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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 9. Métodos Quantitativos em Economia | ||
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO SAZONAL DOS PREÇOS DAS CARNES COMERCIALIZADAS PELOS PRODUTORES NO ESTADO DO CEARÁ | ||
Elzilene Gomes Costa 1 (elzilenecosta@bol.com.br) e Benedita Marta Gomes Costa 1 | ||
(1. Curso de Geografia, Curso de Administração, Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA) | ||
INTRODUÇÃO:
Na região semi-árida do Nordeste brasileiro, as fontes de renda das quais dependem a maioria dos pequenos agricultores, está fundamentada na produção agrícola e na pecuária. A agricultura é constituída, basicamente do cultivo de feijão e milho, destinados em sua maior parte para à subsistência das famílias rurais e a pecuária é caracterizada principalmente pela criação de bovinos, caprinos e ovinos. Tendo estes a função econômica de produzir leite, carnes e peles para subsistência do produtor rural. No entanto, devido a falta de conhecimentos em relação as práticas zootécnicas e sanitárias dos pequenos agricultores, o principal produto comercializado se constitui na carne. De uma forma geral temos observado que o consumo de carnes, especificamente a bovina está no hábito alimentar da população brasileira, pois o consumo está em 42 kg por habitante/ano, o consumo de carnes caprina e ovina tem sofrido um incremento substancial nos últimos dez anos, mas ainda situa-se em torno de 1,5 kg por habitante/ano. Entretanto, em determinadas regiões, especificamente na região Nordeste, a carne caprina e ovina vem ganhando espaço no cenário sócio-econômico. O Ceará tem na comercialização das carnes bovinas, caprina e ovina um importante segmento da sua economia por apresentar um mercado em expansão. Dessa forma, o estudo dos preços das carnes: bovina, caprina e ovina faz-se necessário tendo em vista ajudar o produtor nordestino no planejamento para a comercialização desses produtos. |
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METODOLOGIA:
Utilizou-se neste trabalho os preços médios mensais recebidos pelos produtores no Estado do Ceará, pelo quilo da carne caprina, ovina e caprina, calculado pelo IPECE (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará) a partir dos levantamentos realizados pela EMATERCE (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará), no período de 1992 a 2000. Os preços originalmente em moeda corrente foram corrigidos pelo índice geral de preços – disponibilidade interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas, tendo como base o mês de março de 2004. Para melhor visualização do comportamento sazonal das séries, calculamos os índices sazonais para o período de 1992 a 2000. Para determinar os índices de sazonalidade dos preços adotou-se os seguintes procedimentos: empregou-se o índice geral de preços - disponibilidade interna da Fundação Getúlio Vargas, tendo como base o mês de março de 2004, para deflacionar os preços coletados no IPECE-Ceará; utilizou-se o método "porcentagem média" descrito por Fonseca, Martins & Toledo (1995) para o cálculo do índice sazonal; os dados foram coletados e analisados na planilha excel. |
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RESULTADOS:
Os preços da carne caprina comercializados pelos produtores apresentam dois períodos distintos: o primeiro abrange os quatro primeiros meses do ano, em que os preços são mais altos, situando-se sempre acima do índice médio, enquanto que, no segundo período, compreendido entre os meses de maio a dezembro os preços são mais baixos, apresentando tendência decrescente - salvo os meses de setembro e outubro em que os índices sazonais apresentam maior aproximação da média, 96,97 e 97,04 (respectivamente). Com relação a carne ovina os índices sazonais máximos são verificados nos meses de janeiro a março e nos meses de novembro e dezembro. Os menores índices sazonais ocorreram nos meses de junho a agosto, voltando a subirem no mês de setembro. A partir do mês de abril verifica-se uma certa estabilidade nos índices sazonais, sendo que a maior variação ocorreu no mês de fevereiro, tendo este apresentado o maior índice. O preço da carne bovina apresenta dois períodos distintos ao longo do ano. O primeiro enquadra os meses de janeiro -fevereiro-março-abril, quando nesse período além dos preços situarem-se acima da média anual, alcançam os níveis mais alto do ano. Nos meses de maio a novembro verifica-se que os índices apresentam-se abaixo da média porém apresentam pouca variação entre os meses. Observa-se, ainda, que a partir do mês de novembro inicia-se o período de crescimento do índice sazonal. |
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CONCLUSÕES:
Analisando os resultados, pôde-se identificar algumas semelhanças entre os preços da carne caprina, ovina e bovina, dentre elas podemos citar: - A partir do início do plano real (junho/94), os valores quanto deflacionados pelo IGP-DI, mantiveram-se decrescentes até o ano de 1998 recuperando-se no ano seguinte (1999). - Os valores do desvio padrão apresentaram baixa variação, confirmando uma menor volatilidade na comercialização das carnes caprina, ovina e bovina. O que nos faz concluir que o preço das carnes comercializadas favorece estabilidade no orçamento do produtor. Destaca-se que a amplitude de variação sazonal dos preços das carnes analisadas apresentou-se mais elevada na caprina. - Os maiores índices sazonais ocorreram nos meses de janeiro a abril para a carne caprina, ovina e bovina, período que coincide com a época de chuva e conseqüentemente com a maior oferta de alimentos, o que favorece a retenção de animais nas propriedades. Destaca-se, também, que as carnes ovina e bovina apresentaram os maiores índices nos meses de outubro a dezembro apresentando, neste período, os maiores índices sazonais. Ponto que vai ao encontro do período de escassez de chuvas e conseqüentemente de pouca pastagem, além das festas religiosas no sertão central, em que o consumo da carne ovina se dá de forma mais efetiva. Comportamento que mostra a relação existente entre safra e entressafra ligada a disponibilidade de pastagem e aos efeitos do calendário religioso regional. |
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Palavras-chave: sazonalidade; preço; carne. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |