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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica | ||
CUIDADO EM ENFERMAGEM A CRIANÇA QUE CONVIVE COM AIDS: UM ENCONTRO VIVIDO E DIALOGADO NA BUSCA DE UMA VIDA COM MELHOR QUALIDADE | ||
Cristiane Cardoso de Paula 1 (ccpaula@smail.ufsm.br) e Maria da Graça Oliveira Crossetti 2 | ||
(1. Depto. de enfermagem, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM; 2. Depto. de enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS) | ||
INTRODUÇÃO:
A criança que convive com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) experiencia diferentes condições existenciais, dentre estas a AIDS, que exige acompanhamento de saúde e internações hospitalares, tendo, portanto, o cenário do hospital como parte do seu mundo-vida; apresenta diferentes enfrentamentos em seu existir, incluindo as atitudes de preconceito e discriminação, a perda dos pais, necessidade de adesão ao tratamento anti-retroviral para seu estar-melhor, entre outras. Frente a este contexto, o Programa AIDS, educação e cidadania: uma proposta de promoção à saúde e à qualidade de vida, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS) desenvolve projetos de ensino, pesquisa e extensão a fim buscar uma vida com melhor qualidade para as pessoas que convivem com AIDS. Da vivência neste projetos emergiu a necessidade da pesquisa, desenvolvida para obtenção do título de Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/RS), que teve como objetivo compreender o significado do cuidado para a equipe de Enfermagem no estar-com a criança que convive com AIDS. |
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METODOLOGIA:
A pesquisa caracterizou-se como investigação qualitativa, com abordagem existencial fenomenológica; utilizou, como instrumento para coleta de informações, a entrevista semi-estruturada, compreendendo esta como possibilidade de encontro entre o pesquisador e, neste caso, o ser que cuida em Enfermagem, no vislumbrar do desvelamento do fenômeno do cuidado. A análise e interpretação das informações fundamentaram-se na hermenêutica, com as seguintes fases: leitura inicial, distanciamento, análise estrutural, identificação da metáfora e apropriação. O estudo se desenvolveu, após a aprovação do comitê de ética da instituição, em um hospital universitário, e teve, como informantes, a equipe de Enfermagem de uma unidade de internação pediátrica, totalizando oito cuidadores. Com relação aos aspectos éticos, foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual destacava-se ao informante que sua participação teria caráter voluntário, e que a mesma não interferiria em seu vínculo empregatício com a instituição, bem como que sua identidade seria preservada. |
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RESULTADOS:
A criança que convive com AIDS não se difere das outras crianças, uma vez que a doença faz parte do seu existir, mas seu mundo-vida não se restringe a isto; é concebida em sua singularidade. No conviver com uma doença que não tem cura, o cenário do hospital é integrante do seu mundo, o que não deve ser limitação ao vivenciar da infância, mas uma situação que revela a necessidade de ajuda para seu estar-melhor. Em suas relações, a criança apresenta uma maneira de ser por meio de sua expressividade, revelando-se, muitas vezes, como carente, agressiva, distante, ou ainda, com um olhar que desvela tristeza; assim essa expressividade pode ser compreendida como a forma que encontra de demonstrar sua necessidade do outro ou de pedir ajuda. É importante estar atento ao significado do que expresso pela criança, não somente pela fala e atitudes, mas pelo silêncio. Tem-se, ainda, que a família é presença indispensável, transcendendo laços sangüíneos pois nela a criança busca referência, proteção, segurança emocional, contudo a maioria dos familiares também são doentes, sendo que alguns se esmeram em cuidar de seus filhos e se esquecem de seu próprio cuidado, porém a adesão ao tratamento anti-retroviral é condição para o estar-melhor, juntamente com o respeito ao ser humano, independente da condição sorológica, e aos seus direitos como ser-no-mundo-com-o-outro. |
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CONCLUSÕES:
Acredita-se que o cuidado, como concretude do estar-com em atitude de ajuda, revela a autenticidade da relação entre os seres humanos. Esse cuidado pode ser compreendido como um ato de vida, que refere-se ao ser para além do fazer. Nesse sentido, tem-se o estar afeto ao outro, a sensibilidade, a solicitude, o zelo pela vida, a reciprocidade, a confiança na relação, a atitude de ajuda, como características do cuidado existencial genuíno, o que resulta em momentos compartilhados dos quais emerge o sentimento de gratificação. Compreende-se, assim, que o cuidado revela a autenticidade da relação entre os seres humanos, por meio do estar em presença, disponibilidade, diálogo, maternagem, compaixão e finitude. Sendo assim, a atitude de cuidado vai além da doença, pois envolve a solicitude e ética, preservando os direitos de cidadania e liberdade. |
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Instituição de fomento: Capes-CNPq | ||
Palavras-chave: cuidado da criança; cuidado de enfermagem; síndrome da imunodeficiência adquirida. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |