a educação indigenista estava a cargo da FUNAI. Este órgão fazia um acompanhamento desses alunos, verificando seus desempenhos escolares e fornecendo o material necessário. Para os professores isto resultava em melhor rendimento escolar. O segundo momento refere-se a transferência da educação indigenista da FUNAI para o MEC, pelo Decreto nº 26 de 04/02/1991. Nesse contexto não há nenhum acompanhamento desses alunos por parte dos novos gestores da educação indigenista. De acordo com os professores, essa ausência de monitoramento tem provocado baixo rendimento escolar, havendo grande incidência de evasão escolar. Os professores afirmam que os índios necessitam de tratamento especial para permitir-lhes a assimilação dos conteúdos e valores do mundo dos brancos. Colocam ainda que os conflitos interétnicos na escola tornaram-se mais explícitos, gerando mais insegurança nos alunos indígenas, que temem represálias dos colegas não indígenas, sempre que se manifesta algum conflito entre índios e brancos em Barra do Corda. |
||
CONCLUSÕES:
Com a transferência da educação escolar indigenista para o MEC, que a repassou às Secretarias de Educação, a assistência aos alunos indígenas em escolas urbanas deixou de ser prestada, em desrespeito ao Plano Nacional de Educação (2001), que afirma a responsabilidade do estado com relação a esses estudantes indígenas. O fato de não haver nenhum acompanhamento implica que não há nenhuma consideração pela especificidade desses alunos. Os professores reconhecem a necessidade de um tratamento especial a esses estudantes, no sentido de torná-los iguais aos demais alunos, desconsiderando qualquer respeito pela diversidade. Não há, por parte dos novos gestores, especialmente professores, conhecimento das novas regras postas pelo Estado brasileiro no que se refere à educação escolar específica e diferenciada, para índios, mesmo em contextos urbanos. Permanece o ideal integracionista, ferindo princípios legais outorgados na Constituição de 1988. |
||
Instituição de fomento: CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Relações interétnicas; Estudantes indígenas; Escolas Urbanas. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |