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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural | ||
O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NAS ESCOLAS DE FORMAÇÃO EM ALTERNÂNCIA:NOVOS PROCESSOS? NOVAS PRÁTICAS? | ||
Juliana Santos da Conceição 1 (julianasantosc@yahoo.com.br), Cristiane Benjamim de Freitas 1, Gláucia Lima Maciel 1, Maria Angélica Alves da Silva 1 e Lourdes Helena da Silva 1 | ||
(1. Departamento de Educação, Universidade Federal de Viçosa - UFV) | ||
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa analisa as experiências de formação em alternância que têm sido implementadas, nos últimos anos, na Zona da Mata Mineira, através do movimento das Escolas Família Agrícola. Iniciadas no final da década de 60 elas vêm, paulatinamente, se afirmando na sociedade brasileira como experiência pedagógica inovadora na formação de jovens do meio rural. Inspiradas no modelo francês das Maisons Familiales Rurales, são experiências que têm, como princípio fundamental e norteador dos seus projetos educativos, a pedagogia da alternância (Silva, 2000). Tal princípio repousa sobre a combinação, no processo de formação do jovem agricultor, de períodos de vivência na escola e na propriedade rural. A ênfase na participação das famílias na condução do projeto educativo e na gestão da escola, assim como as perspectivas de desenvolvimento comunitário rural são os outros princípios que, articulados à alternância, sustentam o projeto pedagógico das experiências de formação em alternância. Neste contexto, o objetivo da pesquisa foi analisar, no âmbito das experiências em implantação nos municípios de Acaiaca, Araponga e Ervália, as especificidades dos processos de construção dos Projetos Político Pedagógico nas diferentes escolas. Especificamente, buscamos resgatar e descrever as trajetórias históricas destas experiências educativas, de maneira a identificar as características dos processos de participação das famílias e comunidades na elaboração dos Projetos Político Pedagógico. |
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METODOLOGIA:
Em termos metodológicos, optamos por uma pesquisa qualitativa, tendo em vista a natureza do nosso estudo e a perspectiva escolhida para análise. A novidade das experiências de alternância no meio rural brasileiro e a ausência de estudos e análises sobre este fenômeno educativo, levou-nos a favorecer um contexto de descoberta. Assumir esta concepção metodológica, significou adotar procedimentos técnicos que nos possibilitassem apreender o fenômeno de estudo em suas múltiplas dimensões. Neste sentido, recorremos à técnica de triangulação de dados de Triviños (1987) que, conjugando três dimensões analíticas, permitiu a utilização de várias fontes de informações: processos e produtos centrados nos atores sociais; elementos produzidos pelo meio dos atores; processos e produtos originados pela estrutura sócio-econômica, cultural e política dos atores. Os processos e produtos centrados nos atores foram obtidos através de entrevistas com os sujeitos envolvidos no processo histórico das EFA’s. Buscamos identificar, neste momento, a natureza e as especificidades dos processos de implantação das EFA’s e de construção dos seus Projetos Político Pedagógico.Os elementos produzidos pelo meio dos atores sociais foram extraídos de fontes documentais, tais como: atas de fundação e de assembléias ordinárias e extraordinárias; estatutos; relatórios; projetos. Buscamos, nesta fase, realizar a reconstituição dos processos históricos das diferentes escolas. |
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RESULTADOS:
No conjunto, a reconstituição e análise dos processos históricos de implantação das três Escolas Famílias Agrícola revelaram, em todas as experiências, a presença e o envolvimento das famílias dos agricultores, de lideranças comunitárias e entidades diversas de mobilização para criação da escola. Um outro elemento comum às três experiências é a presença dos ideais e valores disseminados pelas Comunidades Eclesiais de Base - CEB’s nas origens do envolvimento e motivação das famílias dos agricultores. Em linhas gerais, nossas analises evidenciam os limites e dificuldades vivenciadas pelas Associações das EFAs no envolvimento das famílias e comunidades para uma construção participativa e coletiva de seus Projetos Político Pedagógico. Todavia, identificamos, também, uma disposição para uma revisão destes processos e uma parceria em direção á dinâmicas e práticas participativas que favoreçam com que os Projetos Político Pedagógicos das EFAs sejam instrumentos efetivos para o desenvolvimento local. |
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CONCLUSÕES:
Concluímos assim, que a despeito das especificidades presentes em cada experiência, os processos de construção dos Projetos Político Pedagógico nas AEFA´s em implantação na Zona da Mata de Minas sofreram limitações de várias ordens, sobretudo em termos da participação efetiva das famílias e comunidades na definição das diretrizes dos Projetos Político Pedagógico. Consideramos, todavia, que muito destes limites e obstáculos encontrados no processo de construção coletiva dos P.P.P´s estão associados a uma mentalidade populista que, entre outros, atribui apenas aos dirigentes a responsabilidade na tomada de decisões, de que participar é muito mais fazer parte do que tomar parte, além da ausência de exercício da cidadania e de práticas democráticas em nossa sociedade.Cabe destacar, todavia, que a consciência destas limitações, por parte dos membros das Associações, favoreceu para a elaboração conjunta de um projeto de extensão, cujo objetivo é a construção de um Projeto Político Pedagógico alicerçado na participação efetiva das famílias, comunidades e entidades parceiras, orientadas pelo diálogo e troca de experiências e que não tenha um fim em si mesmo. |
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Instituição de fomento: FAPEMIG - Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Projeto Político Pedagógico; Pedagogia da Alternância; Práticas Educativas. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |