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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
PRÁTICAS PSICOEDUCATIVAS INTEGRADORAS: UM OLHAR CRÍTICO-CULTURAL DO PATHWORK DE EVA PIERRAKOS
Yuri de Nóbrega Sales 1 (yurisales@edu.unifor.br), Alexandre de Albuquerque Mourão 1 e Francisco Silva Cavalcante Junior 1
(1. Dep. de Psicologia, Universidade de Fortaleza. UNIFOR)
INTRODUÇÃO:
Diante de uma crise de sentido sem par na história da humanidade, característica dos tempos modernos, e com o intuito de reverter os processos de dessacralização da vida, um grupo de pessoas, insatisfeitas com a separação dos saberes científico e espiritual vem buscando, em diversos métodos terapêuticos disponíveis no ocidente, um caminho de profunda transformação pessoal e transpessoal, como possibilidade de uma experiência plena de suas vidas. Dentre estes métodos, que visam à integração das múltiplas dimensões do ser humano, na pesquisa “Práticas psicoeducativas integradoras: um olhar crítico-cultural”, desenvolvida pelo Laboratório de Psico(pato)logia Crítica-Cultural da Universidade de Fortaleza, doze foram selecionados por sua crescente expansão entre psicólogos e não psicólogos no Brasil, através da difusão de cursos em várias capitais brasileiras. A referida pesquisa tem por objetivo sintetizar os pressupostos teóricos e práticos que fundamentam os 12 métodos selecionados, visando compreender as suas gêneses e possíveis inter-relações com conhecimentos científicos e/ou místicos de tradições das culturas ocidental e oriental, descrevendo, biograficamente, os caminhos trilhados por cada um dos criadores das abordagens em estudo. Neste painel, apresentaremos o método Pathwork, composto por 258 palestras pronunciadas por uma entidade espiritual através da Vienense Eva Pierrakos, praticado há aproximadamente 32 anos no ocidente.
METODOLOGIA:
Segundo Glesne e Peshkin, os métodos de pesquisa que escolhemos dizem algo sobre o que consideramos ser um conhecimento de valor e da nossa perspectiva sobre a natureza da realidade. A pesquisa usa abordagens do tipo pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Utilizam-se pressupostos e técnicas da etnografia centrada na pessoa, sugerida por Wolcott, e da história de vida antropológica estudada por Langness e Frank, que permitem o enfoque de pesquisa reflexiva e a compreensão da história pessoal do criador do método em estudo, estabelecendo conexões entre a vida pessoal e as propostas terapêuticas dessa pessoa.
RESULTADOS:
Pathwork é composto por palestras pronunciadas por uma entidade espiritual através de Eva Pierrakos, sendo praticado há aproximadamente 32 anos no ocidente. Eva nasceu em Viena em 1915, filha de um novelista renomado, Jacob Wasserman. Em 1941, muda-se para os Estados Unidos devido à iminência da invasão nazista. Em 1952 passa a fazer escrita automática. Em 1971 casa-se com John Pierrakos, fundador da bioenergética e, juntos, fundam em 1972, o primeiro centro do Pathwork. Eva Pierrakos faleceu em 1979. O pathwork possui palestras relacionadas a diversos temas, que perpassam da existência de Deus e do mal até uma teoria da personalidade humana. O que sustenta todas as palestras é o objetivo básico do Pathwork: “uma jornada das regiões conhecidas para as desconhecidas da alma”. Os conteúdos do inconsciente representam uma grande ênfase do trabalho no Pathwork. Segundo o método, é preciso descobrir a parte desconhecida do ser humano para tornamo-nos, novamente, uma unicidade. Para alcançar seu objetivo, o Pathwork tem diversos modos de atuação: constituição de pequenos grupos de estudo sobre o método, grupos vivenciais, terapia individual, dentre outras. Além das palestras, podem ser utilizadas terapias que envolvem atividade corporal, meditações e terapia individual que se assemelha a uma psicoterapia breve focal. Apesar de grandes semelhanças com os métodos psicoterápicos, para tornar-se um facilitador do método Pathwork não é exigido uma formação universitária em Psicologia.
CONCLUSÕES:
Os resultados da pesquisa demonstraram que os autores dos métodos que desenvolveram terapias próprias foram contemporâneos da segunda guerra mundial, a exemplo de Eva Pierrakos e sofreram com a invasão nazista, o que leva-nos a inferir uma possibilidade de vinculação dos seus trabalhos com traumas do contexto vivido. A criadora do Pathwork cresceu em uma família em condições econômicas favorecidas. Ela relatou em documentos analisados, ser descendente de família com problemas estruturais, leia-se separação dos pais ainda na infância. A diversidade de credos e religiões foram observadas, apontando para a existência de influências religiosas posteriores. A constituição integrativa do Pathwork, que visa a integração das múltiplas dimensões do ser humano como possibilidade terapêutica, revela claramente a necessidade do homem ocidental de buscar caminhos alternativos para o tratamento de suas problemáticas psicológicas. A presente pesquisa ressalta, contudo, uma lacuna existente com a carência de estudos acerca destas temáticas no meio científico, e especificamente nas universidades. Por outro lado, a procura por essas formas de terapia apresenta um índice crescente na sociedade ocidental. O método estudado vem sendo difundido através de grupos de estudo sobre o Pathwork, grupos vivenciais, terapia individual, dentre outras formas de treinamento promovidas pela Pathwork Foundation em várias partes do Brasil.
Palavras-chave:  Terapia; Crítico-cultural; Integração.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005