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G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura | ||
MODERNIDADE, IMPRENSA PERIÓDICA E DISCURSOS DOS INTELECTUAIS CURRAISNOVENSES SOBRE A EDUCAÇÃO (1925-1932) | ||
Edilma da Silva Cortez 1 (edilmacortez@hotmail.com) e Eva Cristini Arruda Câmara Barros 1 | ||
(1. Depto. de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
O trabalho resulta de algumas atividades desenvolvidas pelo Projeto de Pesquisa Currais Novos e os Ideais Progressistas dos Galvanopolitanos (1920-1930), da Base de Pesquisa Cultura e Educação no Seridó Norte-rio-grandense, vinculada ao Departamento de Ciências Sociais e Humanas da UFRN. Privilegia como objeto de estudo o discurso da Modernidade produzido por um grupo de intelectuais curraisnovenses que colocou em circulação a Revista Literária Ninho das Letras, editada de 15/11/1925 a 1º/01/1927, e os jornais O Porvir, publicado de 02/05/1926 a 20/01/1929, e O Galvanópolis, que circulou de 30/03/1931 a 15/11/1932. Parte da concepção de que os impressos constituem-se em dispositivos discursivos permeados de significações que revelam como um grupo de sujeitos deve ser visto e dá a ler uma sociedade. Orientou-se no sentido de permitir a investigação de como os autores desses impressos construíram representações e instituíram práticas culturais, mediante a elaboração de um discurso no qual se imbuíram da capacidade de pensar um projeto de Modernidade e efetivar mudanças nessa cidade, impregnando suas matérias pelo sentido do novo, do progresso, ainda que observada a existência de algumas contradições, enfocando, especialmente, o sentido que atribuíram ao papel da Educação na configuração desse novo cenário. |
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METODOLOGIA:
Ao longo de dois anos de estudos, o Projeto empreendeu um exame do fenômeno sociocultural definido como Modernidade em solo curraisnovense. Partindo do pressuposto de que a imprensa periódica constituiu-se em um dos principais instrumentos de veiculação de ideais e valores modernos aos quais os intelectuais curraisnovenses recorreram, procurou-se investigar o discurso dessa Modernidade, analisando e agrupando em eixos temáticos as matérias norteadas pelo sentido do novo, ainda que vinculadas ao poder instituído, mas presente em palavras de ordem como civilização, progresso, higiene, educação, urbanização, freqüentemente proferidas por esse grupo de intelectuais que imputou para si a condição de pioneiros desse movimento. |
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RESULTADOS:
O estudo revelou que várias questões foram priorizadas nos discursos dos intelectuais curraisnovenses, dentre as quais destacam-se as propostas de reordenamento do espaço físico da cidade por meio da urbanização e da instalação de novos ambientes sociais, bem como as reflexões sobre a função da educação naquele contexto social, qual seja, a de um instrumento de reconstrução social e estabilidade política. A cidade deveria contar uma história de progresso e desenvolvimento, constituindo-se o elemento mais poderoso na difícil tarefa de convencer a população da urgência na substituição dos antigos hábitos por outros, considerados mais civilizados. Havia, portanto, uma missão a cumprir pela cidade, uma missão civilizadora (RAMA,1985, p.41). Nessa perspectiva, a educação funcionaria como um mecanismo de homogeneização cultural, uma vez que possibilitaria a reconstrução das consciências, adaptando-as aos novos valores que se buscava instituir, os quais eram, desse modo, legitimados, ou seja, assumidos como verdades incontestáveis e necessárias ao bem comum. |
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CONCLUSÕES:
Verificou-se que esses intelectuais curraisnovenses elegeram, como instrumento para a divulgação de novos ideais e valores, a imprensa escrita, povoando os jornais e as revistas da época com artigos, relatos, críticas, sugestões, sempre norteados pela noção de modernidade. Essa orientação, no entanto, não eliminou a presença de contradições e tensões no cerne de suas falas, as quais podem ser indicadoras da complexidade do contexto sociocultural e político no qual o Brasil estava inserido naquele período. No que se refere à importância concedida à Educação no cenário da implantação da Modernidade em Currais Novos, a análise revela que a mesma era compreendida como indispensável para o processo de reconstrução social. Desse modo, caberia ao Estado, entendido como entidade neutra, autônoma e condutora da sociedade, o dever de fornecer uma educação laica, única e gratuita para todas as camadas sociais. Assim, a Educação assumiria a função de instrumento de homogeneização cultural, convertendo em cooperação solidária os conflitos gerados pelo embate entre as classes sociais. Como se vê, é o discurso da Escola Nova que se justapõe aos discursos dos intelectuais curraisnovenses acerca da Educação. |
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Instituição de fomento: CNPQ | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Modernidade; Intelectuais; Educação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |