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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica
PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM LINFONODO - RELATO DE CASO
Maria do Rosário Sousa Flores 1, 3 (mari_bio5@hotmail.com), Natália Souza de Oliveira 2, Claudia Leal Macedo 1, 2, 3 e Edilson Ribeiro Alves Filho 3, 4
(1. Depto. de Ciências Naturais,Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB; 2. Colegiado de Nutrição,Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC; 3. MICRO-Serviço de anatomia patológica e citopatologia; 4. Depto. de Ciências da Saúde,Unioversidade Estadual de Santa Cruzc - UESC)
INTRODUÇÃO:
A paracoccidioidomicose é uma micose de evolução aguda, subaguda ou crônica que se transmite através da inalação de conídios infecciosos de Paracoccidioides brasiliensis, um fungo dimórfico que apresenta - se como levedura em brotamento no tecido infectado. Este dimorfismo é uma característica intrínseca de fungos patogênicos. A paracoccidioidomicose pode resultar tanto pela inalação dos conídios do fungo como pela reativação de algum foco preexistente. A infecção ocorre primariamente nos pulmões mas é frequentemente disseminada para outros órgãos. São comuns secundariamente, lesões ulcerativas em mucosas oral e nasal e em alguns órgãos gastrointestinais. É alta a freqüência da enfermidade no Brasil e na América do Sul e no México. No Brasil, as regiões mais afetadas são Centro e Sudeste sendo baixa a incidência nas regiões áridas e semi-áridas do Nordeste. Há registros de isolamento esporádicos do fungo no solo, o que torna pessoas dedicadas a atividade agrícola mais suscetíveis a contaminação pelo micélio do fungo. Relatamos o caso de um paciente de 53 anos,sexo masculino,procedente de Bom Jesus da Serra- Bahia, lavrador. Esse paciente apresentava história clínica de dores em região do abdome,perda de peso, sudorese noturna e adinamia acentuada. Não há relato de imunossupressão associada. Foi realizada biópsia de um linfonodo retirado da região inguinal direita e diagnosticado paracoccidioidomicose em linfonodo.
METODOLOGIA:
O diagnóstico da paracoccidioidomicose baseia-se na visualização e reconhecimento do agente de forma irrefutável, mucocutanea ou tegumentar, forma linfática ou ganglionar, forma visceral e formas mistas. No nosso relato foi realizado estudo histopatológico de linfonodo inguinal. O linfonodo foi fixado em formol a 10 % . Foi realizada a análise macroscópica e encaminhado para a análise microscópica. Para tal análise, o material foi seccionado longitudinalmente e passou pelo processo de desidratação (com álcool etílico), diafanização (retirada do álcool com xilol), impregnação e inclusão em parafina. O bloco formado foi cortado no micrótomo, em fatias de 4 a 6 micrômetros, sendo estendido, corado com hematoxilina e eosina e colocado nas lâminas para observação ao microscópio. Além da hemtoxilina e eosina, foi realizado coloração com grocott. Esta coloração serve para identificar estruturas fungicas nos tecidos analisados. Para tal coloração foram utilizados solução de ácido crômico a 5 %, solução de bissufeto de sódio a 1 %, solução estoque (5 ml de nitrato de prata a 5 % e 100 ml de urotropina a 3 %), solução de nitrato de prata, solução de cloreto de ouro, solução de hipossulfito de sódio a 2 % e solução de verde luz a 0,2 %.
RESULTADOS:
Foi diagnosticado paracoccidioidomicose em linfonodo. À macroscopia e rotulado como gânglio inguinal direito, observou-se um linfonodo medindo 2,5 x 1,0 x 0,5 cm. Aos cortes, notou-se tecido branco-acastanhado. À microscopia, as secções de linfonodo revelaram arquitetura mantida, vendo- se áreas de discreta histiocitose,chamando a atenção, porém em algumas áreas focais, presença de granulomas constituídos por células epitelióides e células gigantes multinucleadas centradas por elementos birrefringentes e faixas de tecido fibroso. A coloração pelo grocott revelou-se positiva em área focal. Onde observou-se elementos fungicos representados por Paracoccidioides brasilienses. Histologicamente, o fungo caracteriza-se por células esféricas ou ovais de tamanhos variáveis, com paredes grossas, dupla membrana, com múltiplos brotos ligados por bases estreitas à célula – mãe. Paracoccidioides brasilienses apresenta grande variedade mofológica podendo apresentar-se como células isoladas, calciformes, com um brotamento ou com muitos brotos e células catenuladas. No entanto, células leveduriformes, de parede birrefringente, com três ou mais brotamentos, que se ligam à célula-mãe por base estreita são características morfológicas do P. brasiliensis , denominadas como estruturas em roda de leme.
CONCLUSÕES:
A paracoccidioidomicose em linfonodo da região inguinal é um caso extremamente raro dado pela sua localização,visto que ocorre comumente nos pulmões e nas mucosas oral e nasal. A idade mais acometida é frequentemente entre 30 e 50 anos e o sexo masculino correspode a 90% dos casos. A freqüência é maior em trabalhadores rurais ocasionada pelo fato da forma de micélio do fungo existir em vários tipos de meios inclusive em solos inférteis dependendo principalmente da temperatura do ambiente (cerca de 230C). A grande freqüência de lesões da mucosa oral é associada ao hábito da quase totalidade dos pacientes de levar talos de capim à boca e de palitar dentes com gravetos. A localização da paracocciodioidomicose em linfonodo está associada à imunossupressão. Em pacientes imunossuprimidos a disseminação do fungo é facilitada pela imunodeficiência,tornando comum lesões ganglionares causadas pelo fungo. A paracoccidioidomicose associada a imunossupressão ocorre circunstancialmente em pacientes infectados pelo HIV, assim como em pacientes submetidos à quimioterapia, à terapia imunossupressora e aqueles com linfoma-leucemia. A paracoccidioidomicose pode ser diagnosticada diferencialmente como linfoma ou tuberculose. No caso em relato, não observa - se imunossupressão.
Palavras-chave:  Paracoccidioidomicose; Linfonodo; Micose.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005