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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
LICENCIATURA EM FÍSICA E VOCAÇÃO PARA A DOCÊNCIA: UMA CONVERSA COM GRADUANDOS
José Ricardo da Silva Alencar 1 (jrsalencar@ig.com.br) e Mônica Florice Albuquerque Alencar 2
(1. Núcleo Pedag. Ap. Desenvolvimento Cientifico, Univ. Federal do Pará - NPADC/UFPA; 2. Universidade Federal do Pará - UFPA)
INTRODUÇÃO:
O foco da discussão remete para o conhecimento das razões da escolha de Licenciatura em Física para carreira profissional, bem como quais os fatores, pessoas e conjuntura institucional que influenciaram positiva ou negativamente o acadêmico durante sua formação profissional.
Conhecer a opinião dos acadêmicos concluintes de 2004 em relação à carreira constitui o objeto de estudo da pesquisa em questão, bem como conhecer as razões que os levaram a optar pela docência e suas perspectivas quanto ao Curso.
Esta se justifica considerando sua contribuição enquanto parâmetro para outros cursos de Licenciatura em Física de outras universidades brasileiras, e ainda na medida em que certamente contribuirá para a reflexão dos futuros professores de Física sobre a sua vocação e daqueles que tenham a pretensão de escolher a docência como opção profissional, o que sem dúvida fortalecerá a educação como profissão no Estado do Pará e, quiçá, no Brasil.
METODOLOGIA:
O estudo em questão é exploratório descritivo, numa abordagem qualitativa.
Participaram da pesquisa alunos concluintes do curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal do Pará/UFPA, do ano de 2004, os quais se encontravam cursando as disciplinas Metodologia Específica do Ensino de Física e Prática de Ensino de Física, ou seja, discentes em condições de constituírem o universo e a amostra do estudo. O local em que a pesquisa fora ambientada foi o Campus I da referida Instituição, sito à Avenida Perimetral, nº 1, na cidade de Belém/PA, em razão de ser aí que se encontra instalado o Colegiado.
Neste sentido, a amostra é do tipo intencional, sendo constituída por discentes concluintes do Curso supracitado, que concordaram em participar do estudo, num total de 15 discentes.
Utilizamos questionário, com nove questões abertas, sendo apenas uma fechada, de forma a possibilitar aos sujeitos participantes expressarem suas opiniões segundo os aspectos considerados pertinentes ao estudo.
RESULTADOS:
A maioria manifestou afinidade/interesse pela disciplina Física e também o gostar de explicar, lecionar para outras pessoas, sentimento despertado durante o Ensino Médio. Estes alunos justificaram sua opção pelo Curso devido ao interesse pelo estudo de fenômenos naturais, no intuito de compreender a natureza e suas propriedades; por acreditarem que como professores e educadores podem contribuir para o desenvolvimento do país; por terem sido influenciados em alguma medida pelos professores do Ensino Médio, positiva ou negativamente; à carência no mercado de trabalho; e à grande empregabilidade.
Constatamos que alguns dos sujeitos da pesquisa gostariam de ser pesquisadores, ou em Física ou em alguma aplicação desta ciência, não enxergando na Licenciatura possibilidade para tal.
Um número significante de alunos afirma que a profissão de professor é bastante desvalorizada perante a sociedade. Apesar deste fato, se lhes fosse dada a oportunidade de mudança de Curso, mais da metade afirmou que não mudaria; considerariam a hipótese somente se se tratasse de outro Curso intimamente relacionado com a Física, ou se aquele oferecesse status social.
Praticamente todos se mostraram insatisfeitos com sua formação, no que diz respeito a preparação para docência, inferindo: desarticulação entre as disciplinas pedagógicas e as específicas da Física; metodologia inadequada quanto às disciplinas cursadas; o objetivo do curso, nitidamente voltado para a formação de bacharéis.
CONCLUSÕES:
Embora muitos alunos tenham expressado uma aproximação pela disciplina Física, é interessante notar que este fato não implica necessariamente na descoberta de vocação para a docência, mas para o estudo da Física em si. Estes têm como incentivo à escolha pelo Curso a suposta empregabilidade docente, e, embora tenham consciência da desvalorização sócio-econômica da profissão, assumem-na, acreditando na contribuição desta para o desenvolvimento do país.
Os alunos, em sua maioria, revelam grande descontentamento com a formação oferecida no Curso, fundamentalmente voltada para a formação de bacharéis, únicos capacitados para a pesquisa, na visão daqueles. Além disso, a desarticulação entre as disciplinas pedagógicas e as específicas do Curso tornam aquelas enfadonhas e sem sentido e estas, “matematizadas” e abstratas. É preciso reelaborar o currículo e, se possível, desvinculá-lo da formação centrada em Física teórica ou experimental, implementando uma política concreta de desenvolvimento profissional de professores-pesquisadores em Física. Deve-se levar em conta a epistemologia da prática, procurando fazer com que o docente em formação, desde o início, tenha contato com a futura profissão.
As Instituições Formadoras, ao terem o objetivo de formarem os futuros docentes, devem ponderar sobre as opiniões e questionamentos de sua clientela, uma vez que o desenvolvimento profissional está intrinsecamente relacionado com as realizações pessoais.
Palavras-chave:  vocação à docência; estrutura curricular da licenciatura; professor-pesquisador.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005