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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
ECONOMIA SOLIDÁRIA: UMA AVALIAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS PARTICIPANTES DO II FESTIVAL DE ECONOMIA POPULAR E SOLIDÁRIA DE PERNAMBUCO.
Ana Cristina Brito Arcoverde 1 (arcoverde@yahoo.com.br), Natacha de Melo Fragoso 1, Patrícia Gonçalves Ferreira 1, Raquel Alves 1 e Tailândia Cláudia Rodrigues 1
(1. Depto. de Serviço Social, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas ocorreram transformações econômicas que afetaram o mundo de trabalho, tendo como conseqüência o crescimento e a permanência de altas taxas de desemprego. Na busca pelo emprego, os trabalhadores desenvolvem novas formas de organização do trabalho e da produção, podendo destacar-se a organização associativa de trabalhadores. Dentre as práticas buscadas pelas populações privadas do trabalho, despontam nos espaços privado, público e estatal, iniciativas econômicas populares baseadas no trabalho cooperativo e na autogestão, denominadas Economia Solidária. O ressurgimento de formas de organização do trabalho e práticas econômicas associativas de trabalhadores auto denominadas de solidárias em meio aos efeitos excludentes do capitalismo e das reformas do Estado, instiga questionamentos sobre sua orientação alternativa ao individualismo liberal e ao socialismo centralizado. Essas iniciativas econômicas representam uma opção importante para todos os segmentos de baixa renda, atingidos pelo quadro de desocupação estrutural e pelo empobrecimento. As mesmas, de reação à perda do trabalho e às condições extremas de subalternidade, estão convertendo-se em um mecanismo gerador de trabalho e renda. Segundo Singer, economia solidária surge como modo de produção e distribuição alternativo ao capitalismo, criado e recriado periodicamente pelos que se encontram marginalizados do mercado de trabalho (...) uma criação em processo contínuo contra o capitalismo.
METODOLOGIA:
Tendo por objetivos caracterizar as relações de trabalho, modelo de gestão e distribuição de poder nas práticas dos empreendimentos econômicos solidários e identificar os fundamentos explicativos dos mesmos nas suas atividades produtivas (objetivos, ações e procedimentos), foram realizadas, nos dias 10,11 e 12 de dezembro de 2004, no II Festival de Economia Popular e Solidária de Pernambuco, entrevistas semi-estruturadas que visaram à obtenção de dados mais precisos sobre este fenômeno. O evento contou com a participação de 49 empreendimentos que expuseram seus produtos, como também com diversas entidades que atuam no fomento a Economia Solidária.
RESULTADOS:
Dentre as organizações entrevistadas, 34,7% desenvolvem atividades de produção e comercialização e 26,5% apenas produção. De acordo com os dados obtidos detectamos que 24,5% dos empreendimentos entrevistados surgiram da necessidade de aumentar a renda dos integrantes, já que 51% destes encontravam-se desempregados e 30,6% executavam atividades informais; observou-se que 51% dos empreendimentos têm como objetivo garantir trabalho aos excluídos do mercado. Atestando que entre os integrantes desses empreendimentos a Economia Solidária, em suas diversas expressões comparecem como alternativa ao desemprego. Dentre os empreendimentos avaliados, 46,9% não possuem registro. Em 53,1% dos empreendimentos todos os cooperados investem com mão-de-obra, capital, ferramentas e equipamentos, e em 61,2 % dessas iniciativas econômicas as decisões são tomadas através de reuniões realizadas sempre que necessário.
CONCLUSÕES:
Portanto, boa parte dos empreendimentos avaliados atua na área de produção, dispõe de uma estrutura jurídica informal e contam com a cooperação mútua de todos os associados – que contribuem com mão-de-obra, capital, ferramentas e equipamentos – nas atividades realizadas. Observou-se os empreendimentos solidários como manifestações econômicas que tentam suprir o problema da exclusão social e da crise do trabalho. Apesar da informalidade estes empreendimentos possuem características essenciais da Economia Solidária, como cooperação, igualdade e solidariedade. Segundo Gaiger, são audaciosas as formulações que afirmam a Economia Solidária como um novo modo de produção, não-capitalista, admitindo que o solidarismo mostra-se capaz de converte-se no elemento básico de uma nova racionalidade econômica. Para o autor a economia solidária é a germinação de uma nova forma de produção especifica, contraposta à forma típica do capitalismo e, no entanto, com ela devendo conviver. A partir deste conceito e com base nos dados obtidos, percebeu-se que grande parte dos empreendimentos não questiona o modo de produção capitalista, apenas consideram essas iniciativas econômicas como alternativa ao desemprego.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UFPE
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Trabalho; Desemprego; Economia Solidária.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005