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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A FORMAÇÃO DO EDUCADOR EM PROCESSO: AS RELAÇÕES ENTRE O CURSO DE PEDAGOGIA E A ESCOLA.
Adriana e Silva Sousa 1 (adrianaess@ig.com.br), Aline Castelo Branco Brasil 1 e Maria Luisa de Aguiar Amorim 1
(1. Centro de Educação, Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
A presente investigação tem como eixo a formação do educador, focalizando num grupo de alunos-professores sua percepção sobre o processo pedagógico ao que se submetem. Tomamos como referência alunos do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará em atividade no Centro Municipal de Educação e Saúde - Projeto Nascente; fruto de um convênio entre a Universidade e a Prefeitura de Fortaleza, funciona como uma escola de aplicação teórico - prática para os alunos de Pedagogia e das licenciaturas. Localizada no próprio Campus, a escola aparece como rica área para a análise da formação do educador. Nesta realidade, traçamos os seguintes objetivos: identificar as linhas teóricas que orientam a ação pedagógica dos alunos-professores em suas práticas; identificar as contribuições dos elementos da prática, da experiência e da vivência na formação do educador; refletir sobre a importância do curso de Pedagogia como elemento da formação teórica; e desvendar as principais contribuições, falhas e vazios do curso a partir dos sujeitos a quem se destina.
METODOLOGIA:
Em termos metodológicos, realizamos uma pesquisa qualitativa nas dimensões teórico-prática. Inicialmente, resgatamos estudos de autores brasileiros sobre o tema, abordando as tendências pedagógicas mais influentes no país e construímos um referencial teórico. Na investigação empírica, estudamos os documentos da escola (Projeto Nascente) e, ao mesmo tempo, realizamos observações dentro e fora da sala de aula, focalizando o papel do professor, as dificuldades encontradas e a relação Universidade-escola. Entrevistamos 50% dos sujeitos que ali atuavam em concomitância aos estudos que realizavam no curso de Pedagogia. Após decodificar as entrevistas, analisamos os dados conforme foram estruturadas as perguntas e os interpretamos segundo o referencial construído. O processo incluiu mais de um ano e meio de estudos, de abril de 2003 a dezembro de 2004, sem esquecer que estávamos motivadas também pela experiência própria vivida antes como alunos-professores, por mais de um ano.
RESULTADOS:
Entre os resultados, identificamos os autores que permeiam a formação do educador, as linhas teóricas que a orientam e as disciplinas mais influentes na prática pedagógica; as vivências que mais contribuem; as dificuldades da docência e o que fazer diante delas; as condições materiais de trabalho; as condições econômicas do aluno-professor; a relação teoria-prática do curso de Pedagogia com o Projeto Nascente e a comunidade onde se insere; pontos fracos, qualidades e vazios do curso; e a compreensão do compromisso político do educador. Por fim, a socialização dos resultados no momento em que se discute local e nacionalmente a reformulação do currículo de Pedagogia.
CONCLUSÕES:
Entre as conclusões, apontamos para influência de autores como Paulo Freire, referência quase unânime na Educação de Jovens e Adultos, a presença marcante do construtivismo através de autores como Piaget, Vygotsky, Emília Ferreiro e Ana Teberosky, guiando a ação dos professores de Educação Infantil num difícil processo de assimilação, além de contribuição significativa de disciplinas do currículo como Didática, Prática do Ensino e outras de cunho psicológico. Constatamos a importância da vivência na formação do educador através dos exemplos dos pais e professores, do envolvimento com grupos religiosos e dos movimentos estudantis. Observamos a pobreza material da escola impondo o tradicionalismo pedagógico. Sobre o curso, destacamos a fragilidade e superficialidade na abordagem dos conteúdos; a separação, muito sentida, entre as disciplinas de cunho mais prático e as ditas mais teóricas e a inadequação dos conteúdos à realidade educacional das escolas públicas. E, ainda, apontamos o contraste entre mundos diferentes num mesmo espaço territorial, próximos fisicamente e socialmente distantes; história e saberes diferentes que se aproximam e se articulam apesar das dificuldades; diferentes trajetórias sociais materializadas na pobreza da comunidade frente à relativa riqueza da universidade; o confronto entre o saber popular e o erudito faz com que este último se redimensione, colocando-se ao seu serviço.
Palavras-chave:  Educação; Formação Humana; Formação do Educador.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005