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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ALTERAÇÕES FOLIARES NA VEGETAÇÃO DE UM MANGUEZAL AFETADO POR UM VAZAMENTO DE ÓLEO DIESEL, NA ILHA DE SÃO LUÍS-MA, BRASIL
Ana Carla Serra Gomes 1 (carla_sg@hotmail.com) e Flávia Rebelo Mochel 2
(1. Depto. de Biologia, Universidade Federal do Maranhão-UFMA; 2. Depto. de Oceanografia e Limnologia, Universidade Federal do Maranhão-UFMA)
INTRODUÇÃO:
Alterações foliares muito freqüentes na vegetação do manguezal têm sido relacionadas a distúrbios de origem antrópica, pois representam uma resposta direta às condições locais. O estudo dessas alterações é de fundamental importância para a compreensão dos efeitos de um tensor sobre o ecossistema, o que contribui para a implementação de ações de manejo e conservação. O objetivo deste trabalho é monitorar a evolução das alterações foliares ocorridas no manguezal atingido por um vazamento de óleo diesel ocorrido nas dependências da Companhia Vale do Rio Doce, em maio de 2000.
METODOLOGIA:
Deu-se continuidade aos trabalhos efetuados nos anos de 2000 a 2003, realizando-se ainda coletas semestrais em 2004. A área de manguezal estudado é formada pelas espécies arbóreas Avicennia germinans e Laguncularia racemosa. Foram estabelecidas 5 parcelas de 10x10m, sendo coletadas de cada espécie, por parcela, e de forma aleatória, 50 folhas verdes expostas ao sol, das quais se obteve medidas de comprimento e largura, número de folhas com galhas e de folhas anômalas, e 30 folhas senescentes, das quais se calculou a área de pastejo. Aplicou-se uma correlação de Pearson para análise do desenvolvimento foliar (relação entre comprimento e largura das folhas verdes), e para as demais variáveis, aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis, para avaliar a variação obtida entre os anos.
RESULTADOS:
As espécies A. germinans e L. racemosa apresentaram desorganização estrutural de suas folhas verdes 4 anos após o vazamento, evidenciada pelos coeficientes de correlação relativamente baixos (r=0,53, p<0,05 e r=0,57, p<0,05, respectivamente). Observou-se ainda diminuição nos comprimentos das folhas verdes em ambas as espécies, sendo mais significativa em A. germinans. Uma porcentagem crescente de folhas galhadas foi evidenciada para A. germinans, com um aumento siginificativo em 2004 (50,8%, p<0,05), em relação ao primeiro ano de estudo, em 2000 (7,6%), enquanto em L. racemosa, não houve diferença significativa. Na análise do número de folhas anômalas, ambas as espécies apresentaram aumento significativo (p<0,05) após 4 anos da ocorrência do incidente. A herbivoria em A. germinans e L. racemosa se mostrou significativa (superior a 10%) somente em 2003 e 2000, respectivamente, havendo uma diminuição em ambas as espécies em 2004, quando comparado ao ano de 2000, sendo que essa diminuição foi mais significativa em L. racemosa. Para esta espécie parece ter havido uma estabilização da porcentagem de herbivoria nos três últimos anos de estudo. Outros impactos verificados no manguezal foram corte de árvores e circulação de gado bovino.
CONCLUSÕES:
Para a maioria das variáveis analisadas, constataram-se alterações significativas após 4 anos da ocorrência do vazamento, o que sugere que a vegetação ainda sofre os efeitos crônicos, devido à persistência de resíduos do óleo. As alterações observadas nas folhas verdes foram mais intensas em A. germinans, sugerindo que esta espécie é mais sensível ao impacto por óleo. Para melhor compreensão da tendência à longo prazo do comportamento das variáveis analisadas, se faz necessária a continuidade do monitoramento em anos subseqüentes.
Instituição de fomento: CVRD, PET/SESu/UFMA
Palavras-chave:  Alterações foliares; manguezal; vazamento de óleo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005