|
||
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 4. Recursos Pesqueiros Marinhos | ||
A QUALIDADE DE ÁGUA DO ESTUÁRIO DO RIO BOTAFOGO, GOIANA-PE, NA FERTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS COSTEIRAS ADJACENTES | ||
Wanessa de Melo Costa 1 (wanessademelo@hotmail.com), Weruska de Melo Costa-Lima 1, Antônio Marcos Guedes Alcoforado 1, Ana Paula Oliveira Lucas 1 e William Severi 1 | ||
(1. Departamento de Pesca e Aqüicultura , Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE) | ||
INTRODUÇÃO:
Os ecossistemas estuarinos são ambientes caracterizados por apresentarem elevadas concentrações de nutrientes, alta produção primária e grande quantidade de detritos orgânicos, o que os torna ambientes extremamente férteis. O rio Botafogo, no litoral norte de Pernambuco, possui uma das áreas estuarinas mais produtivas. Esta região sofre uma grande influência do Canal de Santa Cruz, de forma que a produção da carcinicultura deste local deve estar diretamente associada às características hidrológicas deste estuário. Com o avanço dos processos de ocupação indiscriminada e degradação ambiental, os complexos estuarinos são afetados e podem ter sua produtividade limitada, biológica ou economicamente. Segundo Ong (1995), MacIntosh (1996) e McKinnon et al. (2002), um dos principais fatores que está ocasionando a perda e a degradação do ecossistema de manguezal é a aqüicultura. Esta atividade possui em seus efluentes uma provável fonte de poluição para ecossistemas marinhos (Samocha & Lawrence, 1997; Hargreaves, 1998; Jones et al., 2001). Estudos ambientais realizados sobre o efeito da carcinicultura ainda são limitados e focados, principalmente, na qualidade da água (Jones, 2001). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de água que sai do estuário em direção ao Canal de Santa Cruz, a fim de comprovar uma possível condição eutrófica. |
||
METODOLOGIA:
Amostras hidrológicas foram coletadas mensalmente, entre abril de 2003 e março de 2004, em três estações de amostragem, nos horários diurno e noturno, em marés vazantes no período de lua crescente. As coletas foram realizadas em dois níveis da coluna d’água: superfície e fundo. O material coletado foi acondicionado em frascos de PVC e imediatamente colocados em isopor com gelo (resfriados). Foram analisados os seguintes parâmetros da água: temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, nutrientes inorgânicos dissolvidos (amônia, nitrito, nitrato, ortofosfato), fósforo e fosfato totais e clorofila-a. Em todas as ocasiões de amostragem, foram feitas medições da profundidade local. Foram empregados os seguintes métodos de análise: clorofila-a - Nusch (1998); amônia – Koroleff (1976); ortofosfato e fósforo total – APHA (1995); turbidez - turbidímetro portátil ORBECO – HELLIGE modelo 966; sólidos totais suspensos, frações orgânica e inorgânica, pelo método gravimétrico – APHA (1995). As variáveis temperatura, pH, salinidade e concentração de oxigênio dissolvido foram determinadas a cada metro de profundidade ao longo da coluna d’água em cada estação, desde a superfície até o fundo, através de um analisador multi-parâmetro YSI, modelo 556. |
||
RESULTADOS:
Os resultados obtidos demonstram que nas marés vazantes ocorre uma maior homogeneidade na coluna d´água. Dentre os compostos nitrogenados estudados, a amônia foi aquela que apresentou as maiores medianas, provavelmente devido à enorme carga de poluentes que, historicamente, é lançada neste rio desde a montante das estações de coleta. Apenas o nitrato apresentou diferença estatística entre as diferentes profundidades, talvez devido à presença da cunha salina e à maior quantidade de oxigênio na superfície, desta forma favorecendo a nitrificação do nitrito a nitrato, e de certa forma, por este trecho do rio sofrer influência do Canal de Santa Cruz. Dentre as estações do rio Botafogo, nota-se uma clara redução dos valores de mediana dos compostos fosfatados, a partir da estação mais interna para a mais externa. Isto pode estar relacionado, a exemplo dos nutrientes nitrogenados, com a poluição sofrida por este rio a montante destas estações. O ortofosfato apresentou amplitude maior dos valores detectados, o que pode ter relação, dentre outras coisas, com as mudanças sofridas nas condições físico-químicas do meio (especialmente da interface água-sedimento), que controlam a liberação ou retenção deste elemento para a coluna d’água. |
||
CONCLUSÕES:
A constatação de que os valores de nutrientes e clorofila-a foram mais elevados na superfície que no fundo, por ocasião das marés vazantes, somado ao fato da salinidade na superfície ter sido inferior à do fundo, demonstra, claramente, que a água do estuário, menos densa, é, sem dúvida, mais eutrófica que a água de característica marinha e que o estuário do rio Botafogo fertiliza efetivamente as regiões litorâneas locais, desta forma influenciando na produção primária local e, como conseqüência, toda a cadeia alimentar do complexo estuarino. |
||
Instituição de fomento: Projeto RECOS – Instituto do Milênio/MCT-CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: qualidade de água; estuário; rio Botafogo. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |