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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE FATORES SÓCIO-CULTURAIS SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO
Tahissa Frota Cavalcante 1 (tahissa@ig.com.br), Fabrícia Maria Gomes Lacerda Linard 1, Nirla Gomes Guedes 1, Rafaella Pessoa Moreira 1 e Viviane Martins da Silva 1
(1. Depto. de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
O leite materno é o alimento ideal e deve ser exclusivo para criança até o sexto mês de vida. Ele atende a todas necessidades metabólicas e nutricionais, além de proporcionar ao bebê um momento de proximidade com a mãe. A amamentação ajuda a proteger as crianças contra diversas doenças, pois contém anticorpos e fatores antiinfecciosos. Apesar do leite materno ser tão importante para o bebê, a prática da amamentação vem sofrendo ao longo do tempo a influência de diversos fatores tanto sócio-econômicos quanto culturais que contribuem para o seu declínio. Um destes é a inserção das mulheres no mercado de trabalho. Desde a Revolução Industrial as mulheres ocuparam uma parte bastante expressiva da mão-de-obra nas grandes fábricas. Carga horária elevada e a ausência de leis que protegessem as mulheres fizeram com que o aleitamento materno, mesmo em recém-nascidos, fosse deixado de lado. A partir deste momento surge um mercado promissor: a indústria das fórmulas lácteas. Hoje, apesar de existir leis trabalhistas que protegem as mães de crianças em lactação, ainda é forte a presença deste e de outros fatores que interferem no aleitamento materno. Diante dos baixos índices de amamentação mostrados em vários estudos, procurou-se analisar a influência de fatores sócio-culturais sobre o aleitamento materno num grupo de mães de lactentes atendidas em uma Unidade Básica de Saúde da Família da cidade de Fortaleza-CE.
METODOLOGIA:
A pesquisa é de caráter descritivo e foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBASF) localizado na cidade de Fortaleza no Estado do Ceará. Os sujeitos foram escolhidos aleatoriamente a partir dos registros pré-natais das mães que tinham nove meses de gestação no mês de novembro de 2003. Optou-se pelo registro pré-natal para escolha das participantes, por ser o pré-natal, o programa mais efetivo da Unidade. O grupo participante do estudo foi de 30 mães que tinham filhos de zero a seis meses de idade nos meses de Abril e Maio de 2004, período da coleta de dados. Os dados foram coletados por meio de um roteiro de entrevista semi-estruturada com perguntas relacionadas aos dados sócio-econômicos e à prática da amamentação. Inicialmente, os pesquisadores apresentaram-se às mães explicando o objetivo da pesquisa e convidando-as a participar do estudo. Os dados foram analisados a partir de suas freqüências numéricas com base na literatura. Para a realização do estudo foram respeitados os aspectos éticos contidos na Resolução No 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
RESULTADOS:
Entre as participantes do estudo, 53,3% encontra-se na faixa etária que varia dos 18 aos 21 anos e apenas 3% encontra-se na faixa etária acima dos 30 anos. Sabe-se que a idade materna precoce leva ao desmame precoce. Outro fator de risco para o desmame precoce é a baixa escolaridade materna. Dentre as mães participantes do estudo, 10% se declararam como analfabetas e 3,3% concluíram o segundo grau. Em relação ao fator econômico, 13,3% da amostra recebem menos de um salário mínimo. Quanto à ocupação, a maioria das mães trabalha fora do lar e a maioria sem garantias trabalhistas. Em relação à prática da amamentação, 63,3% das mulheres não amamentam mais seus filhos. Problemas físicos decorrentes da prática incorreta da amamentação foram citados como um importante fator que influencia no abando da amamentação. No estudo apenas 20% das mulheres tiveram algum problema mamário. Quanto ao fator estético, apesar de 60% das mulheres terem respondido que não temiam nenhum problema estético, um percentual de 40% se sentia apreensiva por medo de flacidez mamária ou diminuição do volume mamário. Outro aspecto abordado no estudo foi à disposição física, no qual 33,4% das mulheres relataram ficar exaustas e não terem disposição para trabalhar no dia seguinte.
CONCLUSÕES:
Por meio deste estudo teve-se a oportunidade de conhecer um pouco da realidade sócio-econômica e cultural da comunidade estudada. Observou-se, também, que inúmeros fatores podem influenciar o desmame precoce. Alguns destes são o cansaço físico das mães que, muitas vezes, trabalham o dia inteiro e à noite tem que alimentar seus filhos, o medo de sofrerem com algum problema estético após o período de amamentação, mas o principal motivo encontrado para que o desmame precoce ocorra cada vez mais cedo é o trabalho da mãe fora do lar.
Palavras-chave:  Aleitamento materno; Fatores influenciadores; Enfermagem.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005