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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 6. Geoquímica
AVALIAÇÃO DA HIDROQUÍMICA E TEMPO DE RESIDÊNCIA NO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE - CE.
Francisco José da Silva Dias 1 (geofranzedias@yahoo.com.br), Rozane Valente Marins 2 e Luís Parente Maia 3
(1. Bolsista de IC CNPq/PIBIC-LABOMAR. UFC.; 2. Profa. Dra. Curso de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais-LABOMAR.UFC.; 3. Prof. Dr. Curso de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais-LABOMAR.UFC.)
INTRODUÇÃO:
O rio Jaguaribe (CE) que deságua no Atlântico Equatorial, situa-se em uma região caracterizada por praias arenosas com grandes campos de dunas que são movimentadas por ventos constantes. Em todo o seu curso, o rio percorre 633 Km, drenando uma área de 72.043 Km 2, possuindo uma grande rede de drenagem, do qual fazem parte os rios Banabuiú e Salgado. Inserido em uma região de clima semi-árido, apresenta uma pluviosidade média de 500 a 700 mm por ano, distribuída sazonalmente em períodos de seca e chuva. Sua disponibilidade hídrica superficial é de 1.937.060 hm3/ano, e a demanda hídrica total corresponde a 975.224 hm3/ano, sendo fortemente represado o que ocasiona condições estuarinas bem diferenciadas entre a estação seca e de chuvas. Este trabalho teve como principal objetivo à ampliação do levantamento hidroquímico do estuário do rio Jaguaribe que vem sendo realizado desde 2000 pelo Grupo de Biogeoquímica Costeira da UFC (Marins et al 2003; Marins & Dias, 2003), gerando com esses resultados números significativos para uso em modelos matemáticos, a fim de elucidar o funcionamento do estuário quanto à circulação de água, sujeita aos efeitos climáticos regionais e a elevada taxa de açudagem das águas desta bacia de drenagem.
METODOLOGIA:
O levantamento hidroquímico foi realizado in situ com o auxilio de sonda portátil modelo YSI 85, calibrada previamente com a solução de O2 probe solution cód. YSI 5906, que mediu parâmetros como, temperatura, salinidade, condutividade e o teor de oxigênio dissolvido, em mg/l, e percentual de saturação de oxigênio. O pH foi medido com um multivoltímetro ORION modelo 250 A, utilizando-se um eletrodo combinado de Ag/AgCl e calibrado com as soluções tampão de pH 7,0 e pH 10,01, marca ORION. A fim de se elucidar o funcionamento hidrológico do estuário do rio Jaguaribe, foi construída uma régua liminimétrica auto-suportada, fixada em um pilar que está inserido no canal de navegação do rio Jaguaribe, com uma profundidade de 4 m, na ponte de Aracati (Br-116). As medidas de variação da coluna d’água, foram realizadas para quatro campanhas amostrais, em um período de 12 horas (espaçamento médio de 30 minutos de uma observação à outra) em paralelo às medidas hidroquímicas.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos no ano de 2004, quando a ocorrência do período chuvoso aconteceu de forma irregular, para a salinidade e a temperatura das águas do rio Jaguaribe, foram de 0,1 a 12,50%o e 27,3 a 31,0 oC, respectivamente, demonstrando, para o período avaliado, uma forte dependência da sazonalidade climática que predomina na região em estudo, onde meses de grandes deflúvios apresentam salinidades baixas associadas a temperaturas elevadas da água. Em meses de pouca ou nenhuma precipitação, observou-se a entrada de águas marinha rio acima, extendendo a zona estuarina até a região de Aracati, associada à queda da temperatura da água. Os valores de pH variaram entre 6,72 a 8,50 ao longo do ano de 2004, onde a pouca variabilidade nos valores de pH observada para o mês de fevereiro em relação ao pH de águas naturais que varia entre 6 e 8, foi provavelmente devido a um balanço hídrico positivo para o período. Para o restante das campanhas foi observada uma tendência crescente dos valores de pH, provavelmente devido balanço hídrico negativo e/ou a uma maior influência de águas marinhas, que possuem entre 7,5 e 8,4. Os níveis de oxigênio dissolvido variaram de 3,63 a 9,50 mg/L, quando o percentual de saturação alcançou 64,5 % ao longo do ano de 2004. Observou-se que em períodos de grandes deflúvios, a cada metro que o rio sobe, tem-se um acréscimo de 35% no volume de água.
CONCLUSÕES:
Considerando a sazonalidade climática da região, e um ano em que a ocorrência do período chuvoso aconteceu de forma irregular e intensa, observou-se que a salinidade e a temperatura das águas do rio Jaguaribe, para o período avaliado mostraram uma forte dependência da sazonalidade climática que predomina na região em estudo, onde meses de grandes deflúvios apresentam salinidades baixas associadas a temperaturas elevadas da água. Houve pouca variabilidade dos valores de pH no período de chuva enquanto que no período de seca observou-se aumento dos valores de pH. Os níveis de oxigênio dissolvido, na campanha realizada em fevereiro apresentaram em geral valores inferiores aos observados para as demais campanhas, mostrando a predominância de águas fluviais que provavelmente dificultaram a penetração de luz na coluna d’água, prejudicando o metabolismo do ecossistema aquático e conseqüentemente diminuindo os níveis de oxigênio dissolvido na água, que são provavelmente incrementadas nas demais campanhas pela atividade fitoplanctônica. A renovação das águas do rio Jaguaribe durante o ano de 2004 aumentou inversamente com o deflúvio, sendo que em fevereiro as águas para a região estuarina eram renovadas a cada 12hs enquanto em setembro esta renovação ocorre em cerca de 13,7 dias, caracterizando o caráter retentor do estuário em épocas de seca regional, aumentando a importância do controle de fontes antrópicas para o estuário durante o período, que vem baixar a renovação dessas águas estuarinas por águas marinhas que predominam no sistema.
Instituição de fomento: CNPq/Instituto de Ciências do Mar-LABOMAR-UFC.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Estuário; Rio Jaguaribe; Hidrogeoquímica.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005