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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 1. Antropologia da Religião | ||
DISPUTA NO MERCADO RELIGIOSO MARANHENSE: MIGRAÇÃO RELIGIOSA ENTRE ADEPTOS DE RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E PENTECOSTAIS | ||
Paulo Jeferson Pilar Araújo 1 (j_pilar@hotmail.com) e Mundicarmo Maria Rocha Ferretti 2 | ||
(1. Depto. de Letras, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA; 2. Depto. de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA) | ||
INTRODUÇÃO:
O fenômeno religioso denominado aqui migração religiosa refere-se ao abandono de uma primeira alternativa religiosa por outra por parte de seus adeptos em busca de melhoras nas suas vidas. As igrejas pentecostais e as diversas religiões afro-brasileiras no Brasil têm se mostrado como ótimos exemplos desse fenômeno, apesar de seus aparentes antagonismos (FRY & HOWE, 1975). Justifica-se um maior detalhamento sobre este fenômeno nestas duas religiões aqui mencionadas por serem alternativas religiosas populares nas quais mais se observa tal fluxo de adeptos, tanto que se pensa ser comum a migração religiosa apenas de pessoas das religiões afro-brasileiras para as pentecostais. Este trabalho buscou questionar isto ao apontar casos também de ex-pentecostais iniciados em alguma religião afro-brasileira, mostrando que a dinâmica do campo religioso brasileiro é bem mais complexa. |
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METODOLOGIA:
A partir de observações em visitas a templos evangélicos pentecostais principalmente Assembléia de Deus, Deus é Amor, Igreja Universal do Reino de Deus, e terreiros de culto afro-brasileiro como Tambor de Mina, Terecô e Umbanda nas cidades de São Luís - MA e Codó - MA, ambas por terem uma forte “tradição” afro-brasileira e por ter havido também nos últimos anos uma explosão de denominações pentecostais nessas duas cidades (FERRETTI, 2001), utilizamos entrevistas abertas com líderes religiosos e fiéis das duas denominações, buscando identificar os fatores que possivelmente condicionam a migração de adeptos nessas duas religiões. De início, utilizamos o método de história de vida de alguns “migrantes religiosos”. Selecionamos oito casos considerados significativos: quatro de evangélicos iniciados em religiões afro-brasileiras e quatro de ex-praticantes de afro-brasileiras convertidos em igrejas evangélicas. Com base também na literatura específica como revistas e artigos sobre religião (FERRETTI, 2001, PRANDI, 1996; SIQUEIRA, ALMEIDA & MONTERO, 2004) tentamos configurar o fenômeno de migração religiosa a partir de nossa pesquisa de campo que durou dois anos como iniciação científica. |
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RESULTADOS:
Dos oito casos selecionados, dos quais, metade em São Luís e metade em Codó, sendo que, para cada cidade, selecionamos dois casos de migração religiosa das pentecostais para a umbanda e dois da umbanda para alguma igreja evangélica. A partir das entrevistas e da história de vida de cada migrante, comparamos os fatores apontados de cada um e as situações particulares para que houvesse a migração religiosa. Em relação às duas cidades, o dado mais importante que pudemos observa foi que em São Luís, capital do Estado, a permanência nas duas religiões não foi tão longa como em Codó, interior do Estado. Os migrantes passaram em média três anos na religião antiga e a mudança para a outra se deu na maioria dos casos de forma lenta. Dos oito casos selecionados, depois de um ano da primeira entrevista, dois retornaram para a primeira religião, ambos em Codó. |
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CONCLUSÕES:
Os fatores apontados pelos próprios atores sociais foram todos de âmbito pessoal, mas todos tinham em comum a busca de solução para suas aflições (PRANDI, 1996) que na maioria dos casos eram mais relacionadas à saúde, depois a questões financeiras, logo então amorosas e familiares. Diante da aparente maioria dos casos ser de migração de adeptos das afro-brasileiras para as igrejas evangélicas, principalmente pentecostais, observou-se que o fluxo de migração de adeptos entre evangélicas e afro-brasileiras, em se falando do fenômeno qualitativamente, é praticamente igual: também há umbandistas, terecozeiros, e outros que já foram evangélicos e agora fizeram cabeça (iniciados) e são devotos de algum orixá ou outra entidade. Neste caso, os ex-evangélicos nas religiões afro-brasileiras só não são vistos como os evangélicos ex-praticantes ou simpatizantes de cultos afro-brasileiros, ou seja, estão mais em evidência. Isto devido ao proselitismo avassalador dos evangélicos em detrimento aos estigmas sofridos pelas religiões afro-brasileiras no Brasil (MARIANO, 1999; FONSECA, 2001). Conhecendo-se melhor a dinâmica do campo religioso brasileiro e a porosidade entre essas duas religiões que se mostram como inimigas, pensamos modificar outro estigma das religiões afro-brasileiras no brasil: a de que só macumbeiro vira crente. |
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Instituição de fomento: Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão - FAPEMA | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Migração Religiosa; Religiões Afro-brasileiras; Pentecostais. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |