|
||
F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 5. Gestão de Pessoas | ||
TRABALHO BANCÁRIO, FLEXIBILIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA: ELEMENTOS ANTAGÔNICOS DE UMA REALIDADE LABORAL. | ||
Andréa Cristina Santos de Jesus 1 (deacris@ufrnet.br) e Ledjane de Araújo Dias 1 | ||
(1. Departamento de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
O mundo do trabalho passa por significativas mudanças, sejam oriundas das modificações nas formas de gestão, sejam decorrentes da inserção de novas tecnologias, ou da busca incessante que as empresas têm de alcançar novos mercados para manterem-se vivas e competitivas adaptando-se com maior eficácia ao mundo globalizado, tornando a flexibilização das relações de trabalho, uma estratégia competitiva. A terceirização, dentre os diversos tipos de flexibilização consiste em uma tendência generalizada no mundo organizacional, no entanto, não é possível afirmar que os trabalhadores estejam motivados ou satisfeitos com este processo, que pode vir a impactar diretamente em seu nível de qualidade de vida no trabalho, e trazer como conseqüências pessoais o acúmulo de tensões e insatisfações, com reflexos à produtividade dos colaboradores. O trabalho em foco tem por objeto a compreensão da influência da terceirização no nível de Qualidade de Vida no Trabalho - QVT, desenvolvido com trabalhadores terceirizados e não terceirizados de uma agência bancária, avaliando a existência de discrepâncias entre os níveis de QVT desta população, de modo a determinar se a flexibilização adotada influenciou estes resultados. A escolha da área bancária deve-se ao fato desta ter passado por profundas mudanças oriundas do processo de reestruturação produtiva, as quais influenciaram as relações entre as empresas e seus clientes internos e externos, o que pode vir a comprometer a QVT. |
||
METODOLOGIA:
A pesquisa é um estudo de caso realizado em uma agência bancária na Cidade de Currais Novos, RN. Foram adotados métodos quantitativos e qualitativos, o primeiro consistiu na aplicação de um questionário estruturado, que determinou o perfil da população e mensurou seu nível de QVT através de suas variáveis determinantes, aplicado tanto para efetivos, quanto terceirizados, A análise destes dados foi viabilizada pela inserção no questionário de seções relativas a: saúde, estresse, estilo de vida e satisfação no trabalho, com questões dispostas em escala de Likert de 5 (cinco) pontos, seus escores foram obtidos pela média das questões, consideradas somente como indicadores de bom nível QVT aquelas que apresentaram valor igual ou superior a 3 (três) pontos. Foram comparados a seguir os resultados das duas populações, para verificar possíveis divergências que pudessem ser identificadas. O método qualitativo efetivou-se através da realização de entrevistas abertas, mediante a gravação do conteúdo, que objetivaram analisar a visão dos elementos acerca de sua QVT, preservando a identidade dos entrevistados, os trabalhadores efetivos, foram denominados E1, E2,...e E12, e os terceirizados, T1, T2...e T5, totalizando 17 (dezessete) pessoas. As informações obtidas foram tratadas a partir da análise categorial de conteúdo, uma das técnicas propostas por Bardin (1997), assim o conteúdo das entrevistas foi transcrito e analisado através das categorias analíticas inicialmente propostas. |
||
RESULTADOS:
No que se refere ao perfil dos respondentes, foram observadas diferenças entre ambas populações, tais como o tipo de atendimento efetuado, faixa etária, sexo, escolaridade, salário e o tempo de serviço, o que traça uma diferenciação entre ambas, que vai interferir no nível de sua QVT, pois os terceirizados são em sua maioria homens jovens de baixa escolaridade, recebem salários inferiores e têm menor horizonte na organização, realizam trabalho mais rotineiro e sem desafios, estando devido á própria natureza do trabalho flexibilizado mais expostos às exigências do mercado e sujeitos de forma mais intensa a precarização das relações de trabalho. Também foram identificadas discrepâncias em se tratando das variáveis relevantes para a determinação do nível de QVT, no que se refere à saúde e estresse; hábitos e estilo de vida; e satisfação do empregado com relação ao seu trabalho, foi observado que apesar dos terceirizados apresentaram melhores hábitos e menores sintomas de estresse, eles têm acentuada insatisfação em todos os fatores que mensuram a satisfação para com o ambiente de trabalho. Por sua parte os efetivos estão mais estressados, pois se encontram mais voltados para o atingimento de metas e são submetidos a grande esforço mental, sendo que estes estão mais satisfeitos com o seu trabalho, contudo, ainda existem variáveis de QVT que indicam nesta população, baixa satisfação para com o salário, riscos de assaltos, layout da agência e planejamento de metas. |
||
CONCLUSÕES:
A pesquisa avaliou as influências das relações flexíveis de trabalho, especificamente da terceirização, na QVT de empregados terceirizados e efetivos, envolvidos em um mesmo contexto organizacional. Foram observadas divergências nas categorias pesquisadas, onde os empregados efetivos apresentaram indicadores de QVT superiores aos dos terceirizados. Também foi confirmado que a reestruturação produtiva ocorrida no setor bancário acabou por dividir os trabalhadores em duas parcelas: uma referente ao núcleo central de trabalho e outra contingencial, neste caso, os terceirizados, ocasionando desdobramentos em trabalhadores qualificados/ menos qualificados, com empregos melhores/ com empregos mais precários. Esta realidade, apesar de precarizar o trabalho de ambas as populações, teve sua ação mais efetiva na população de terceirizados, pois estes estão mais carentes de ações que possibilitem tanto o resgate do significado do trabalho, quanto a intensificação do seu comprometimento para com os objetivos organizacionais proporcionando assim a elevação dos níveis de QVT. No cenário em questão, para conquistar este fator, é necessário, promover melhorias buscando juntamente com o contingente de elementos terceirizados, sindicatos, empresa contratada e contratante minimizar os efeitos negativos da flexibilização do trabalho, pois, caso contrário, pode a terceirização deixar de ser uma estratégia organizacional para o enfrentamento de um mercado competitivo, para ser um foco de problemas. |
||
Instituição de fomento: UFRN- PROPESQ | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Trabalho Bancário; Flexibilização; Qualidade de Vida no Trabalho. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |