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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 4. Economia Industrial
AS INDÚSTRIAS NA REGIÃO DA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA: UMA CARACTERIZAÇÃO
Thais Waideman Niquito 1 (twaideman@yahoo.com.br) e Tito Carlos Machado de Oliveira 1
(1. Depto. de Economia e Administração, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS)
INTRODUÇÃO:
O Centro de Estudos Fronteiriços (CEFRON), da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, vem estudando a realidade das fronteiras, tendo o estado de Mato Grosso do Sul como parâmetro. Esses estudos vêm sendo realizados para que se possa construir um painel mais seguro sobre a vida, a economia e a estrutura territorial da faixa de fronteira, uma vez que essas cidades têm sua lógica diferente das demais.
Na Fronteira, há complementaridades de toda ordem, o que a transforma em um subsistema aberto e não condicionado às amarras da burocracia estatal. As coisas que de fato ocorrem ali, assim o fazem porque foram movidos por necessidades e/ou por vontades que impedem do escopo legal.
Na fronteira, há uma heterogeneidade de fluxos que desrespeita e desafia os limites legais. A continuidade geográfica existente, tem-se como um ponto de integração e complementaridade econômica para as nações, ainda que seja vista como sinônimo de migração ilegal, contrabando e narcotráfico.
O presente trabalho trata mais especificamente da região do Pantanal, onde se localizam as cidades de Corumbá, Ladário, Puerto Soarez e Puerto Quijarro, que se encontram em estado de semi-conurbação. Estudamos o nível da complementaridade presente no setor industrial e, baseados nos princípios de Maillat, captamos os tipos de indústrias que se localizam naquela região: a presença ou ausência de territorialização e integração com o meio; e, se usam o meio apenas como instrumento de ampliação do capital.
METODOLOGIA:
O objetivo do presente trabalho é estudar a faixa de fronteira como um todo, buscando sua caracterização econômica e social. Foi feita a leitura de bibliografia pré-existente sobre o assunto, e seguindo a orientação de autores como Maillat (2000), House (1980), Oliveira (1998), Machado (1998), Crevoisier (1989), Mendez (1998), fizemos uma série de estudos sobre todos os municípios da região fronteiriça. Entretanto, para efeito de detalhar empiricamente escolhemos o município de Corumbá. Foram, preliminarmente, selecionadas algumas indústrias para entrevistas de primeiros contados. Mais tarde, foram aplicados questionários nas indústrias, por meio de amostragem estatística. Foram aplicados também alguns outros questionários com fornecedores, revendedores e consumidores como forma de depreender melhor o nosso objeto de estudo.
A tipologia aqui utilizada, está sendo baseada em Maillat (2000), visando de um lado a presença ou ausência de relações de troca intervindo na região, ou seja a territorialização, e de outro lado a presença ou ausência de integração da empresa com o meio. Assim sendo, têm-se quatro situações:
a)ausência de integração e de territorialização;
b)presença de territorialização, ausência de integração;
c)presença de integração com territorialização;
d)ausência de territorialização com presença de integração.
RESULTADOS:
A região de Corumbá possui muitos recursos naturais, tendo morrarias ricas em minério de ferro e manganês. Sob seu solo encontra-se também calcário dolomítico com alta precisão de argila, fatores que atraem para a região grandes indústrias, como são exemplos a MCR (Rio Tinto Brasil), Cimento Itaú, Ferro Ligas, entre outras.
Na região encontram-se também indústrias de médio porte, entre elas podemos citar os frigoríficos, presentes devido a alta atividade pecuária. Contudo o cenário mais comum são as micro e pequenas indústrias, como são exemplos: Olarias; Extração de areia; Confecção de roupas; Reparo e construção naval; Produção de alimentos; Moveleiro.
Seguindo a tipologia de Maillat (2000), caracterizamos as indústrias de Corumbá como possuindo ausência de territorialização com presença de integração (situação D), com exceção das mineradoras, pois nestas constatamos ausência de integração e de territorialização (situação A).
CONCLUSÕES:
Ao longo desta pesquisa pudemos observar que em grande parte dos setores industriais encontramos presença de integração, ou seja, estas são articuladas com os atores regionais, possuem redes de ligação com outros setores, contudo, mais em relação a vendas de seus produtos, do que a compras de suas matérias-primas. Estas vendas são feitas em grande parte dentro da própria cidade de Corumbá, por outro lado a integração com a Bolívia vem crescendo de forma considerável, em alguns setores, até 20% das vendas são realizadas para as cidades bolivianas de Puerto Soarez e Puerto Quijarro. Entretanto, as empresas costumam importar matérias-primas de outros Estados (São Paulo em primeiro lugar) e da capital do Estado de Mato Grosso do Sul.
Pudemos observar também na maioria dos setores industriais, ausência de territorialização, ou seja há pouco valor agregado nos produtos que saem daquela região, fato que se dá sobretudo porque as empresas são micro e pequenas e, seus proprietários, em grande parte são pessoas de baixo nível de escolaridade, fato que impossibilita ou dificulta o desenvolvimento.
Classificamos as mineradoras como tendo ausência de integração e de territorialização, uma vez que não travam relações com outras empresas nem com outros órgãos públicos e privados da cidade. Outro aspecto que se pode observar até o momento, é quase inexistência de relação desse setor com a Bolívia, país vizinho, não há uma interação, nem qualquer tipo de ligação.
Instituição de fomento: Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul - FUNDECT
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Integração; Territorialização; Fronteira.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005