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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ANÁLISE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO BAIRRO DA SABIAGUABA (FORTALEZA-CE) ATRAVÉS DE FOTOINTERPRETAÇÃO
Rodrigo Guimarães de Carvalho 1 (rodrigo.geo@terra.com.br), Ponciana Freire de Aguiar 1, Denise Maria Santos 1 e Maria Lúcia Brito da Cruz 2
(1. Pós-Graduando em Geociências, Universidade Federal do Ceará - UFC.; 2. Pesquisadora do Lab. de Sensoriamento Remoto, UECE, Fortaleza-Ce)
INTRODUÇÃO:
A Degradação Ambiental, de acordo com a Lei nº 6.938/81 que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, pode ser entendida como a alteração adversa das características do Meio Ambiente. Nesse caso, existem inúmeros mecanismos para a detecção e aferição dessas alterações que funcionam em escalas diferenciadas, dependendo dos objetivos da pesquisa. O presente trabalho traz um panorama geral da situação ambiental com ênfase nos processos de degradação de um bairro litorâneo do município de Fortaleza chamado Sabiaguaba. Para isso foram utilizadas técnicas de Geoprocessamento. O presente estudo teve como objetivo geral à análise dos processos de degradação associados ao uso e ocupação da área. Em nível mais pontual podemos citar os seguintes objetivos: elaboração de um diagnóstico ambiental do bairro da Sabiaguaba e entorno próximo; análise dos tipos de uso do território associados aos processos de degradação. O acelerado crescimento populacional verificado nas últimas décadas tem trazido inúmeros problemas relacionados ao uso e ocupação do solo, que se refletem num quadro de degradação ambiental comparável ao que ocorre em outros grandes centros populacionais do país. A destruição da faixa litorânea se dá principalmente pela ocupação desordenada proveniente do grande valor econômico que é dado a estes ambientes.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no sentido de identificar aspectos da Degradação Ambiental que se processa no local. Foram utilizadas fotografias aéreas de diferentes épocas: 1998; 2001; 2003 assim como imagem de satélite de 2001. Para a análise das imagens assim como a construção dos mapas temáticos foram utilizados os programas ArcView e AutoCad Map junto ao Laboratório de Sensoriamento Remoto da Universidade Estadual do Ceará. Para elaboração da Base Aerofotográfica, foi criado um mosaico das imagens aéreas de 2001, utilizando o software Arc View, com um recobrimento de mais de 90% da área de estudo, sendo posteriormente exportado para o Auto Cad Map 2000. A essa base foi associada à Cartografia de 1995, originando as primeiras interpretações quanto às mudanças temporais das feições ambientais. Os mapas de Uso, Ocupação e de Degradação Ambiental foram elaborados através da interpretação visual do mosaico aerofotográfico de 2001 e de 2003, que gerou um “overlay” com os principais atributos relativos aos temas. O mapa de solos foi adaptado da cartografia de 1995. Para a construção do mapa geológico-geomorfológico, utilizou-se o Mapa Geológico da Região Metropolitana de Fortaleza, do qual foram feitas adaptações. Para a identificação das Unidades Geoambientais utilizou-se a proposta metodológica de Bertrand (1969) que trata da evolução e dinâmica das paisagens.
RESULTADOS:
O Bairro da Sabiaguaba, pelo limite fornecido pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, abrange uma área de 14Km2 ou 1400 ha com um perímetro de 17.5 Km aproximadamente. A Compartimentação Geoambiental da área está configurada da seguinte forma: a Planície Litorânea ocupa uma área de 608 ha, representando 43% da área total do Bairro; a Planície Fluvio-Marinha possui uma área de 225 ha, representando 16% da área total; o Tabuleiro Pré-Litorâneo ocupa uma área de 400 ha, representando 28% da área total e a Planície Flúvio-Lacustre possui uma área de 182 ha, sendo 13% da área total. A área de estudo apresenta-se de grande fragilidade ambiental na maior parte do seu território. As Dunas, as Planícies Fluvio-Marinhas, as Lagoas e as Áreas de Inundação Sazonal, demonstram intensa dinâmica, o que confere a esses ambientes alto grau de instabilidade. De acordo com a metodologia proposta e a escala de estudo, optou-se por generalizar as áreas de degradação mais expressivas em duas classes: as de degradação recente e as de degradação antiga. As de degradação recente estão ligadas principalmente à expansão da especulação imobiliária com a construção da ponte sobre o Rio Cocó. Já os processos mais antigos dizem respeito principalmente às atividades de exploração mineral. A explotação de areia das dunas com fins comerciais há vários anos, vem deixando suas marcas na paisagem local. Essa atividade contribui para a degradação de uma área de aproximadamente 163 hectares.
CONCLUSÕES:
A análise das fotografias aéreas associadas às checagens de campo mostraram-se adequadas à escala de estudo, possibilitando alcançar os objetivos propostos. A análise da Degradação Ambiental por meio da fotointerpretação cronológica, levando-se em conta o nível de detalhes das imagens, permitiu a identificação de áreas em processo de degradação recente (à partir de 2001) e processos de degradação antigos. A Degradação Ambiental na área do bairro da Sabiaguaba exige medidas urgentes de contenção e recuperação, principalmente na área das dunas fixas e móveis, onde a degradação já alcança uma área de aproximadamente 163 ha. A retirada descontrolada de sedimentos traz riscos para todo o sistema litorâneo. A possibilidade de criação de uma unidade de conservação que englobe toda a área das dunas e faixa de praia deve ser discutida, tendo em vista a relevância da área e a pouca ocupação existente. Já os loteamentos contribuem para a devastação da vegetação. No entanto, estes podem ser controlados com medidas simples que devem ser indicadas e fiscalizadas pelos órgãos ambientais através do licenciamento ambiental.
Palavras-chave:  Degradação Ambiental; Dinâmica Litorânea; Ordenamento Territorial.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005