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C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Órgãos e Sistemas | ||
EFEITO DO EXTRATO BRUTO DE , Ottonia anisum, SOBRE O CORAÇÃO ISOLADO DE RATOS | ||
Flávia Conceiçãol 3 (vianafj@bol.com.br), Pollyana Souza 2, Fernando Ponciano 1, Roseli Soncini 1 e Glenan Singi 1 | ||
(1. Depto. de Ciências Biólogicas, EFOA/CEUFE, Alfenas/MG; 2. Depto. de Ciências Exatas, EFOA/CEUFE, Alfenas/MG; 3. Depto. de Farmácia, EFOA/CEUFE, Alfenas/MG) | ||
INTRODUÇÃO:
O jaborandi-do-mato (Ottonia anisum) é componente comum a cobertura herbácea das encostas da Floresta Atlântica da Serra do Mar. A raiz do jaborandi, quando mastigada, deixa a boca anestesiada por muitas horas, eliminando assim as dores de dentes. Portanto, aparentemente, acredita-se que essa planta tenha efeitos anestésicos locais que podem ser semelhantes aos encontrados comercialmente e usados em clínicas odontológicas diariamente. Sobre os anestésicos locais sintéticos, sabe-se que são substâncias químicas que bloqueiam a origem e a condução dos impulsos nervosos da dor, seu efeito é em nível de membrana celular, impedindo o aumento da condutância dos canais de sódio voltagem-dependente. Desta forma, o principal efeito dos anestésicos locais é a vasodilatação periférica, principalmente sobre as arteríolas, ocasionando a hipotensão arterial. No coração, os anestésicos locais atuam, também, através do bloqueio de canais de sódio da célula cardíaca, produzindo bradicardia, depressão do segmento ST, alargamento do complexo QRS, bloqueio da condução atrioventricular, taquicardias supraventriculares e ventriculares e fibrilação ventricular, promovendo ainda diminuição da força de contração. Nesse contexto, o objetivo do estudo foi verificar se o extrato bruto de Jaborandi do mato (Ottonia anisum) considerada planta anestésica, apresenta efeito depressor sobre o coração isolado assim como demonstrado para os anestésicos locais sintéticos. |
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METODOLOGIA:
Foram utilizados corações de ratos machos (Rattus norvegicus albinus, n = 6), pesando entre 300 e 350 gramas. O órgão isolado foi posicionado no sistema de perfusão Langendorff para que fossem aplicadas as doses do extrato bruto de Ottonia anisum. O qual foi obtido a partir de 3,5 g de raízes trituradas de Ottonia anisum misturada com clorofórmio. Posteriormente retirou-se o solvente da mistura utilizando-se um aparelho de rotavapor. A partir desse preparou-se as doses: dose I - 1mL de solução de extrato : 5 mL de água destilada; dose II - 1mL de solução de extrato: 3 mL de água destilada e dose III - 1mL de solução de extrato: 0,6 mL de água destilada. As doses foram administradas no coração isolado em um volume de 0,2 mL e o mesmo volume foi usado para lavagem do sistema com solução Locke. Foram obtidos os registros de: força de contração (F, g) usando-se um transdutor isométrico acoplado a um fisiógrafo (Ugo Basile 7070) e freqüência cardíaca (FC, bpm) e a atividade elétrica do coração foram registrados com um eletrocardiógrafo (EGC-4, FUNBEC). Os tempos de registro para cada dose foram: controle (obtido com aplicação da solução Locke), 15, 30, 60 segundos e em intervalos de 60 segundos até o restabelecimento dos valores obtidos no controle. Os resultados obtidos foram expressos em média e EPM e analisados estatisticamente usando-se Análise de Variância (ANOVA), seguido do teste Student-Newman-Keuls. Foram considerados estatisticamente diferentes os resultados com P<0,05. |
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RESULTADOS:
A administração da dose I promoveu fibrilação ventricular que persistiram até aos 343 ± 75 segundos de registro, sendo que após esse tempo o valor de F obtido no controle foi restabelecido (3,1 ± 0,21 g). A FC tornou-se irregular, com episódios de fibrilação, até aos 280 ± 51 segundos e após esse tempo foi retomado o valor controle (211 ± 11,09 bpm). A dose II provocou fibrilação ventricular até aos 340 ± 11 segundos de registro, sendo que após esse tempo foi retomando o valor controle da F (3,40 ± 0,36 g). A FC ficou irregular, com episódios de fibrilação, até aos 300 ± 69 segundos de registro, retornando seus valores controle (207,43 ± 11,12 bpm) após esse tempo de registro. A administração da dose III o mesmo padrão, ou seja, fibrilação ventricular, até aos 984 ± 272 segundos de registro, sendo que após esse tempo foi retomado o valor controle da F (3,74 ± 0,37 g). A FC ficou alterada, com fibrilação, por 636 ± 49 segundos de registro, retomando ao valor controle (213,14 ± 15,13 bpm) após esse tempo. O tempo de restabelecimento para a dose III, tanto para F como para FC, foi estatisticamente diferente (P<0,05) das demais doses (I e II) administradas. |
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CONCLUSÕES:
O efeito da aplicação do anestésico local lidocaína em coração isolado de cobaios mostrou significativo decréscimo na força de contração (F) aos 15, 30 e 60 segundos e na freqüência cardíaca (FC) aos 15 segundos de registro. Outros estudos demonstraram que a pressão arterial média de ratos anestesiados reduziu significativamente após 15 segundos da administração de lidocaína. Esses efeitos foram atribuídos à redução da condutância dos canais de sódio, acarretando vasodilatação periférica pela diminuição da excitabilidade e contratilidade cardíaca. No presente estudo, os resultados obtidos após a administração das diferentes doses do extrato obtido com clorofórmio de Ottonia anisum no coração isolado de ratos causaram profundas alterações da F e da FC, sendo considerados tóxicos para o sistema cardiovascular. Contudo, isso não descarta a possibilidade desse gênero (Ottonia) apresentar componentes químicos com efeitos anestésicos. O provável constituinte químico que provocaria o efeito anestésico é a amida piperovatina. |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Ottonia anisum; coração isolado; extrato de clorofórmio. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |