|
||
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social | ||
NAS TEIAS DA FORTUNA: HOMENS DE NEGÓCIO NA ESTÂNCIA/SERGIPE OITOCENTISTA (1820-1890). | ||
Sheyla Farias Silva 1 (sheylafarias@yahoo.com.br) | ||
(1. Depto. de História, Universidade Federal da Bahia - UFBA) | ||
INTRODUÇÃO:
Ao explicar o comportamento econômico do Brasil escravista, a historiografia brasileira consagrou a premissa que a atividade agrária de caráter exportador foi à geradora da riqueza nacional. Deste modo, os grandes senhores agrícolas e os comerciantes sediados em Portugal -que monopolizavam a venda dos produtos tropicais e compra de escravos, eram os detentores de fortunas. Destarte, relegou a importância dos negociantes residentes na colônia e a sua participação na construção da riqueza colonial. Todavia, admitindo a existência de uma classe mercantil residente que por vezes financiou outras atividades, a exemplo das atividades agrárias, contribuindo assim para a acumulação endógena e construção da riqueza nacional, esta pesquisa tem por objetivo demonstrar através do estudo dos inventários post-mortem, a composição das fortunas dos negociantes residentes em Estância/Sergipe, no período de 1820 – 1890. Essa periodização é justificada por em 1820 temos a primeira tentativa de emancipação política da Capitania de Sergipe Del Rey, consolidada em 1822 e 1890 para analisar os reflexos da abolição do trabalho compulsório, grande pilar da economia nacional. |
||
METODOLOGIA:
Para alcançarmos tal propósito, foram consultados 750 inventários post-mortem, no período de 1820-1890, dos quais nos deteremos a analisar 75 pertencentes a negociantes residentes em Estância/SE. Nestes inventários identificamos e quantificamos os bens dos negociantes tais como: escravos; jóias (peças de ouro e de prata), bens de raiz (casas, terrenos, fazendas, chácaras e lavouras), semoventes (bovinos, eqüinos, muares, caprinos e ovinos), bens móveis (imagens, roupas, trastes de casa, louça etc.), ferramentas (arreios, martelos, moinhos, foices, enxadas, machados etc.), ações, dívidas ativas (valores a receber referente a empréstimos em dinheiro ou venda de bens), mercadorias, dinheiro, além de outros bens que compunham o monte-mór e seus respectivos valores, o que permitiu a visualização do movimento da riqueza estanciana. Assim, agregamos os bens arrolados nas seguintes categorias: bens escravos; bens de raiz e plantações; bens móveis, que englobariam além dos trastes de casa, as jóias e ferramentas; dívidas ativas; semoventes; dinheiro e estoques ou conforme menciona a linguagem da época “fazendas”, gêneros encontradas em suas lojas. |
||
RESULTADOS:
Verificamos que os negociantes estancianos construíram suas fortunas pautadas na diversidade de bens, na qual os bens de raiz estavam presentes em 87% dos inventários, compostos em sua maioria por imóveis urbanos; seguidos pelos escravos (82%), bens móveis (85%), mercadorias (75%), dívidas ativas (68%), semoventes (53%) e dinheiro (27%). |
||
CONCLUSÕES:
Ao estudarmos a vida material dos negociantes estabelecidos em Estância no período de 1820-1890, percebemos o caráter mercantil e dinâmico desta cidade, evidenciado pela composição das fortunas, na medida em que estes investiram 49% de sua riqueza em dívidas ativas, contraídas pelo intercâmbio comercial, via abastecimento, empréstimos e pelas transações comerciais com negociantes de outras localidades sergipanas, bem como outras Províncias, a exemplo da Bahia. Ainda de acordo com a posse de bens, verificamos que alguns negociantes tinham uma extensa rede de crédito, originados pelas compras efetuadas a prazo em suas lojas ou por empréstimos concedidos. Ao considerarmos o ato de emprestar, mesmo que pequenas quantias, uma oportunidade de expandir sua influência, na medida em que para esta sociedade o capital usurário promovia prestígio e poder. |
||
Palavras-chave: Riqueza; Negócio; Bens. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |