|
||
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica | ||
PROTEÍNAS DE Moringa oleifera LAM. LIGANTES À QUITINA E SEU POSSÍVEL PAPEL NA DEFESA DA PLANTA | ||
Juliana Menezes Gifoni 1 (jmgifoni@pop.com.br), Henrique Pinho Oliveira 1, Janne Keila Sousa Morais 1, José Tadeu Abreu De Oliveira 1 e Ilka Maria Vasconcelos 1 | ||
(1. Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará – UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
Moringa oleifera é uma espécie pertencente à família Moringaceae, nativa do noroeste da Índia e difundida em quase todos os continentes. Esta planta caracteriza-se por ser bastante resistente a doenças, sendo agredida naturalmente apenas por poucas espécies de insetos. A razão para isso advém do fato das plantas terem desenvolvido, durante a evolução, barreiras físicas e sistemas químicos de defesa efetivos capazes de protegê-las contra seus “inimigos”. Entre os compostos químicos, é bastante provável que componentes de natureza protéica possam estar envolvidos com a resistência vegetal a predadores. Em trabalhos anteriores, foram detectadas proteínas ligantes à quitina em sementes de M. oleifera. Quitina é o principal componente de paredes celulares de fungos e da membrana peritrófica de insetos. No intuito de testar a hipótese de que as proteínas ligantes à quitina de M. oleifera estariam envolvidas na defesa da planta, elas foram purificadas e seus efeitos sobre potenciais pragas e fitopatógenos avaliados. |
||
METODOLOGIA:
Farinha de sementes de M. oleifera foi delipidada e as proteínas solúveis extraídas com tampão Tris-HCl 50 mM, pH 8,0, contendo NaCl 0,15 M, na proporção de 1:10 (p/v). A suspensão foi agitada por 4 h, a 4 C, filtrada em pano de trama fina e centrifugada a 15.000 x g, 30 minutos, 4 C. Do sobrenadante obtido, denominado extrato total, foram purificadas as proteínas ligantes à quitina, através de solubilidade diferenciada em água, precipitação com sulfato de amônio e cromatografia de afinidade em coluna de quitina. Dois picos adsorvidos foram eluídos da matriz cromatográfica: PNAG, eluído com N-acetil-D-glucosamina 0,1 M e PAC, eluído com ácido acético 0,05 M. Para a avaliação do potencial inseticida, foi utilizado como modelo experimental o inseto fitopatogênico Callosobruchus maculatus. Os animais foram alimentados com sementes artificiais contendo farinha de feijão-de-corda e diferentes concentrações (0,5, 1,0, 2,0 e 4,0%) do extrato total (ET), fração globulínica (GL) e fração albumínica (AL) liofilizados e PAC liofilizada nas concentrações 0,25, 0,5, 1,0 e 1,5%. A atividade antifúngica foi avaliada utilizando cinco espécies de fungos fitopatogênicos: Aspergillus niger, Colletotrichum gloesporioides, C. lindemuthianum, Rhizoctonia solani e Fusarium solani. Os parâmetros avaliados foram inibição do crescimento e da germinação dos esporos destes fungos. |
||
RESULTADOS:
PNAG e PAC mostraram-se, respectivamente, em uma banda única de massa molecular aparente de 9 kDa, por eletroforese em gel de poliacrilamida, sob condições redutoras. As composições de aminoácidos de PNAG e PAC revelaram elevados teores de Glx, Arg, Ile e Pro. Na avaliação do potencial inseticida, as dietas experimentais contendo ET, AL e PAC diminuíram a emergência de insetos adultos quando comparadas com o grupo controle, cuja dieta foi à base de feijão-de-corda. Dentre as amostras testadas, PAC foi que causou a maior redução na emergência dos insetos, particularmente quando incorporada no teor 1,5%. Em relação ao peso médio, observou-se que somente o ET e PAC, quando presentes em teores correspondentes a 4,0% e 1,5%, respectivamente, foram capazes de interferir no peso dos animais. As dietas teste (ET, AL e PAC) também foram capazes de retardar o tempo de desenvolvimento dos insetos quando comparadas ao controle. Embora PNAG e PAC não tenham apresentado atividade hemaglutinante ou quitinásica, elas foram capazes de inibir o crescimento vegetativo e/ou a germinação dos fungos fitopatogênicos Aspergillus niger, Colletotrichum gloesporioides, C. lindemuthianum, Fusarium solani e Rhizoctonia solani. |
||
CONCLUSÕES:
Tais resultados suportam a hipótese de que PNAG e PAC são proteínas ligantes à quitina possivelmente envolvidas no mecanismo de defesa da Moringa oleifera contra insetos fitófagos e fungos fitopatogênicos. |
||
Instituição de fomento: FUNCAP, CNPq e CAPES | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Moringa; Proteínas; Quitina. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |