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G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil

DOS MALES, O MAIOR: SAÚDE E DOENÇA DOS ESCRAVOS NA CAPITANIA DO RIO GRANDE DO NORTE (SERIDÓ - SÉCULO XVIII).

Sebastião Genicarlos dos Santos 1 (genicarlos2000@yahoo.com.br), Hugo Romero Cândido da Silva 1 e Muirakytan Kennedy de Macêdo 1

(1. Depto. de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.)

INTRODUÇÃO: A exemplo do que aconteceu também em outras regiões da América Portuguesa colonização dos sertões da então Capitania do Rio Grande do Norte foi realizada sob égide da pecuária, visto que esta não poderia dividir espaços com as plantações de cana que se estabeleciam na faixa litorânea, atividade bem mais lucrativa que a criação de animais, deste modo passaram a ser ocupados pelas fazendas de gado. É sabido que desde o século XVI, quando se inicia a colonização do Brasil por Portugal, a mão-de-obra escrava constituía a principal força motriz da produção econômica, no caso das regiões sertanejas do Rio Grande, inclusive daquele espaço que posteriormente viria a ser denominada de Seridó, a escravização caracterizou-se pela pequena quantidade de cativos em relação às regiões canavieiras, isto devido à pecuária ter sido uma atividade que poderia ser realizada por um limitado número de pessoas. Partindo dessa perspectiva, esta pesquisa objetivou uma melhor compreensão do cotidiano escravista no Seridó, através de um estudo sobre a saúde dos cativos e das mazelas que os afetavam.

METODOLOGIA: Para que pudéssemos realizar nossa pesquisa buscamos bases nos dados contidos nos inventários post-mortem do Fundo da Comarca de Caicó/1º Cartório Judiciário que atualmente estão sob a guarda do LABORDOC (Laboratório de Documentação Histórica), da UFRN e que fazem parte da pauta de pesquisa da equipe que integra o projeto de pesquisa do Profº Muirakytan Kennedy de Macedo denominado “Sangue da Terra: História da Família Seridoense Colonial”. Neste sentido, analisamos dezessete inventários do século XVIII que delinearam um recorte de 37 anos (1737-1774). Esta análise de forma inicial se deu na forma de catalogação dos documentos disponíveis, leitura e alimentação de uma ficha de informações que serve de fonte para as pesquisas acima citadas. As leituras que serviram de inspiração são formadas por Mary C. Karasch (2000), Denise Mattos Monteiro (2002) e Olavo de Medeiros

RESULTADOS: Nos dezessete inventários pesquisados conseguimos detectar a presença de 52 cativos dos quais um total de 11,53% apresentou algum tipo de mazela, a saber, uma doente do fígado, um aleijado de uma das mãos por ter um dedo mutilado, outra é descrita como “achacada” porém, sem que sua enfermidade seja especificada; outros três, ou seja, 50% dos tidos como vítimas de mazelas sofriam de hérnias, enquanto 88,46% dos escravos (46) são considerados como saudáveis, ou não tem seu estado de saúde descrito, o que supunha a saúde dos mesmos, pois provavelmente qualquer mal que afetasse a saúde ou o físico de um escravo seria aludido, posto serem fatores que influíam diretamente no valor dos cativos.

CONCLUSÕES: Percebemos com certa nitidez que a sanidade da escravaria era motivo de preocupações dos proprietários do sertão, pois a grande maioria dos cativos (88,46% deles) não apresentava problemas de saúde ou deformidades físicas. Dos males presentes nos cativos estudados apenas 33,33% eram doenças como a hepática já mencionada e do achaque não identificado, em contrapartida 66,66% desses males eram ocasionados no esforço produtivo contando com a possibilidade do caso das mutilações serem fruto de acidentes de trabalho (três casos de hérnia poderiam ter sido provocados por levantamento de peso em excesso durante do desenvolvimento as atividades cotidianas). Não queremos apresentar nossa pesquisa como um retrato fiel e total da realidade que por nós foi estudada, mas como um reflexo de tal realidade.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  ESCRAVOS; SAÚDE; MAZELAS.

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005