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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PERFIL DA VIDA SEXUAL DOS ADOLESCENTES, ANÁLISE DOS CONHECIMENTOS E CAMPANHA DE ESCLARECIMENTO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DST).
Homero Gustavo Rodrigues 1, Ana Karina de Sousa Fernandes 1, Danielle Alcântara Barbosa 1, Luana Cavalcanti Cabral 1, Maísa Carneiro Wanderley 1, Maria Júlia Correia Lima Nepomuceno Araújo 1 e Milena Pinho Couto 1
(1. Depto. de Medicina Interna, Social e Preventiva, Universidade Federal de Campina Grande - UFCG)
INTRODUÇÃO:
Mais de vinte tipos de doenças são transmitidas através do contato sexual e constituem grave problema de saúde pública por suas repercussões médicas, sociais e econômicas. As mais conhecidas são: AIDS, sífilis, gonorréia, clamídia, tricomoníase, condiloma acuminado, cancro mole, herpes genital e hepatite B. Apenas a hepatite B, a sífilis e a AIDS podem ser transmitidas por sangue infectado e pela gestante durante o parto, gravidez ou amamentação. As demais só são transmitidas pela relação sexual. As DST são mais freqüentes nos países em desenvolvimento, onde constituem a segunda maior causa de perda de vida saudável entre mulheres de 15 a 45 anos. Os sintomas, eventualmente, não são reconhecidos com facilidade, o que aumenta o risco à saúde. Secreções, bolhas, úlceras ou verrugas nos órgãos genitais, urência, dor no ato sexual ou abdominal podem ser sinais dessas doenças. Algumas DST, se não forem tratadas, podem causar sérios danos à saúde, como esterilidade, predisposição ao câncer, lesões cardíacas e cerebrais. A prevalência de DST no Brasil é alta, como também no Nordeste; ainda assim, esses índices se mostraram superiores na Paraíba, justificando a realização de um trabalho de educação sexual para os adolescentes. Portanto, buscamos obter informações sobre a vida sexual e social do público-alvo, conhecimentos prévios sobre DST, fornecer conceitos básicos na prevenção, gerar discussão sobre o tema e contribuir com a redução do preconceito contra os portadores de DST.
METODOLOGIA:
Realizou-se uma pesquisa com alunos do Colégio Estadual de Bodocongó, localizado no município de Campina Grande no estado da Paraíba, matriculados nas sextas, sétimas e oitavas séries do ensino fundamental no turno da tarde. A pesquisa abrangeu alunos ainda no início da adolescência e que, supostamente, já tivessem algum conhecimento e/ou experiência no universo sexual. A escolha de um colégio público visou atingir jovens de um nível socioeconômico mais baixo por terem, teoricamente, menor acesso a informações. O contato com os alunos consistiu em dois momentos diferentes.Em um primeiro instante, foi realizada a aplicação de um questionário escrito, individual, que se baseou em perguntas objetivas sobre aspectos sociais, sexuais e conhecimentos relativos às DST (contágio, conseqüências e prevenção). Previamente, procurou-se passar seriedade aos alunos para que estes respondessem de forma condizente com a realidade. A análise dos resultados obtidos com os questionários foi feita através do programa SPSS Data Editor. Posteriormente, com base nos dados coletados, foram elaboradas palestras educativas para esclarecer as dúvidas e firmar os conhecimentos. Numa segunda visita, foram ministradas as palestras em um formato expositivo com a utilização de transparências, cartazes, panfletos, além da distribuição de preservativos. Para uma maior participação dos alunos, foi realizada uma dinâmica a fim de estimular a discussão e a troca de experiências entre o grupo.
RESULTADOS:
A pesquisa envolveu 138 estudantes, sendo 51(37%) do sexo masculino e 87(63%) do feminino. A idade variou entre 11 e 19 anos (média: 14,95 anos). Cursavam a sexta série 42(30,4%), a sétima 63(45,7%) e a oitava 33(23,9%). Apenas 12(8,7%) eram tabagistas e 38(27,5%) etilistas. Referiram vida sexual ativa 36(26,1%), com idade de iniciação entre 11 e 17 anos (média: 16,75 anos), destes, 15(40,5%) relataram ter parceiro fixo. Quanto ao uso de preservativo, 20(54,1%) sempre usam, 13(35,1%) algumas vezes e 4(10,8%) nunca. Dentre o total, 36(26,1%) referiram o costume de carregar preservativo, sendo apenas 6(16,6%) do sexo feminino. Com relação à preocupação em adquirir uma DST após relação sexual sem preservativo, 110(79,7%) mostraram-se muito preocupados e apenas 5(3,6%) despreocupados. Somente 29(21%) conseguiram apontar as DST, 93(67,4%) apresentaram conhecimento sobre as formas de transmissão e 32(23,2%) estavam cientes dos sinais/sintomas. Dos jovens que cursavam a sexta série, 21(50%) conheciam as formas de transmissão das DST, dentre os que estavam na sétima 46(73,01%) e na oitava o número foi de 26(78,79%). Dos 93(67,4%) que conheciam as formas de transmissão, 74(79,57%) demonstraram preocupação em adquirir uma DST após relação sexual sem uso de preservativo. Dos 24 estudantes com vida sexual ativa e conhecimentos da transmissão, somente 13(54,16%) sempre usam preservativo. O uso de preservativo foi referido por 6(40%) dos que têm parceiro fixo e 14(63,63%) dos que não têm.
CONCLUSÕES:
A análise da população observada demonstrou um pequeno índice de adolescentes com vida sexual ativa, talvez em discordância com o nível sócio-econômico reduzido, porém com relação direta à baixa faixa etária. Assim, o objetivo de difundir a prevenção pôde ser alcançado por abranger grande número de adolescentes que ainda não havia se iniciado sexualmente. Os resultados obtidos revelaram que a maioria dos alunos se mostra preocupada em adquirir alguma DST; apesar disso, apenas cerca de metade dos estudantes sempre usam preservativos e este índice ainda é menor entre os que têm parceiro fixo. Esses achados corroboram a distorcida idéia de que ter parceiro fixo exclui a necessidade de prevenção. Também é baixo o número de jovens que carregam consigo preservativo, sendo menor o número entre as mulheres. Apesar da liberdade adquirida pela mulher, na prática ainda persiste o tabu. A responsabilidade pela iniciativa e controle do envolvimento sexual permanece atribuída aos homens. O conhecimento prévio sobre DST mostrou relação direta com o nível escolar. Percebe-se, então, que a escola constitui parcela importante na formação do conhecimento, embora o ensino público do país enfrente uma momentânea precariedade. As palestras e os debates foram importantes para ampliar as informações sobre as DST, suas formas de transmissão e seus sinais/sintomas. Constatou-se um maior interesse dos alunos no tema, demonstrado através de perguntas e troca de informações durante os encontros.
Instituição de fomento: Universidade Federal de Campina Grande
Palavras-chave:  Doenças Sexualmente Transmissíveis; Educação Sexual; Adolescentes.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005